Capítulo Único

A Sakura despejava flores rosadas diante seu terreno. Pétalas afáveis em um outono bondoso. Ilusório seria pensar desta maneira. Fazia tanto frio. Frio em todas as partes. Meu coração então estava congelado pela dor recebida meses atrás. Era ilusório de todas as formas possíveis.

?Podíamos ser felizes sem precisar de objetos inúteis. Só nós dois. Em uma cafeteria vazia. Sorrindo por nada. Sorrindo por tudo. Suas palavras seriam direcionadas a mim como uma flecha amorosa. Pois tudo que vinha de ti era assim. Afável. Como pétalas de flores perfeitas. Ao seu lado eu seria apenas mais uma murcha flor. Sem amor, sem nada. Talvez tenha sido somente minha imaginação, ou talvez fosse real. Uma realidade entristecedora. Amar você não é mais o mesmo. Se torna mais forte a cada dia. Sentimento infinito. Dolorosamente infinito.?

Ilusório. Como sempre.

Eu havia sentido de todas as formas a dor que você me causou.

Lee MinHo. Um nome lindo, mas uma criatura tão monstruosa. Não sabia que faria todo esse estrago em minha consciência. Sentia-me preso á todo momento. Como se correntes me apertassem contra você. Sem minha permissão você veio e entrou na minha vida, causando um furacão na mesma. Você era tudo de ruim que alguém poderia desejar, mas eu continuava insistindo. Algo tão ruim que me causou tanto prazer que por dentro era recheado do mais puro ódio.

Odiava você. Odiava tanto que passei a amar.

Amar não por obrigação, mas sim por querer. E todo o ódio havia se guardado dentro de mim, pois sumir ele não havia. Nunca sumiu. Ele somente recuou. Recuou tanto que á algum tempo atrás eu nem tinha ideia de sua existência. Até você me acertar uma facada em cheio.

?Parece que você não aprende. Já faz quatro anos que nós acabamos com essa brincadeira infantil e você não esquece? Foi só uma aposta. Dormir com você ou me humilhar na frente do colégio todo. Claro que eu escolheria a opção mais fácil. Você.?

Fui fácil em amar-te.

E eu continuava aqui sentado em frente a sua porta esperando algumas horas para você sair para trabalhar e me encontrar aqui. Desnorteado pelas trovoadas que tanto me assustavam. Eu estava com medo. Medo dos barulhos incessantes e de você. Você me preocupava mais. O que faria se me visse aqui novamente? Mandaria-me embora aos chutes e falaria para nunca mais voltar? Seria inútil. Eu voltaria novamente. Para que eu pudesse lhe dizer que perdoo. Perdoo todos os seus erros, seus xingamentos e suas traições incessantes.

Mas eu nunca me perdoo. Não me perdoo por ter sido um completo idiota e ter encontrado em você tudo o que mais precisava. Por ter acreditado nas suas mentiras fajutas e nos seus toques que me pareciam tão confiáveis. Na verdade, eu não preciso de perdão. Mas, você sim.

?Taemminie!~ Eu te amo. Quero que nunca se esqueça disso. Ok??

Amou tanto que sua única escolha fora acabar com o resto de sanidade que havia em mim. Seu amor era como um caco de vidro. Poderia ser visto nele achando que tudo o que importava ali era somente você. Mas com um movimento errado, o corte poderia ser fatal. Você era incessantemente fatal.

E aqui estou eu. Rebaixando-me ao que chamam de humilhação. Humilhando-me por querer-te de volta. Por favor, volte. Volte agora para que possamos nos amar esta noite novamente. Sinto tanto sua falta. Falta das suas caricias. De seus cabelos molhados no meu travesseiro de penas em um dia de domingo. Falta da sua respiração ofegosa em meus ouvidos. Dos nossos corpos se juntando formando-se em um só.

Meus gemidos roucos não te fazem falta? Eu não faço falta?

Pois, talvez, eu era somente seu brinquedinho. Divertiu-se?

Seu sorriso ainda tem efeito sobre mim. Como seus toques e cada ofegada sua. Você tem total efeito sobre mim.

Sempre fora assim.

Eu era um cachorrinho, treinado por um dono cruel. Você foi cruel por tanto tempo. Tão cruel que pensei por um tempo abandonar-te, mas meu coração falará mais alto. Gritou por seu nome por todo esse tempo, mas, você não ouvia. Era surdo na questão dos meus sentimentos.

E eu continuei tentando, não iria desistir.

Até a doença me acertar tão profundamente. Não tão fundo quanto você fez.

Sem você eu passei á me alimentar tão mal. Passei á dormir menos tempo, pois estava tentando reconquistar você. E foi ai que descobri que eu havia obtido a anorexia.

Eu estava tão mal.

Eu ficava pálido tão facilmente, e havia emagrecido tanto. Parecia uma caveira viva. Mas eu tinha certeza de que se você falasse novamente o quanto eu continuava lindo eu voltaria ao normal.

Recusei-me á tomar os medicamentos, não faria diferença.

Eu me sentia tão mal. Estava horrível. As pessoas que passavam por sua porta e me viam ali sentando, tão abatido por ti, deveriam pensar loucuras.

Até o dia em que você me recolheu. Abrigou-me em sua casa. Disse-me que sentia pena, finalmente havia sentido pena. Eu me sentia protegido novamente.

E então eu senti a maciez da sua cama novamente. Não da forma da qual eu deseja tanto, mas, mesmo assim foi como se estivesse no céu. Você me alimentou de todas as formas, fisicamente e sentimentalmente. Amei a forma como dedicou grande parte do seu dia somente para me observar. Senti-me querido.

E no dia 9 de dezembro era seu aniversário. Mesmo doente fiz questão de preparar um bolo, especialmente pra você. Sua face foi impagável. Totalmente surpreso. Á noite nós estávamos vendo televisão, era seu programa preferido passando, então, eu tive um ataque. Fora tão de repente. Seus olhos que já eram grandes naturalmente havia se tornados gigantescos diante desta cena. Não queria que passasse por isto.

Seu desespero era evidente e quando estava prestes a me colocar em um carro para enfim me levar ao hospital, eu faleci. Morri em seus braços gelados, mas ainda assim tão prazerosos. Não me lembro de suas feições naquele momento, mas você estaria lindo como sempre fora.

Sinto-me tão feliz por ter passado pelo menos uma parte da minha vida inútil ao seu lado.

Espero que continue forte, como sempre fora.

Te amo

De seu Taemin!