Capítulo único - What you are

Capítulo único

W h a t y o u a r e

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Ele era deveras irritante. Sua personalidade positiva, otimista, brilhante, sempre me irritou. Irritou muito. Irrita-me. Sempre irritará. Ele é a imagem do sol, está sempre motivado e de bom humor e eu não podia simplesmente ignorá-lo como queria.

Era contra, abertamente, o modo como ele tratava os alunos. Para mim, a relação sensei-aluno limita-se apenas a ensinar e aprender, ponto. Não precisava mimá-los, alegrá-los, consolá-los, tornar-me amigo deles. Não, tudo o que eu precisava fazer era ensinar.

Eu o via lá, fazendo gestos e dizendo palavras de ânimo como se isso fosse resolver, como se os alunos fossem ligar para ele, acompanhá-lo em seus pensamentos altruístas e irritantes.

Naquele dia em que conversávamos no corredor vários alunos passavam por nós, uns em grupinhos, sorrindo e conversando, outros solitários, calados ou lendo, mas nenhum deles deixou de cumprimentá-lo. Sim, apenas a ele. O que me dirigiam era algo cortês, como um aluno deve se portar com um professor, mas para ele, ah, para ele não.

Para ele os alunos sorriam, seus olhos brilhando de ânimo. Alguns até paravam para brincar, rir, conversando com ele como se ele fosse só mais um aluno.

Era um absurdo.

Aquele tipo de tratamento era inadmissível.

Eu deixei estar, o tempo passou, o festival chegou, e ele estava todo animado, alegre, ansioso pelo grande dia. A reunião com a sua turma fora excitante e todos concordaram em ajudar, ele me contou posteriormente, feliz e satisfeito com seus avanços.

Mas eu só achava tudo aquilo muito patético e dispensável, só. Achava que nada daquilo era necessário, até o incidente acontecer...

Quando a chuva destruiu toda a preparação da sala para o festival, eu tive dó, não só dele, mas também dos alunos. Eles estavam motivados, contentes, se esforçaram, mas uma janela deixada aberta estragara tudo.

Quando vimos a situação da sala, foi óbvio o desânimo. Como participariam do festival? Tudo estava arruinado, não dava tempo de refazer.

Eu pensei que eles desistiriam, mas não. Um aluno disse que reconstruíssem tudo, outro concordou, e Naoshi, parado ao meu lado, pela primeira vez na vida, triste e cabisbaixo, ergueu a cabeça, deixando expostos os olhos lacrimejantes.

Os alunos que ele tanto motivara agora agiam ao contrário: o motivavam. Gritos de alegria logo se seguiram quando foi decidido que tentariam, e alunos de outras salas e até professores vieram ajudar.

Eu continuo achando que o método dele é patético, mas eu sei que funciona. Ele cativa as pessoas e as faz unir-se à causa dele. Ele é um professor e tanto.