As cartas e o desespero

Entrei na banheira, cheia de espuma e pela primeira vez me senti relaxada naquele dia. Dois minutos depois, lembrei-me daquela carta que vi e então sai rápido, peguei-a e voltei ao banho.

Na carta dizia:

Oi Lily!

Tudo bem? Aqui é a sua amiga... Ou melhor, sua ex-amiga... Lembro-me do dia em que você disse que nunca se separaria de mim e nunca me trairia, mas e agora né? Bem, não vamos falar do passado, só de algumas lembranças... Está vendo essas fotos? Familiares, não é? Então... Digamos que a mesma coisa acontecerá a sua pessoa... A menos que você deixe o David, claro! E lembre-se: QUEM AVISA AMIGO É!

Não havia assinatura... Suei frio. Mais ainda quando olhei as fotos: eram de minha tia, que foi assassinada pelo meu tio.

?Como alguém saberia disso? Depois do seu enterro, nunca mais falamos disso, até por que isso trás tristeza para nós...?- Pensei. Saí do banho tremendo. Por um instante, achei que alguém estivesse me espiando. Coloquei minha roupa e fui às pressas pra casa de David.

Chegando lá, bati na porta e ele não respondeu, liguei para ele e o seu celular estava fora de área, então percebi que a janela da cozinha estava aberta e pulei para entrar.

Andei até a sala e vi suas coisas jogadas pelo chão, subi até seu quarto e quando entrei nele, David estava dormindo. Acordei-o e disse:

- Tem alguém me seguindo!

- O que? Como você chegou aqui? ? ele perguntou se levantando da cama ? Você está bem?

- Cheguei em casa e achei essa carta... Quando li, eu fiquei tão assustada que corri para cá!

- Deixe-me vê-la. ? ordenou.

Entreguei a carta para ele, então leu e disse que devia ser só alguém brincando comigo. Mas não era! Por que ninguém, além de minha família, sabia sobre o assassinato. Expliquei isso a ele e pediu para que eu contasse como foi, mas eu neguei e falei que só diria outra hora.

Os meninos iriam passar a noite fora e por isso David me convidou para dormir lá. A noite passou e de manhã, acordo com alguém me abraçando. David acorda alguns minutos depois e pergunta:

- Dormiu bem?

- Claro! ? respondi ? Quer que eu conte a história agora?

Ele fez que sim com a cabeça, então eu comecei:

- Cinco anos atrás, minha tia estava voltando da faculdade quando foi morta. Ela morava no Brasil na época. Ela ia andando para casa até que um carro parou de repente em sua direção. Havia três homens. Dois dele saíram, agarraram-na e a colocaram a força dentro do carro. Eles a levaram para uma casa abandonada no meio do mato e lá deram quatro tiros nela: um na perna para ela não fugir, dois na costa e finalmente um na cabeça.

Alguns dias depois de descobrirem onde estava seu corpo e o culpado por isso, eles mostraram no jornal. Meu tio contratou esse trio para assassiná-la. Ele quis fazer isso por que ela queria o divorcio. E como ela que era rica e seu testamento não constava o nome do marido, ele resolveu matá-la para roubar seu dinheiro.

Depois que terminei de falar, David perguntou:

- Que tal sairmos hoje à noite? Acho que você precisa relaxar um pouco e estarei lhe protegendo enquanto isso.

- Tudo bem...

Ele me acompanhou até em casa. Quando chegamos lá, ele me deu um beijo na testa e disse que ficaria tudo bem e também falou:

- Virei buscá-la às sete. Nós iremos comer comida chinesa, sua favorita. Esqueceremos todos os nossos problemas.

Abri um sorriso e virei de costas para entrar. Sentei no sofá e de repente alguém desceu a escada, eram a Lia e a Alexia. Elas sentaram no sofá e começamos a conversar:

- Você passou a noite fora, Lily... ? debochou Leh ? Dormiu com o seu amor, foi?

- Não Lia... Ela não apenas dormiu... Ela fez outras coisas também, não é, Lily? ? brincou Alexia.

- Vocês são terríveis! ? gritei rindo. ? Mas não deixa de ser verdade... ? sorri maliciosa.

O dia passou então fui me arrumar para o encontro. Eram sete horas e 5 minutos, quando Lucas chegou:

- Você está linda! ? ele disse para mim

- E você está atrasado ? fiz graça

Nós saímos. Chegamos, comemos, conversamos, rimos e ele me trouxe de volta. Estávamos na porta de minha casa, quando ele disse:

- Eu te amo!

E me beijou. Entrei em casa e David foi embora. Subi até meu quarto, me joguei na cama, super feliz. Mas senti algo me incomodando, na minha costa. Então, me levanto e vejo uma carta igual a aquela, só que com outra mensagem:

Olá cara amiguinha!

Sentiu minha falta? É óbvio, né? Se tem uma coisa que eu aprendi com meus relacionamentos é que quando um garoto diz que te ama, é apenas pra transar com você. Eles são horríveis, não são?