O colégio de Firewall

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    Capítulos:

    Capítulo 2

    2

    Ainda não está terminado ^^

    Como o esperado, Bia ficou com a cama de cima. Realmente não me importava com essas besteiras de ficar com a cama de cima ou a de baixo. Simplesmente me importava se a cama era confortável ou não. Abri os olhos, e olhei o relógio que estava em cima do criado-mudo. Ainda eram 6:00a.m. Me arrastei para fora da cama, me espreguiçando um pouco. Busquei entre minhas coisas uma toalha e o novo uniforme, que estava cuidadosamente guardado no fundo da mala. Peguei mais algumas coisas e fui em direção ao banheiro. Coloquei minhas coisas em cima de um balcão que havia perto dos chuveiros, tirei as roupas e entrei no primeiro boxe que vi. Apesar de não sair muita, a água era bem quente para a minha surpresa. Quando fui pegar o sabonete, a água foi diminuindo lentamente, até não vir mais nada. Ótimo, por que o chuveiro deveria permanecer ligado e funcionando enquanto eu tomava banho? O sabonete também podia cair no ralo, e o vaso sanitário poderia estar entupido também. Olhei discretamente, vendo se estava realmente sozinha, e corri sorrateiramente para o boxe do lado. Já estava com as mãos na torneira, quando ouvi o som da água e do chuveiro ligado. O chuveiro em que eu estava anteriormente. Revirei os olhos e praguejei baixinho enquanto corria de volta para o boxe e me banhava na água quente. Deixei a água molhar meus cabelos e tentei ao máximo esvaziar completamente minha cabeça. Esquecer o fato de que eu e Bia estávamos em um colégio interno, e que de agora em diante não iriamos mais morar com nosso pai. Ou muito menos poder visitar a mamãe, cujo túmulo estava a quase mil quilômetros de distância. Tentei esquecer o fato da nossa nova colega de quarto ser mais uma princesinha mimada, e de que Bia ainda iria se meter em encrencas com aquela garota. O fato de que teria que agir como sua babá, ajudando-a a estudar de ultima hora para ver se ela conseguiria ficar na média, ou passar raspando na recuperação. Tentei esquecer tudo isso, enquanto a água ia tirando o condicionador de meus cabelos. Quando ia colocar o sabonete de volta, ele simplesmente sai da minha mão, e cai diretamente no ralo. Encarei por um bom momento o buraco no chão, não sabendo se agradecia por eu já ter acabado o banho, ou se achava estranho o fato de ter acontecido exatamente o que eu havia pensando anteriormente. Fechei o chuveiro e me enrolei na toalha. Sorte de que havia pegado um secador de casa. Não seria tão agradável andar pela escola com o cabelo pingando. Peguei meu uniforme e rapidamente comecei a me trocar. O uniforme não era tão ruim. As garotas usavam saias pragueadas num tom de vermelho discreto até os joelhos, já os garotos usavam uma calça lisa de mesma cor. Ambos vestiam um blazer cinza com o brasão costurado do lado direito do peito. Eu até que achava elegante. Depois de me vestir, comecei a secar um pouco meu cabelo com a toalha antes de ligar o secador. Joguei minha cabeça para baixo, quando pulei para trás ao ouvir o som do chuveiro ligado. O mesmo chuveiro em que estava. Droga, devia ter fechado melhor. Andei até o boxe e fechei novamente o chuveiro, dessa vez me certificando de que estava bem fechado. Voltei para a pia e liguei o secador na tomada. Como sempre mantinha meu cabelo na altura dos ombros, dentro de cinco minutos ele já estava praticamente seco. No momento em que tirei o secador da tomada, a luz acima de minha cabeça começou a piscar loucamente, deixando parte do aposento na escuridão. 88 anos e ainda havia lâmpadas! Isso era o mais surpreendente! De repente, o silêncio da sala foi substituído pelo barulha da água correndo pelos encanamentos, e o ralo sugando os últimos rastros que havia de água. Sem querer deixei meu brinco cair no chão, e me agachei para pegar. O som da água caindo invadiu meus ouvidos. Era o mesmo chuveiro. De novo. Impossível... Eu tinha fechado bem dessa vez, tinha certeza! A luz que antes estava falhando começou a produzir um ruído estranho, e a água começou a correr mais rápido. Meu coração começou a bater mais rápido e senti minhas mãos tremerem um pouquinho. Ouvi passos se aproximando por minhas costas, e quando ia me virar a luz explodiu acima de minha cabeça, deixando cair vários fragmentos de vidro em meus pés e em meu cabelo. Suprimi um grito, que provavelmente iria acordar a escola inteira, joguei todas minhas coisas numa mochila e me apressei para sair do banheiro. Quando finalmente cheguei ao corredor, um grande alívio me dominou e senti meus batimentos voltarem ao normal.


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