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Nunca soube o porquê de meu pai mandar eu e minha irmã para um colégio mais velho que minha avó. O colégio em si tinha 88 anos, e até cinco anos atrás só aceitava meninas. Porém, com a chegada de uma nova diretora os meninos passaram a serem aceitos também. Beatriz, minha irmã, estava odiando a ideia, já eu, achava interessante estudar em um colégio onde nossa falecida mãe estudou.

Eu e Beatriz fomos para o quarto. Passávamos pelos corredores, olhando de porta em porta, vendo se achávamos o número correto de nosso novo quarto.

? Relaxa Bia, não é tão ruim! Pensa assim, aqui será seu lar pelos próximos 3 anos. Você irá comer, dormir, estudar? tudo aqui! Nesse maravilhoso e grande colégio!

? Ah muito obrigada pelo incentivo, Dona Bianca! Isso só está melhorando a situação. Além de eu saber que eu vou ficar aqui, com você, nesse pequeno inferno, ainda me lembra de que serão 24horas por dia nesse hospício!

? Nossa? Quanto amor pela sua irmã, estou comovida! Veja pelo lado bom? Mamãe já estudou aqui. Com certeza é uma ótima escola ? Beatriz andava pelo corredor parecendo estar esmagando formigas, só que em vez de formigas, o chão da escola.

Chegando ao quarto, Beatriz desesperada para pegar a cama de cima jogou sua mala em direção a cama, que infelizmente acertou um abajur ao lado, que estava em cima do criado-mudo, despedaçando-se no chão. Sem demoras, Bia pegou a mala, puxando-me pelo braço á força me levando para fora do quarto:

? Qualquer coisa, não fui eu, nem estive aqui e nem pisei naquele quarto! Simplesmente chegamos e o abajur já estava quebrado ? disse Bia desesperada.

? Incrível! Mal chegamos no quarto, e você já está destruindo tudo.

? Eu não quebrei nada, simplesmente a mala saltou da minha mão e tentou se apoiar no criado-mudo, mas algum idiota colocou o abajur lá que impediu minha mala de se apoiar!

? Claro! Claro! E hoje de manhã vi Voldemort no jardim de casa cheirando as flores, e o Darth Vader brincando de casinha!

? Mas espera... Voldemort tem nariz?

? Achei que você fosse mais inteligente que isso... CLARO QUE NÃO, SUA ANTA!!!

? Ok, ok! Não precisa gritar... Eu já sabia, só estava confirmando!

? Sei... E aonde é que nós vamos ficar? Se você não percebeu, você quebrou o abajur!

? Relaxa... A gente volta daqui uns dez minutinhos ? encarei-a por longos cincos segundos, enquanto ela me olhava como se não houvesse problema nenhum.

? Ok! Ok! Mas qualquer coisa, eu não te conheço.

? Claro, por que não. O que o fato de sermos gêmeas atrapalha esse raciocínio?

A primeira aula era de Química, onde Bia dormiu o tempo inteiro. Acho que ela até babou um pouquinho... Enquanto eu, fiquei desenhando em meu caderno enquanto ouvia a professora falar sobre uma matéria na qual eu já havia decorado. Depois das primeiras aulas foi o almoço, e podia jurar que nunca vira uma comida tão nojenta e grotesca em toda a minha vida. Era uma espécie de massa verde, parecendo vômito com uma cobertura branca e fiquei surpresa de o suco não ser água sanitária, era suco de laranja:

? Ótimo! Maravilha! Além de nos aprisionarem aqui, tentam nos envenenar! ? um abajur quebrado, uma comida ?envenenada?... O dia estava sendo duro para Bia...

? Calma Bia, isto não é veneno! É apenas uma forma diferente de se servir os alunos com nutrientes e proteínas...

? Não vi nexo em nada do que você disse! Apenas compreendi o seu ?CALMA BIA?, e mesmo assim tenho dúvidas no que ter calma por aqui. NÃO TEM COMIDA!!!! E se você chama isso de comida não quero nem saber o que NÃO é comida pra você!

? Tudo bem, eu até compreendo seu desespero, mas por sua sorte trouxe comida de casa. Muita comida.

? Serio?? ? Bia se aproximou com os olhos arregalados.

? Pois é, é verdade. Já esperava uma situação como essa... Mas não agora.

? Não quero nem saber. Pode passando a comida.

? Bem... Err...Não.

? E por que não???

? Quero lhe ensinar que o importante não é o gosto, e sim, o que tem dentro do alimento!

? Se eu te falar que estrume de elefante tem proteínas, você vai comer??

? Isso não é alimento!

? E quem disse que essa comida é um alimento???

No final das contas, Bia me fez pegar a comida.

Quando estava fechando a porta do quarto, Bia gritou:

? Ah meu Deus!!! Tem um monstro no quarto!! Ah, espera aí... Não é um monstro, é só uma garota mesmo.

? Por favor, Bia, seja gentil com nossa colega de quarto.

? CO-CO-COLEGA DE QUARTO???? Você não falou nada sobre colega de quarto! Eu nem vi as coisas dela quando cheguei aqui!!!

? Provavelmente ela chegou um pouco depois da gente, e você poderia ter visto ela... Se não estivesse preocupada em sair uns minutinhos ? Bia começou a retrucar, mas fiz um sinal carinhoso dizendo para que ela calasse a boca ? Por favor, desculpe minha irmã. Ela-

? Isso é irrelevante. Não preciso saber que minha presença não agrada tais pessoas como vocês. É só vocês não me incomodarem, que eu não incomodarei vocês. Mas tenho certeza que vocês não gostariam de arrumar briga com a filha da coordenadora, não é mesmo, queridinhas? Ah, já que perguntou, me chamo Jeniffer ? Jeniffer sorriu maliciosamente.

? Ai, eu vou acabar com essa...

? Calma Bia! Não vamos criar encrenca! Afinal a mãe dela é C-O-O-R-D-E-N-A-D-O-R-A do colégio.

? Tudo bem, depois acabo com ela.

? Está bem, eu vou dormir em meu colchão d? água. Sabia que tem até peixinhos? ? nossa, que informação preciosa. Onde está a Máfia nesses momentos?

? Tomara que eles á devorem á noite ? por que minha irmã tinha que nascer sem cérebro?

? São peixinhos dourados! ? resmungou Jeniffer.

? Alguém perguntou?!

? Para Bia! Não queremos arranjar confusão... ? a peguei pelo braço. ?Por favor, por favor, por favor me ouça!!?.

? Mas eu não ligo que a mãe dela seja a C-O-O-R-D-E-N-A-D-O-R-A do colégio, BIANCA!

? Pois devia ligar, ela pode nos dar suspensão, advertência ou até coisa pior!

? A única coisa pior que vai acontecer se ela não me deixar em paz, será alguém com o braço engessado!

? Está bem, foi bom te conhecer Jeniffer, mas agora estamos morrendo de sono... Então... Boa noite! ? Jeniffer resmungou alguma outra coisa, enquanto eu puxava Bia em um canto e lhe dava um sermão. Depois de deitar na cama, podia jurar que estava ouvindo alguns sussurros no quarto, mas logo deduzi que não passava do vento lá fora e peguei no sono.