Prayer

Tempo estimado de leitura: 20 minutos

    16
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Capítulo 2

    Bissexualidade, Homossexualidade, Nudez, Sexo, Violência

    Ooi seus lindos OwO' me desculpem a demora enorme e o capítulo pequeno mas o que importa é que voltei o/' o próximo vai demorar um pouco também mas já to terminando @.@' espero que gostem u.û'

    Estávamos todos dormindo em paz...

    Não. Eu, Akira, não estava dormindo em paz. Eu esperava por Ruki. Alguém o tinha levado no começo daquela noite e ele não retornara até então. Aquilo era duvidosamente anormal, porque a diocese tinha a hora de descansar como um ato sagrado. Não o chamariam por qualquer coisa.

    Ouviu-se um movimento no corredor e a porta começou a ser destrancada fazendo barulho em todo o vácuo calado, assim acordando muitos que ainda adormeciam.

    A porta foi aberta devagar por alguém e do lado havia outra pessoa meio agaixada. O primeiro pegou o castiçal do chão levantando até a altura do peito. Foi assim que vi que o segundo segurava um ser pequeno. Estava ajudando Ruki a andar. O corpo de Ruki estava mole e a camisa branca muito maior que ele estava manchada de... rosa?

    Todos se ergueram em suas camas para enxergar melhor.

    - Voltem todos a dormir. ? A voz severa da primeira pessoa surtiu efeito em todos. Ninguém mais se mexeu. ? Deixe aí. ? Ele se referiu ao outro que pôs o corpo miúdo no chão e deu passos para trás, assim deixando a porta ser trancada.

    Tudo ficou quieto. O silêncio era quase necessário naquela hora. Todos olhavam, ninguém se mexia.

    Por um momento pensei ter ouvido um inspiro choroso, mas parou. Eu jamais havia ouvido um silêncio tão profundo, senti como se estivesse surdo.

    Pude soltar o ar que estava prendendo e fechei os olhos, então ouvi um choro fininho que foi ficando mais alto. Ruki começou a se mexer e tatear angustiado pelo chão encontrando nada. Ele parou por um momento e se arrastou até parar sentado. Escondeu o rosto nas mãos e deixou um soluço imaturo fugir.

    Um menino se levantou da cama e Ruki deu um grito se lançando para trás.

    - Shhhh. Calma Takanori. ? O garoto pegou o braço do menor ajudando-o a se levantar, mas este se recusou.

    - Quem é você? ? Perguntou desnorteado.

    - Sou eu, Yutaka Uke.

    Yutaka pegou o braço do menor receoso, apoiou em seu pescoço e o levantou pela cintura.

    - Onde nós estamos?

    - Estamos no dormitório.

    Ruki começou a esfregar os olhos freneticamente ? Eu... eu não consigo enxergar. ? esfregou outra vez - Por favor, me ajude, eu não consigo enxergar.

    Yutaka o aconchegou mais a seu corpo enquanto o levava devagar para sua cama.

    - Calma. Ninguém consegue enxergar, ainda é noite e as janelas estão fechadas. Venha, Takanori. Deite-se aqui, huh?

    Ruki caiu na cama de barriga para baixo e fechou os olhos. A camisa encostou-se aos ferimentos de suas costas, e o lençol áspero roçava na carne viva de sua coxa, que ainda era envolvida pelo cilício.

    Ele resolveu ignorar a dor e dormir.

    - Você quer alguma coisa? ? Yutaka perguntou gentilmente.

    - Quero ficar em paz. ? Ruki respondeu áspero assustando o outro com seu tom de voz.

    Yutaka fez o que o outro falou e tateou pelo corredor de camas para achar a sua no meio de toda aquela penumbra.

    ­­­­­­­­­­­

    Amanheceu. Outra vez. Ninguém havia despertado ainda.

    Eu só me permitia fitar o teto exangue. Aquele silêncio me enchia com paz, minha respiração era o som que ecoava pelo quarto sem ser ouvido.

    O filete de sol penetrou no quarto por um vão da janela de madeira bruta, pousando no meu rosto, irritando meus olhos. Fechei-os, e pude sentir o calor daquela mecha de sol esquentar minha bochecha.

    Aquela calmaria estava se tornando tão rara desde a chegada do pequeno Ruki. Enquanto dormia seu peito chiava alto, e se acordava quando tinha que tossir. Ele estava tão doente havia tanto tempo que nem devia mais saber como é estar bem. Depois dessa noite, seu desconforto aumentara ainda mais. As feridas se negavam a parar de doer. Sua vida era redimida a desgraça. Seu sofrimento era tão grande que eu não me importava mais com o meu sofrer pela ausência do silêncio.

    Começaram a acordar, abrir as janelas, a fazer barulho com seus corpos estalando quando enfim entravam em movimento. Foi assim que percebi que o barulho da dor de Ruki era a única coisa que não irritava meus ouvidos. Ele merecia ser um anjo.

    Abri meus olhos, e aborrecido suspirei profundamente.

    Tombei a cabeça para o lado e meus olhos encontraram os dele. Ruki. Olhos que insistiam em fitar o vazio. Seu ponto de foco era a perna de minha cama. Ele fitava sem nada ver. Parecia uma marionete perfeita, atirada em qualquer canto depois de ser usada. Ele não dormira.

    Mas como poderia ter passado a noite em claro sem sequer se mexer? A dor o devia estar afligindo tanto a ponto de nem poder respirar.

    Respirar...

    Mas é claro. A noite havia sido muda. Ele não podia estar dormindo, do contrário eu teria ouvido sua respiração forçada.

    Ele parecia vivo, mas sem alma.

    Após algum tempo os outros foram percebendo que ele estava acordado, e assim se formou uma roda de curiosos em volta da cama do menor. Parecia um animal selvagem exposto. Olhavam com admiração. Eram tão repulsivos. Um ruivo sacudiu a perna de Ruki. Ele continuou imóvel, apenas um fio de sangue escorreu na parte interna de sua coxa até manchar o lençol. Pude ver a pele se eriçar. Eles se assustaram e, um a um, foram se afastando.

    Poucos minutos depois um padre apareceu na porta balançando o sino para a hora do café e saiu. Aos amontoamentos começaram a se retirar e seguiram para o adro.

    Eu rolei na cama sem ânimo e sentei. Não queria ser o último a sair, e como o dormitório já estava praticamente vazio, me levantei de pé descalço e fui saindo hesitante. Mesmo que estivesse a tanto tempo acordado, ainda me sentia tonto.

    Passei pela porta e me segurei na mesma, olhando para trás, dentro do cômodo do qual havia saído. Lá ainda mantinha dois indivíduos; Um Ruki aturdido pela dor e um Uruha se decidindo entre sair e comer fingindo que estava tudo normal ou ficar e encarar aquele corpo sem nada a fazer.

    Antes que ele pudesse me notar, me virei para frente e segui o corredor.


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