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Sim. Aquela era a mulher perfeita para ter um filho seu! Sasuke Uchiha deduziu e continuou a encará-la, analisando-lhe a fisionomia e também as curvas generosas do corpo esbelto. Claro que já havia feito isso antes, mas agora estava sendo mais detalhista.
Ela era bonita, mas isso não era tão importante para si. O charme e a inteligência de Sakura Haruno eram impressionantes, era o que mais chamava a sua atenção. Talvez fosse por isso que a tivesse escolhido sem pensar duas vezes.
Finalmente depois de muito tempo, Sakura percebeu que estava sendo observada. O leve sorriso que brincou no canto dos lábios femininos deixou-o sem fôlego, mas Sasuke meneou a cabeça de um lado para outro, decidindo que sua excitação estava mais ligada ao plano que idealizara do que a qualquer outro interesse pessoal... Ou sexual que pudesse nutrir por ela.
E não poderia ser diferente!
Como sempre, Sakura estava elegante, usando um discreto vestido de seda preta e sapatos de salto alto, mas este detalhe tinha pouco ou quase nada a ver com a decisão que Sasuke tomara.
Embora não fizesse a menor idéia do que estava acontecendo,Sakura era parte integrante dessa decisão.
Sasuke esfregou as mãos com nervosismo ao ver que a hora da abordagem estava se aproximando. Ele a conhecia há três anos, tinham negócios em comum, e também sabia que Sakura só freqüentava aquele tipo de festa por causa de seus interesses profissionais. O relacionamento que mantinham não possuía nada de pessoal e por mais contraditório que pudesse parecer, e era assim que Sasuke gostaria que continuasse.
Há apenas dois dias, Sakura lhe apresentara uma proposta de expansão de seus negócios, ou seja, ela pretendia abrir mais uma de suas lojas de lingeries especiais em outra filial dos Hotéis Uchihas, que pertenciam a Sasuke e a sua família.
Ele ainda não lhe dera uma resposta, mas estava prestes a fazê-lo. Seria esta noite. Claro que juntamente com esta resposta iria propor o negócio que mais lhe interessava...
Pela primeira vez em muitos anos, Sasuke ficou nervoso ao se aproximar do momento em que teria de fazer uma proposta de negócios. Então, Sakura começou a caminhar em sua direção, com aquele seu charme peculiar e tudo em que ele conseguiu pensar foi no lindo bebê que poderiam gerar juntos.
Automaticamente, os lábios carnudos se abriram num sorriso sensual.
? Ele vai concordar com a abertura de minha loja!?, Sakura vibrou por antecipação. Sim, Sasuke a estivera observando durante toda a noite e só poderia haver uma razão para tanto. A sensação de vitória a empolgou.
Os olhos negros do dono da Rede Uchiha capturaram os verdes de Sakura conforme ela se aproximava. Ali estava àquele leve curvar de lábios e também a expressão sensual que tanto excitava as mulheres que o conheciam. Mas Sakura não era como as outras. Oh, não, só ficaria excitada se ele lhe desse a notícia que queria ouvir.
Suas lojas eram sua vida e ela não se permitia perder tempo com desejos ou interesse por qualquer outra coisa, mesmo se esta fosse um homem tão bonito quanto Sasuke Uchiha. O mais engraçado é que estava certa de que Sasuke também não tinha o menor interesse em mudar a natureza do relacionamento que mantinham.
Claro que já ouvira dizer que ele era um amante espetacular e que muitas mulheres moviam céus e terras na vã esperança de tentar conquistá-lo. Mas isto não lhe interessava, ou pelo menos não deveria.
?Olá, Sasuke. ? cumprimentou-o, aproximando-se e tentando não pensar mais no que diziam as más línguas.
?Olá, Sakura. ? A voz de barítono estava mais profunda do que o usual e os olhos negros ainda mais penetrantes. ?Está se divertindo?
Ela olhou ao redor do escritório recém-decorado, fingindo um interesse que não sentia. Estavam no coquetel de reinauguração do hotel que a Rede Uchiha mantinha no centro da cidade, e tudo ali fora restaurado com muito cuidado e bom gosto.
?Claro que sim. O hotel está muito bonito.
Um sorriso indolente brincou no rosto de traços másculos e uma covinha insinuou-se no queixo quadrado do presidente da Rede Uchihas.
?Não sei, mas tenho a impressão de que você não é muito de festas. ?soou o comentário brincalhão e, em seguida, Sasuke inclinou levemente a cabeça para o lado. ?Ansiosa para voltar aos negócios, é isso?
Sakura engoliu a resposta atrevida que estava na ponta da língua, tomou mais um gole do coquetel de uva e só depois respondeu:
?Estava imaginando se você já chegou a uma decisão sobre minha loja. Claro que uma festa não é bem o local para se discutir tais assuntos, mas...
Sasuke continuou a fitá-la com grande atenção. Havia um brilho intenso no fundo dos olhos ônix.
?Gostaria de tomar mais alguma coisa? ?ofereceu-lhe, notando que a taça que ela segurava estava quase vazia.
?Não, obrigada.
?Acha que já bebeu muito a ponto de perder a cabeça? ?ele brincou.
?Perder a cabeça com um coquetel de suco de uva? ?gracejou Sakura, pestanejando de maneira charmosa. -É um pouco difícil. Não gosto de bebidas alcoólicas. Já com você deve ser diferente. Homens costumam apreciar esse tipo de drinque.
?Eu também não bebo. ?Sasuke explicou. ?Muitos de meus diretores o fazem, então acho que alguém tem de se manter sóbrio para não perdermos dinheiro.
Sakura ficou surpresa, mas não o demonstrou.
?Então quer dizer que não se permite relaxar um pouco numa festa ou reunião de negócios? ?usou um tom indulgente, benevolente, bondoso...
?Só se for para tomar um copo de vinho num jantar, nada, além disso.
?Bem, confesso que sou abstêmia e evito até mesmo o vinho.
?Alguma razão pessoal?
Sakura hesitou. Era engraçado como se podia conhecer alguém durante anos e nunca ter ido além dos assuntos de trabalho. Era o que acontecera com ela e Sasuke, mas agora a situação parecia estar começando a mudar. Não que se importasse com isso, pois seu lema de trabalho era quanto mais você sabe sobre as pessoas com quem tem negócios, mais fácil é negociar um bom acordo. E tudo o que mais queria naquele momento era fazer um bom acordo com Sasuke Uchiha.
?Sim, uma razão muito pessoal, meu caro. Além de eu detestar álcool.
?Talvez algum dia possa me contar o porquê dessa aversão.
?Quem sabe...
Sasuke ficou em silêncio durante algum tempo. Parecia estar observando o brinco de pérola em forma de gota que enfeitava a orelha delicada.
?Diga-me, Sakura, por acaso tem uma meta de trabalho para os próximos cinco anos ou seu objetivo é mais em longo prazo?
Novamente, Sakura sentiu uma onda de excitamento invadi-la e tentou se controlar. Sasuke estava demonstrando um interesse que nunca demonstrara antes, e isto poderia significar que ele aprovava a maneira como gerenciava suas lojas.
Sim, o belo Sr. Uchiha era o símbolo do bem-sucedido homem de negócios. Um iniciante poderia aprender tudo sobre administração hoteleira com ele. Afinal, nos três anos que haviam se seguido a morte do pai, Sasuke transformara uma pequena rede de hotéis medíocres numa grande cadeia nacional de hotéis de luxo. Em qualquer grande cidade dos Estados Unidos havia um Hotel Uchiha e estes sempre eram freqüentados por pessoas ricas e famosas.
Mas além de hábil e inteligente, Sasuke também era bonito, Sakura concluiu, observando os ombros largos e o porte atlético. Como se não bastasse, os olhos negros que se destacavam no rosto branco, pálido? Talvez. E os cabelos também negros, arrepiados , e deixando alguns fios soltos emoldurando a testa altiva, dando-lhe um ar jovial, embora Sakura estivesse certa de que ele deveria estar perto dos trinta e cinco anos.
Fazendo um esforço hercúleo para não se impressionar demais com o charme do presidente da cadeia Uchihas, Sakura sorriu e respondeu à pergunta que lhe fora feita:
?Claro que tenho uma meta de trabalho para os próximos cinco anos. Se quiser, posso detalhá-la para você e ficará mais seguro quanto ao sucesso de minhas lojas em seus hotéis.
Para sua surpresa, Sasuke acenou para um de seus assistentes que se aproximou rápido.
?A Srta. Haruno e eu vamos até o escritório discutir alguns negócios, por favor, não deixe que ninguém nos interrompa.
O assistente assentiu e Sasuke, depois de tirar o copo vazio da mão de Sakura e colocá-lo na bandeja que um garçom carregava, segurou-a pelo cotovelo e a conduziu para o escritório da presidência.
Sakura sorriu polidamente, enquanto pensava em quais argumentos deveria usar para convencê-lo de que a abertura de mais uma de suas lojas era um bom negócio para o hotel.
Ela só não sabia que o próprio Sasuke tinha uma proposta bem diferente para lhe fazer...
***************
Sasuke fechou a porta e recostou-se ali. Era engraçado, mas nunca antes tinha reparado como Sakura Haruno poderia ser ainda mais adorável quando estava empolgada e sorria...
Claro que já observara sua fisionomia e apreciara alguns, ou todos, seus traços, como o nariz clássico e a boca generosa, mas nunca percebera que o brilho de entusiasmo no fundo dos olhos verdes poderia valorizar ainda mais o conjunto.
Esta noite, ela usava os sedosos cabelos rosados presos numa espécie de coque fofo, de onde pendiam alguns fios que lhe caíam na altura dos ombros delgados.
Sakura sempre lhe parecera.
Com um movimento felino, Sasuke afastou-se da porta e acendeu um abajur, que conferiu um ar mais aconchegante ao escritório luxuoso, pouco antes de apagar as luzes principais. Poderia ser covardia de sua parte, esconder-se atrás das sombras enquanto lhe fazia sua proposta quase indecente, mas não queria pensar nisso. Não agora.
?Você já foi casada, Sakura? ?perguntou-lhe abruptamente.
Ela ficou aturdida com a natureza da questão, mas, graças aos céus, não pareceu se sentir insultada.
?Não, e também não pretendo fazer qualquer associação deste tipo nos próximos dez anos.
?Associação? ? Sasuke se descobriu rindo outra vez. Sakura tinha uma maneira peculiar de ver o mundo, como se tudo fosse um grande negócio.
Dando de ombros, ela voltou-se para procurar uma cadeira. Sem cerimônias, sentou-se naquela que havia em frente à escrivaninha.
?Meu trabalho é minha vida e isto me basta. Quero que as coisas continuem assim por um bom tempo.
Sasuke deu alguns passos e sentou-se em frente a ela, do outro lado de sua mesa.
?Quantos anos você tem?
Ela pestanejou, mas respondeu logo em seguida.
?Vinte e cinco. Para ser franca, tenho uma meta de cinco anos, como você mesmo disse, que começou a ser posta em prática no ano passado. Quando eu fizer trinta anos, espero ter criado uma cadeia de lojas bastante renomada, e até lá pretendo abrir, pelo menos, mais três filiais.
Sasuke se encheu de esperança.
? Isto não vai deixar muito espaço para um marido e filhos.
Desta vez ela franziu o cenho e o encarou com expressão curiosa.
Sasuke sabia que precisava ser cuidadoso, para lhe dar tempo de ir digerindo a idéia pouco a pouco. O problema era que nunca tinha sido um homem paciente. Quando queria alguma coisa queria para ontem. E ele queria um filho.
Inclinando-se para frente, esticou os braços e tentou segurar as mãos de Sakura entre as suas, mas ela foi mais rápida e evitou o contato íntimo, obviamente embaraçada com a situação.
?Não entendo por que você está me fazendo perguntas... Tão pessoais. Sempre achei que estivesse satisfeito com o acordo de negócios que temos.
?Estou mais do que satisfeito. Você dirige lojas bastante rentáveis e as duas que abriu em meus hotéis foram um ótimo acordo para a Uchihas. Portanto, não vejo o menor problema em expandi-las.
Sakura soltou a respiração que estivera prendendo até aquele momento e presenteou-o com um largo sorriso.
?Obrigada. Confesso que era isso que eu estava esperando ouvir. Ainda assim você me assustou ao tocar em assuntos pessoais. Sei que é importante entender quais são os planos de seus associados, para se certificar de que não mudarão de idéia de uma hora para outra, causando-lhe mil transtornos. Caso seja essa sua preocupação, posso garantir que...
?Não! ?ele a contrariou. ? Eu quero ter um filho. ? Como sempre, Sasuke foi curto e grosso, ou melhor, foi direto ao assunto.
Sakura ficou boquiaberta, sabia, pelas más línguas, e pelos três anos que o conhecia que Sasuke era um homem de paciência curta, de uma personalidade invejável e difícil de ser controlada. Mas, o motivo dela ter ficado boquiaberta, não tem nada a ver com isso, e sim, com o que Sasuke falou. Sasuke sempre foi muito impessoal, e de uma hora para outra falar isso para ela, uma coisa tão pessoal, era estranho, assustador. Sakura ficou surpresa. Por que ele falou aquilo? Essa era a pergunta que rodava a cabeça da Haruno, só que todas as respostas que lhe viam a cabeça, não eram nada coerentes, pelo menos não para ela...
Sakura ficou boquiaberta. E era uma boca linda, macia, carnuda e completamente rosada. Sasuke podia ver-lhe a língua úmida... Ela também tinha dentes brancos e perfeitos que o faziam desejar beijá-la.
Após alguns segundos, Sakura pigarreou e deu um risinho nervoso.
?Sinto muito se o que vou dizer irá desapontá-lo, mas existe uma impossibilidade anatômica para realizar seu desejo. ? tentou bancar a espirituosa.
?Não se eu encontrar a mulher certa para gerar este bebê.
Sakura endireitou-se na cadeira, apoiando os braços na lateral e voltando a fita-lo com ar estupefato.
Foi só nesse momento que Sasuke decidiu que deveria ignorar a maneira como a boca feminina parecia estar convidando-o para o prazer.
?Ora, Sakura, posso até imaginar o que está pensando. E posso lhe assegurar que isto não tem nada a ver com os negócios de sua loja com o hotel. Poderá abrir sua terceira loja quando quiser, independentemente de qualquer coisa. Assinarei o contrato na segunda de manhã e mandarei um courier entregá-lo a você.
?Obrigada. ?agradeceu, ainda perplexa demais para regozijar-se com a vitória.
?No entanto, gostaria de discutir algo com você.
?O que?
Ele sorriu diante do misto de curiosidade e preocupação que se espelhava no fundo dos olhos castanhos.
?Como disse ?prosseguiu num pausado ?quero ter um bebê. Tenho assistentes excelentes que podem cuidar dos meus negócios e já não preciso passar tantas horas no trabalho. Posso muito bem me dar ao luxo de criar um bebê com todos os privilégios do mundo, embora ache que uma criança não deva ser mimada a ponto de perder o respeito pelos outros e pelo trabalho. Tomarei todo cuidado para que meu filho ou filha seja educado dentro de todos os preceitos de moral e bom costumes.
Sakura inclinou-se na cadeira e tocou-o delicadamente no braço.
Sasuke gostou daquele toque, dava-lhe um frio na barriga ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, incendiava-lhe outras partes do corpo.
?Não tenho dúvida de que você será um ótimo pai. ?ela comentou, ignorando o rumo que aquela conversa estava prestes a tomar.
?Obrigado. ?agradeceu, envaidecido pelo elogio.
?Não precisa agradecer. Só que ainda não entendi o que eu tenho a ver com tudo isso. ? Falou a rosada, dando ênfase ao pronome pessoal, eu.
Os olhos negros foram da mão que estava em seu braço para as faces maquiadas com discrição.
?Acontece que desejo que você seja a mãe dessa criança, Sakura Haruno. ?revelou esperançoso.
No entanto, ela não teve a reação que Sasuke esperava. Cobrindo a boca com uma das mãos, fitou-o com olhos arregalados e alguns segundos depois um riso histérico emergiu dos lábios rosados.
O moreno levantou-se, contornou a escrivaninha, segurou-a pelo antebraço e ajudou-a a ficar em pé.
?Sakura, você está bem? ?Perscrutou-a com os sagazes olhos ônix.
Ela meneou a cabeça de um lado para outro, o risinho histérico voltou a ecoar pelo escritório suntuoso.
?Ora, será que já não deixei claro que minha vida se resume em meu trabalho? Não posso me casar, Sasuke, certamente que não.
?Casar?! Bom Deus, eu não quero me casar com você! ?Mal havia terminado de falar quando percebeu como o comentário tinha sido infeliz. ?Só estou pedindo que você gere, o meu bebê. Depois que der a luz será livre para fazer de sua vida o que quiser. ?explicou. ?Mas é claro que terá de mudar para qualquer lugar que deseje, contando que seja bem longe daqui. Não quero nenhuma interferência na educação da criança e, mais importante, é imperativo que tentemos evitar um escândalo. Acho que o noroeste dos Estados Unidos serviria perfeitamente a nossos propósitos.
?Você está dizendo que só deseja que eu...
?Gere o bebê. ?Sasuke completou com voz pausada. Ainda a segurava pelo braço e podia senti-la tensa sob seu toque. Então forçou-se a solta-la. ?Como você mesma disse, existe uma impossibilidade anatômica para que eu o faça. Também não quero que pense que estou sendo atrevido e que tenho segundas intenções ao lhe propor tal acordo. Afinal, existem vários procedimentos médicos que podem implantar meu esperma em seu útero sem que precisemos nos tocar. Tudo será...
Sakura deu um passo atrás como se não pudesse acreditar no que ouvia.
?Ah, estou colocando o carro na frente dos bois, não? ?ele correu os dedos por entre os cabelos escuros, então deu um longo suspiro. ?Acredite ou não, esta é a primeira vez que me atrapalho quando vou fazer uma proposta de negócios. E é exatamente o que isto significa para mim, Sakura, um acordo de negócios. ?Esperou um pouco, porém, ao vê-la continuar em silêncio, acrescentou: -Bem, poderia tornar as coisas mais fáceis e dizer alguma coisa, não?
?Eu diria, se tivesse a menor idéia sobre o que dizer em uma situação como esta.
Sasuke assentiu e respirou fundo.
?Você precisa de tempo para pensar a respeito. Por que não se senta enquanto lhe explico as razões que me levaram a escolhê-la para a mãe de meu filho ou filha, e também todas as vantagens que terá se aceitar minha proposta.
?Este é um assunto muito complicado para se discutir, especialmente se você levar em conta que já é quase meia-noite. ?A voz dela ainda soava trêmula, mas por alguma misteriosa razão, Sakura obedeceu e reassumiu seu lugar na cadeira diante da escrivaninha.
Sasuke deixou escapar um suspiro de alívio. Pelo menos Sakura não gritara ou criara uma cena diante do assunto inédito que ele trouxera à baila. Mas, afinal, a Srta. Haruno era uma mulher sensata, e esta havia sido uma das muitas qualidades que o tinham atraído.
?Primeiro, devo confessar que te admiro muito, minha cara. Não para tê-la como esposa, é claro, mas como uma possível doadora de óvulos. Sua inteligência e tino para os negócios me assombram. Isto sem falar no sucesso que fez de sua vida.
?Desculpe, mas como pode saber o que fiz ou deixei de fazer? ?ela o interrompeu com ar sério.
Sasuke arqueou as sobrancelhas. Percebeu que a tinha aborrecido com o que dissera. Por um instante, pensou em disfarçar, mas depois acabou desistindo da idéia. A verdade era sempre melhor do que qualquer mentira, por menor que essa fosse, sua mãe o ensinou bem isso, e ele como um bom e obediente filho, aprendeu.
?Mandei investigá-la. ?confessou, levemente envergonhado. ?Agora, por favor, ouça o que tenho a dizer e irá entender o quanto isso é importante para mim. ?Esperou e quando ela simplesmente o fitou em silêncio, prosseguiu. ?Sei que seus pais, que levavam uma vida muito simples, morreram num acidente de barco quando você tinha apenas dezesseis anos. Também descobri que você trabalhou duro enquanto fazia faculdade para bancar suas despesas, sem obter nenhuma ajuda de ninguém, pois não tem parentes nem amigos.
Enquanto ele continuava, a expressão no rosto de Sakura mesclava orgulho por ouvi-lo falar de suas conquistas. Indignação por sua privacidade ter sido violada, e um pouco de tristeza? Sim, isso mesmo, um pouco de tristeza. Por quê? Ele não sabia. Talvez pela morte dos pais, e/ou sofrimento que passou no decorrer de toda a sua carreira.
?Também sei que nunca teve um relacionamento sério com um homem e que leva uma vida modesta e pacata embora tenha uma poupança substancial num dos maiores bancos do país.
?Parece que fez uma investigação bastante completa, meu caro. ?ela ironizou, ?pelo menos ele não descobriu aquilo...? A rosada pensou.
?Desculpe-me, Sakura, mas tinha de me certificar de que você era a pessoa certa. Por favor, tente entender. Não queria uma mulher que depois de conceber meu filho pudesse decidir ficar com o bebê, ou pior, resolvesse formar uma família comigo e a criança. E tudo que descobri sobre você provou que não tem o menor interesse em se casar ou ter filhos, pelo menos não num futuro próximo. Era absolutamente necessário que encontrasse evidências de que não queria um marido e filhos. E você não quer, certo?
Ela não ousou encará-lo, em vez disso, fingiu prestar atenção em um Cézanne pendurado defronte à escrivaninha.
?Sim. ?Depois de um longo suspiro, fitou-o nos olhos. ?Mas também não estou interessada em ficar nove meses afastada de meus negócios. Carregar um bebê a esta altura de minha vida só iria interferir em minhas metas, para não falar no que faria com minha reputação. Aqui em Willowbrook as fofocas correm depressa. Lembre-se de que estamos em Indiana, meu caro.
?Pensei muito bem a respeito disso e tenho a solução para seus problemas. Posso me oferecer para ajudá-la a reduzir o prazo de suas metas, de cinco para um ano. Também cuidarei para que você passe a morar em outro lugar enquanto estiver grávida e ainda assim gerenciar suas lojas com minha ajuda, e claro, com meu auxílio financeiro para todas as despesas eventuais.
?Faria mesmo isto?
Sakura estava incrédula, mas Sasuke não hesitou.
?Claro! Estou falando sério. Como sabe, posso muito bem me dar ao luxo de bancar tais despesas. Quero um bebê acima de todas as coisas e tem de ser agora. Meu aniversário é no dia quatorze de novembro. Daqui a uma semana. Até meu aniversário do ano que vem, quero estar com meu filho nos braços. Este ano farei trinta e cinco, depois tudo passará muito depressa. ?hesitou, sentindo-se um pouco vulnerável, mas precisava explicar-lhe o que o movia a fazer a proposta inusitada.
Sakura pareceu não entender muito bem o que a idade tinha a ver com aquilo.
?Quero ter um filho logo porque é preciso ser jovem e ter paciência para se brincar com uma criança. Se eu esperar um ano ou dois, terei quase quarenta anos quando o bebê nascer e isto poderá complicar em muito as coisas. Tenho de pensar como minha idade interferirá no relacionamento com meu filho, e isto em longo prazo, principalmente quando ele, ou ela for adolescente.
Sakura o fitou incrédula.
?Você está preocupado com o seu relógio biológico?
Não lhe agradava muito a maneira como Sakura colocou a situação, mas teve de concordar.
?Suponho que esta seja uma das razões.
?Por quê?
?Por que o quê?
?Por que quer tanto um bebê? O que o impede de simplesmente se casar, como todos fazem, e formar sua família da maneira convencional? E por que me escolheu para levar esse seu projeto à cabo?
?Quero um filho agora porque meu irmão mais velho, já tem filhos, e será ótimo para o meu bebê ter primos da mesma idade. Na verdade, meu irmão acabou de ganhar seu terceiro filho, um garotinho, o que me fez perceber o quanto estava perdendo e a falta que sentirei no futuro se não tiver um logo. Não me entenda mal. Adoro ser o tio que mima as crianças de vez em quando. É bom ser amado como o tio, mas não tenho qualquer influência sobre meus sobrinhos. E é isto que me aborrece. Não sou o pai que pode cuidar, educar, eu sou apenas o tio que oferece alguns conselhos ocasionais e nada mais. Além do quê, quero ver alguém nascer e crescer e saber que é parte de mim.
Sakura sorriu.
?Está sentindo o peso de ser mortal, não?
?Imagino que sim. Mas isso não é tudo. Ser um homem de negócios bem-sucedido não é nada comparado ao prazer de se educar um ser humano e prepará-lo para a vida. Meu irmão preferiu não se envolver com os negócios do hotel, em contrapartida, ele tem uma família maravilhosa. E esta é uma realização muito maior do que a minha. Acho que está na hora de fazer as coisas que realmente contam. Quero ser pai, amar e ser amado, como Itachi é.
?Mas, sem uma esposa?
?O tipo de casamento que meu irmão têm é algo quase raro hoje em dia ?confessou, aliviado por Sakura não ter rido de seus sonhos e anseios. ?E perfeito demais para ser real e não acredito que a sorte bata duas vezes na mesma família. Além do quê, o lado ruim de ser famoso e reconhecido como um rico homem de negócios, é que este rótulo acabou por me deixar desconfiado. Nunca sei se uma mulher está interessada em minha conta bancária ou por mim como pessoa.
Sakura o retalhou com o olhar.
?Só pode estar brincando,Sasuke! Será que não faz idéia do quão atraente e másculo você é? ?falou sem pensar. ?Qualquer mulher iria querê-lo, com ou sem esta cadeira de hotéis.
Voltando a se sentar na cadeira da escrivaninha, ele murmurou:
?Menos você.
Sakura fitou-o como se quisesse morder a língua, mas de maneira alguma Sasuke permitiria que retirasse o elogio que acabara de fazer. De repente, ele se sentia como um predador voraz... E Sakura era sua presa. Assim, esperou ansioso pelo que ela tinha a dizer.
?Bem, como disse, tenho outros objetivos em mente. Prefiro manter minha atenção no trabalho em vez de sair por aí caçando um marido, não importa o quão atraente o candidato possa ser.
Sasuke franziu o cenho, observando-a com grande atenção.
?Esta é uma das razões pela qual a escolhi. Sei que nunca me olhou com interesse.
Sakura pestanejou.
?Não entendi.
?Ora, sabe muito bem o que quero dizer. Não corro o risco de você aceitar minha proposta por causa de motivos sexuais e pessoais. ?Dez uma breve pausa então perguntou: -Estou certo, não?
?Ah... É isso mesmo, você está certo.
?Ótimo. É por isso que é a escolha perfeita para me ajudar nessa empreitada. Como já disse, admiro sua inteligência, sua habilidade nos negócios. Tendo nós dois como pais, meu filho ou filha terá uma boa herança genética. Sei que você também tem uma saúde de ferro e que nos últimos dois anos não perdeu sequer um dia de trabalho, nem mesmo por causa de uma gripe.
?Parece que você está mesmo muito bem informado. ?Sakura revidou empertigada, altiva, direta...
?Estou- concordou Sasuke com um leve sorriso que era uma espécie de pedido de desculpas por sua ousadia. ?Mas antes de dizer qualquer coisa, por que não pensa um pouco a respeito de minha proposta? Tem o final de semana todo para refletir e poderá me dar a resposta na segunda. Se concordar, entraremos em contato com o médico que consultei e assim faremos tudo antes de meu aniversário.
Uma ruga vincou a testa alva de Sakura.
?Está se referindo a um procedimento clínico?
?Sim, mas pelo que entendi não é tão mal assim ? Sasuke apressou-se em responder. ?Irei à clínica de reprodução, colherei meu esperma e...
A sobrancelha rosada foi levemente arqueada.
?Colher o esperma? ?Sakura lhe fez eco.
?Isto mesmo. ?As faces de Sasuke estavam queimando e ele se sentiu um perfeito idiota.
?Como exatamente se faz esta coleta, meu caro?
?Este detalhe não vem ao caso. ?A resposta foi dada entre os dentes e Sakura riu. Nunca antes Sasuke havia notado que ela também tinha senso de humor, mas precisava admitir que estava grato por tê-lo descoberto nesse momento desconfortável por que passava. ?Voltando ao procedimento. ?prosseguiu, após um longo suspiro. ?Assim que tiverem meu esperma eles implantarão em seu útero por meio de inseminação artificial. É um processo rápido, segundo me garantiram, e simples.
?Pois para mim parece horrível. ?Sakura retrucou com um muxoxo.
?Reconheço que não é a maneira que a Natureza usaria para que uma mulher engravidasse, mas, certamente, é muito mais impessoal, o que é importante em nosso caso.
?Por quê?
A pergunta simples o confundiu.
?Por que o quê?
?Por que tem de ser impessoal? Por que simplesmente não faz o que é preciso e pronto?
?Fazer o que é preciso?!
Ela emitiu um som desgostoso.
?Ora, estou me referindo a você engravidar uma mulher de quem goste, seguindo os procedimentos normais, meu caro. ?explicou Sakura impaciente.
Só de pensar naquela sugestão Sasuke sentiu um arrepio na espinha e um calor intenso nas partes íntimas e erógenas de seu corpo. Ah, desejo, maldito desejo!
?Quero fazer isto de maneira impessoal, como se fosse uma transação de negócios,Sakura . E ficar nu... ?O arrepio tornou-se mais intenso e teve de fechar o blazer para ocultar o delator de seu desejo. Pigarreou levemente. ?Como estava dizendo, ficar nu e fazer amor com uma mulher não é bem uma proposta de negócios. Aliás, é pessoal demais para meu gosto.
A esta altura da conversa, Sakura parecia mais relaxada e Sasuke desconfiou que ela tivesse notado seu mal-estar.
?Compreendo. ?murmurou sua escolhida, sorrindo-lhe de maneira terna.
?Espero mesmo que sim. ?Sasuke disse, dando um longo suspiro.
?Acho que vou seguir seu conselho e pensar melhor sobre o assunto antes de chegar a uma decisão.
?Fará mesmo isso? ?animou-se ele.
?Claro. Acho que até amanhã à noite já terei me decidido. Por que não me liga por volta das sete e poderemos conversar?
Ele assentiu com um movimento de cabeça. Apesar de tudo estava satisfeito. Não tinha sido uma conversa fácil, mas também não fora tão difícil como havia imaginado. Sakura era realmente, muito sensata.
?Agora preciso ir. É tarde e tenho muito o que pensar ?ela sorriu e começou a se dirigir para a porta como se tivessem tido a conversa mais natural e corriqueira do mundo.
?Sakura? ?Sasuke a chamou quando ela já estava girando a maçaneta. ?Prometo que serei um bom pai. ?Oh, céus, não havia planejado dizer aquilo, não daquela maneira, como se estivesse ansioso por provar suas qualidades!
?Nem por um instante duvidei disso, Sasuke. ?Sakura murmurou, parecendo um pouco triste. ?Ligue amanhã, às sete, e lhe darei minha resposta.
Antes que ele pudesse dizer, ou fazer qualquer coisa, a figura longilínea, curvilínea, bela, e elegante saiu da sala deixando-o sozinho com seus pensamentos e, claro, muitas dúvidas.
Bem, pelo menos uma certeza Sasuke tinha: Sakura Haruno era a escolha perfeita para a mãe de seu filho... Se ela concordasse, obvio.
E se jogando na cadeira em que Sakura estava sentada há segundos atrás. Fechou os olhos e pensou em como seria bom, se Sakura aceitasse o seu pedido. E o moreno acabou não percebendo, mas bem no fundo do seu ser, ele rezava para todos os Deuses que conhecia para que ela aceitasse seu pedido, um tanto quanto, estranho...
Continua...