Xeque-mate, a virada

  • Finalizada
  • Aanonimaa
  • Capitulos 31
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 9 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 9

    Nono ato ? Sonhos inquietantes

    Álcool, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Nono ato ? Sonhos inquietantes

    Caminhava a passos lentos pela areia suave da praia. O céu estava azul claro, limpo e livre de nuvens. Os pássaros cantavam levemente em algum lugar longe dali, criando uma melodia harmoniosa e agradável.

    Não havia preocupações, não havia dores, muito menos mal. O mar estava calmo como os pensamentos daquele rapaz que, naquele momento, em nada pensava se não em como aquela paisagem era linda e perfeita. Pensava em como Deus era exato e habilidoso em sua criação. Aliás, tudo o que Ele criava mostrava sua sabedoria e entendimento.

    Continuou caminhando. A calça que vestia estava dobrada até os joelhos, os pés estavam descalços e a blusa, branca e fina, aberta no peito, balançando ao vento. Seus cabelos loiros e finos lhe vinham nos olhos, e ele os retirava constantemente, tirava alguns fios que entravam em sua boca quando a abria. Aquela brisa calma era deliciosa.

    As leves ondas vinham até seus pés, molhando-os levemente, e ele adorava aquilo. Não havia nada melhor do que sentir a mornidão daquele líquido tão extenso e límpido.

    Estava tudo pacífico demais, e ele chegava até a duvidar de tudo aquilo. Franziu o cenho, repentinamente lhe vinha à mente tudo o que passava, o que passara e que passaria. Suas mãos suavam frias, o canto dos pássaros cessara e a água tocava-lhe mais os pés, chegando até seu calcanhar enquanto no céu nuvens negras apareciam.

    O barulho do mar se tornou evidente. As ondas cresciam enquanto a temperatura esfriava, causando nele um estremecimento toda vez que as ondas traziam ainda mais água para seus pés.

    Um turbilhão de pensamentos lhe sondou. Ela, ela havia abandonado-lhe; ele, ele havia feito-lhe mal. Aquele lugar frio, luxuoso, monótono. A sensação de vazio, a cama grande demais, as intermináveis horas. Lampejos de algo que preferia esquecer vieram aos seus pensamentos.

    Mãos frias, olhos inquisitivos, vozes zombadoras, sensações enojativas. O tempo que não passa, as horas de tormenta, a tristeza avassaladora. Nada lhe pertencia, na realidade nada queria. Preferia apenas o que possuía naquele momento: uma mínima esperança de que um dia encontrasse alguém que ouvisse seus sentimentos antes que sua vida lhe fosse tirada. Talvez escrevesse um livro. É, talvez.

    Olhou ao redor, desolado, procurando algo que sabia que nunca iria encontrar. Por que procurava, então? Para quê procurava? Não havia sentido naquilo, sua vida não fazia sentido.

    Voltou a caminhar pelas areias gélidas da praia. Apressou o passo, chegando logo a correr. As sombras vinham ao seu encontro, queriam tragá-lo, levá-lo, matá-lo, domá-lo. Queriam que ele desaparecesse.

    A sensação de horror, de pavor, medo, angústia, de fim, lhe vinha à mente, ao coração, tocava-lhe o corpo. Sua consciência se esvaia, ela caia em tentação, estava desacreditando na vida, já se ia. Não mais acompanhava seu curso.

    Mas o corpo persistia, a vontade predominava, os olhos desfocados seguiam o instinto, os pés também o seguiam. As palmas das mãos sangravam diante da força imposta pelas unhas contra si. Mas ele não sentia dor ou incômodo, não sentia nada.

    Sentia vontade de chorar, mas não havia lágrimas. Queria gritar, mas a voz não saía. Seus pés corriam cada vez mais rápidos, mais afoitos diante da mensagem do corpo, enviada em forma de calafrios: "as sombras se aproximam; elas se aproximam, as sombras".

    Não havia angústia maior, e sentindo os joelhos fraquejarem ele caiu sobre a areia. O rosto foi repleto pelos grãos juntamente com a boca, as mãos e os pés estavam doloridos e dormentes, mas não havia reação: a mente já há muito dormia.

    Em uma última tentativa de não se deixar ser tragado, o corpo reagiu à sensação dolorosa da presença das sombras e a boca soltou um grito afoito, o primeiro do dia e o último possível:

    ? Não! ? o eco refletia a solidão do corpo e da calma.

    ? Cloud ? chamou Sephiroth, chacoalhando-o pelos ombros ?, Cloud, acorda Cloud ? voltou a chacoalhá-lo.

    Abrindo os olhos, o rapaz fitou-o com olhar vidrado e, virando-se para o lado, colocando a cabeça para fora da cama, vomitou todo o jantar do dia anterior. Solícito, o General debruçou-se sobre ele, segurando-lhe os cabelos loiros e afagando-lhe as costas, ouvindo com incômodo o barulho da regurgitação incessante.

    Cloud ficou segundos daquele modo, soltando tudo o que havia em seu estômago e até o que não havia. Quando terminou, ergueu a cabeça, e Sephiroth entendeu a mensagem, soltando-o e se esticando até o criado-mudo, pegando vários lenços de assoar o nariz.

    Quando o Sargento se jogou sobre a cama, encarando o teto, sua boca estava suja e os olhos molhados de lágrimas, mas seus olhos azuis nada refletiam senão o mesmo que seu silêncio: vazio.

    Se inclinando sobre o rapaz, Sephiroth limpou-lhe os lábios com delicadeza, fazendo o mesmo com os olhos. Tocou a testa e o pescoço dele, medindo sua temperatura e constatando que Cloud estava com febre, alta demais para que o General relaxasse.

    Pegou um pote de comprimidos e um copo de água que estavam dispostos ali perto e entregou para Cloud, auxiliando-o na hora de tomá-los e depois os descartou, cobrindo o rapaz e deitando ao seu lado, abraçando-o pela cintura.

    Queria questioná-lo, mas sabia que era essencial que ele descansasse, afinal, havia acontecido algo muito sério com Cloud para que despertasse daquele modo. Solicitaria que alguém fosse limpar o quarto pela manhã, afinal, eram três horas da manhã, não encontraria ninguém acordado e disposto a limpar o chão, nem ele o estava.

    Se via cada vez mais envolvido com seu pequeno znyaz ao ponto de se preocupar com ele, com seu passado. Ansiava saber o que acontecera com Cloud, quem ele verdadeiramente era, quais suas feridas, seus pesadelos, do que ele fugia.

    Sim, Sephiroth sabia que ele fugia de algo e temia que aquele algo pudesse aparecer no grupo e amedrontar seu Cloud, fazendo-o ir embora para nunca mais voltar. Iria protegê-lo, mas do quê? Se não soubesse de onde vinha seus temores não poderia ajudá-lo mesmo se pudesse. Suspirou, fechando os olhos. Tudo ao seu tempo, murmurou para si mesmo, tudo ao seu devido tempo, e dormiu.

    Cloud rolou na cama preguiçosamente, abrindo os olhos minimamente para fitar o teto claro do quarto ao qual já estava acostumado. Seus braços se esticaram em um espreguiçar lento, demonstrando que ele ainda estava entorpecido pelo sono.

    Gemeu de leve, deliciado ao ouvir seus músculos estalarem. Havia dormido a noite toda naquela posição e seu corpo reclamava de desconforto, mas ignorou, virando o rosto para o lado à procura de algo que não achou.

    Cerrou os olhos, bocejando longamente. Logo os belos orbes azuis varriam o quarto em busca de seu objeto de desejo e agradecimento, e viu-o lá, bebendo em um único gole todo o whisk do pequeno copo transparente. Sephiroth?

    ? Bom dia ? exclamou preguiçosamente, se mexendo levemente na cama, procurando uma posição mais confortável para fitar o General.

    ? Bom dia ? respondeu a voz fria, impenetrável, fazendo os sentidos de Cloud se alertarem.

    ? Aconteceu algo? ? questionou sentando rapidamente na cama, olhando-o com olhos preocupados.

    ? Já está na hora de você começar a falar, Cloud ? disse Sephiroth calmamente, o tom cortante não era capaz de vencer o verde gelado dos olhos. Algo acontecia entre eles naquele curto silêncio que tomou o quarto.

    ? Eu estou falando, Sephiroth, aliás, falei bastante nos últimos tempos ? respondeu sério, não sabendo o que dizer ou ao que o outro se referia.

    ? Não tente enganar-me, garoto! ? rugiu ele, assustando Cloud. ? Está na hora de você começar a falar sobre você ? explicou, vendo os olhos azuis crescerem no rosto que perdia a cor.

    ? O que quer dizer? ? perguntou o Sargento confuso.

    ? Que exijo que comece a contar como foi parar na fronteira ? a voz cruel cortava o peito de Cloud como agulhas afiadas.

    ? Você? vai me obrigar? Eu não quero falar sobre isso ? murmurou Cloud desviando os olhos para o chão.

    Não foi capaz de ver o arrependimento passar pelos orbes verdes, mas com o lampejo com que veio, tal sentimento se foi quando Sephiroth se aproximou da cama, segurando o rapaz pelos pulsos e erguendo-o, amarrando-o com um lençol na cabeceira da cama com destreza e rapidez, assustando Cloud.

    ? O qu? ? iria falar, mas foi interrompido ao receber um tapa nas coxas, que fez seus olhos se encherem de lágrimas. O couro da luva machucara sua pele sensível.

    ? Você irá falar por bem ou por mal ? decretou Sephiroth, virando-o de bruços na cama.

    Não podendo ver o que acontecia, arregalou os olhos, soluçando ao ouvir o barulho de fivela sendo puxada. Não conseguia acreditar no que acontecia, será que ainda estava dormindo? Era aquilo um terrível pesadelo? Esperava sinceramente que sim.

    ? Eu? Eu? Por favor? Eu? ? Cloud tentava falar, mas as palavras não saíam, não se reunião para criar uma frase inteligível.

    Gritou de dor quando algo desceu contra seu bumbum, causando uma dor infernal que, no fundo, não era tão forte nele quanto poderia ser, mas a surpresa havia feito arder fortemente.

    ? Diga Cloud, diga ou irei bater em você novamente ? e, sem esperar resposta, outra açoitada foi feita contra a pele pálida.

    Sephiroth arfou, tamanha a força que colocava em si mesmo para bater no rapaz com uma força controlada. Ao não ouvir o que queria, bateu nele mais uma, duas, três, várias vezes, seus olhos abertos nada viam, mas a voz baixa do rapaz lhe tirou do transe.

    ? Eu? te odeio ? o sussurro acompanhou a rendição do corpo esbelto, que se deixou apanhar mais duas vezes sem qualquer aversão.

    Se afastando da cama, Sephiroth fitou-o lá, deitado. O corpo antes branco como leite agora estava vermelho e cheio de hematomas. O desenho do cinto perfeito nas nádegas e nas costas, alguns filetes de sangue escorriam e manchavam a cama desarrumada.

    "Eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio?" a frase soava como música aos seus ouvidos, uma melodia mortífera, capaz de deixar qualquer um alucinado. Não queria pensar em nada, e se arrependeu ao ver o rapaz virar na cama, fitando-o com olhos repletos de ódio, uma promessa silenciosa de que as coisas não ficariam daquele modo.

    Arrependimento? Ah, não, não mais havia. Sabia porque batera nele e bateria de novo e de novo se fosse necessário. Cloud merecia aquilo e muito mais, muito, muito mais. Iria dizer algo, exigir que ele começasse a falar, mas a porta de seu quarto foi aberta por um Vincent distraído.

    ? Sephiroth, os Senhores acabaram de chegar. Perguntaram se a reunião poderia ser feita agora, pois? ? ele parou de falar ao fitar o rapaz na cama, arfante, fitando o General com olhos gélidos.

    Cloud mexia os braços abruptamente contra a cabeceira de propósito, queria mais dor, assim não deixava o desapontamento fazer-lhe chorar. As marcas em suas costas ardiam e a dor em seu coração era muito pior do que qualquer outra que já houvesse sentido.

    ? O que aconteceu aqui? ? questionou o Coronel confuso, cerrando os olhos quando viu as marcas no corpo de Cloud.

    ? Leve esse verme para longe daqui, não quero vê-lo tão cedo. ? ordenou Sephiroth, voltando a vestir o cinto de couro que parecia majestoso e poderoso depois de ser usado contra o rapaz. ? E mande alguém vir limpar este quarto, não quero nada relacionado a esse traidor aqui ? e saiu, deixando um confuso Vincent para trás.

    O longo silêncio que se prolongou era agonizante, e Cloud iria falar algo, mas um acenar negativo o fez aquietar-se.

    Caminhando até a cama, Vincent soltou-o com calma, fitando as marcas vermelhas que já assumiam uma tonalidade clara de roxo. O Coronel crispava os lábios para que a pergunta que lhe atormentava não saísse e o traísse. Suas mãos agiam rapidamente em prol do rapaz e seus olhos cerrados demonstravam piedade, mas tudo o que fazia era automático.

    Era fatal que alguma ação do General fosse questionada. Seu poder era absoluto e, mesmo que fosse seu amigo e abaixo dele, o maior no grupo quando Sephiroth estava fora, ainda não lhe era dado o poder de questionar o que quer que ele fizesse.

    Cloud, entendendo como era o sistema dentro de um grupo, deixou o Coronel lhe tratar, ficando quieto e obediente. Um pano úmido foi passado em suas feridas recém-abertas, logo seguido de uma pomada que fê-lo tremer de agonia, ela era gelada e ardia.

    Roupas casuais foram postas em si, e Vincent ligou, do telefone do quarto do General, para alguém, ordenando que fossem ao quarto de Sephiroth e o limpassem, retirassem os pertences do Sargento e levassem para o quarto dele. Depois de desligar, rumou até a cama e retirou o lençol, enrolando-o e jogando-o no cesto de roupas para que ninguém visse o sangue. Apenas os três precisavam saber o que se passara ali.

    Com delicadeza Vincent pegou Cloud no colo, arrumando-o em seus braços enquanto rumava até a porta entreaberta. Ao sair, fechou-a com o ombro e rumou ao final daquele corredor, onde sabia estar situado o quarto do Sargento ? Sephiroth fizera questão de que ele fosse perto o suficiente para que pudesse chegar até lá rápido, mas longe o suficiente para que Cloud tivesse privacidade.

    Com certa dificuldade conseguiu girar a maçaneta e logo colocava o rapaz sobre a enorme cama limpa e vazia, cobrindo-o com a coberta felpuda e quente.

    ? Você tirará o dia de folga. Todos os membros do grupo têm direito a um dia de folga a cada duas semanas, aproveite esse descanso, será bom para você ? explicou enquanto andava até a janela, puxando as cortinas de cor creme para que o sol da manhã não penetrasse o quarto.

    ? Acho que o Kadaj não gostará de saber que você me carregou até aqui nos braços ? comentou Cloud divertido, vendo os lábios do Coronel se crisparem, aparentemente ele ainda não aceitava que o namorado houvesse ido viajar.

    ? Kadaj me espancaria se soubesse que não lhe ajudei ? respondeu dando de ombros, seu olhar distante.

    ? Você? Não se preocupe com o que houve? Fui eu quem o instiguei e o deixei nervoso ? comentou o Sargento mordendo os lábios, temeroso.

    ? Não importa o que você fez, Sephiroth não deveria tê-lo tratado de tal modo, mas deixemos isso de lado. A vontade dele dentro do grupo é lei, e questionar seus atos é pior do que traí-lo ? contou Vincent, vendo o rapaz acenar positivamente, entendendo que suas suspeitas estavam certas.

    O Valentine não se demorou muito por lá. Possuía obrigações como Coronel e sabia que Cloud estava seguro em seu quarto, por isso retirou-se silenciosamente.

    O Strife relaxou sobre a cama, sentindo a incômoda ardência em suas costas evidenciar tudo o que havia acontecido naquele dia. Um dia que mal amanhecera e já se mostrava um dos piores dias que já tivera.

    Fechando os olhos, Cloud se deixou levar pelo momento. Se encolheu sobre a cama, tentando relaxar. Não era hora para pensar em detalhes, precisava esquecer aquele acontecimento e se firmar no fato de que, apesar de tudo, Sephiroth não o expulsara do grupo, apenas? apenas? lhe expulsara de sua vida.

    Lágrimas de dor se formaram em seus olhos, mas, desta vez, não era de dor física, mas sim sentimental. O General lhe banira de seu quarto, de seus dias, de sua vida. Sephiroth via-o apenas como um problema, e estava na hora de sumir, de se tornar invisível.

    "Manchado com dor eu faço um lamento, oh deusa da esperança, que tu me torne invisível a quem eu amo, não quero magoá-lo, ele não mais me deseja. Sua vontade é uma ordem, e meu pedido um pensamento, que assim seja feito."

    O leve som dos pássaros cantando no jardim da mansão fez Cloud lentamente adormecer.

    Estava em um lugar quente, podia sentir a quentura do ambiente em sua pele. Bocejou, abrindo os olhos lentamente, fitando o céu azul que se estendia pelo campo verde. Inspirou, o cheiro suave de mato e a essência das flores fê-lo sorrir para si mesmo, feliz.

    De repente, como em um conto de fadas, seu príncipe encantado vinha em sua direção. O vento bagunçava-lhe os longos fios albinos e os passos firmes cortavam o campo com determinação.

    De longe não podia distinguir os olhos, mas sabia que eles eram verdes, e que lhe fitavam com persistência. A cada passo que era dado, mais rápido o coração de Cloud batia, e mais suas mãos suavam. A sensação era indescritível e, quando ele parou em sua frente, o rapaz perdeu o ar.

    ? Se-Sephiroth ? gaguejou, sentindo-se um inseto perto do corpo forte, de ombros largos e altura perfeita para um soldado.

    ? O que está fazendo aqui sozinho, Cloud? ? perguntou ele suavemente, a voz profunda e rouca fazendo os pelos da nuca do rapaz se eriçarem.

    ? Eu? ? por que mesmo estava ali fora? ? Eu estava te esperando ? respondeu sincero, corando levemente.

    ? Mas você sabe que é perca de tempo. Eu não voltarei para você e nem com você, já lhe disse várias vezes ? disse seco, os olhos antes serenos tomavam uma tonalidade gélida de verde.

    ? Como assim, Sephiroth? ? questionou desesperado, não podia acreditar no que o outro dizia.

    ? Não voltarei para você enquanto não me contar, Cloud. ? explicou, tocando levemente o rosto pálido, fazendo um carinho sutil nas bochechas coradas. Apesar do gesto carinhoso, estava distante. ? Quero saber tudo sobre você, me conte o seu passado e me deixe fazer parte do seu futuro.

    ? Se eu te contar você me deixará ? disse o rapaz aflito, lágrimas geladas escorriam por seu rosto, morrendo nos lábios trêmulos.

    ? Eu não o deixarei, meu znyaz, não o faria, mas preciso urgentemente saber mais sobre você ? sua voz se tornara pastosa, suave, sem qualquer traço de mal-humor ou raiva.

    ? Tudo bem, eu lhe conto. ? disse ele sorrindo amoroso. ? Eu? Eu era a mulher de um guerreiro de Tempestade? ? começou, mas parou ao ver o rosto de Sephiroth se contorcer de fúria.

    ? O que você quer dizer? ? questionou revoltado, descendo a mão para o pescoço alvo e apertando-o com força, seus olhos se tornando escuros, uma áurea assassina lhe envolvendo.

    ? Eu era a prostituta de um soldado. ? Cloud cuspiu a verdade, seus olhos se enchendo de lágrimas. ? Eu disse que você me deixaria quando soubesse! ? acusou, apertando fortemente os punhos até sentir as unhas curtas cortarem as palmas sensíveis.

    ? Você era a prostituta! ? replicou com nojo, soltando Cloud para empurrá-lo contra o gramado verdinho. ? Hum? Se você era um promíscuo, não se importará se me satisfazer sem qualquer compromisso. Vou fodê-lo forte e te deixar aí jogado, ninguém o procurará, Cloud, você não tem ninguém.

    O rosto em fúria assustou o rapaz. Ele estava tão em choque que sua voz não saía. As mãos agitadas de Sephiroth rasgavam suas roupas com selvageria, machucando sua pele e causando-lhe nojo de si mesmo. Até o homem que amava não o queria. Talvez fosse melhor aceitar o pouco que ele lhe oferecia a morrer sem nada, caso contrário, se arrependia eternamente.

    Se manteve imóvel todo o tempo em que o General lhe despia com fúria, apertando várias partes de seu corpo sem qualquer escrúpulo, desejo brilhava em seus olhos desfocados.

    Quando ele abriu a calça, revelando o membro sexual túrgido, e puxou Cloud contra seu corpo, penetrando-o em um único movimento, seco, o rapaz foi incapaz de continuar impassível.

    ? Não! ? gritou Cloud, se levantando. Arfante, ele tocava o peito sentindo a dor profunda que se alojava no local.

    Seus olhos azuis e perdidos levaram minutos para captar o que acontecia ao seu redor, e demorou para ele notar que estava em seu quarto, sentado na cama, suando frio e arfante. Havia sido um sonho, outro sonho, não queria tê-los.

    Sabendo que, se deitasse continuaria tendo aqueles pesadelos horríveis, jogou a coberta para o lado e se levantou, procurando sua farda e vestindo-a com pressa, iria trabalhar, fazer seus deveres diários, observaria soldados, assinaria papéis.

    Não se importava com as feridas, elas apenas ardiam. Faria o possível para não esbarrar com Sephiroth pelos corredores, ou melhor, não esbarraria com ele mesmo se ele quisesse.

    Ficar deitado, remoendo sua própria dor, nada resolveria.


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