? Então, o destino dela seria a morte de qualquer jeito. ? concluiu categórico.
? Não, cavaleiro, não é tão simples assim. ? contradisse a velha mestra ? Apesar de ser assim que seria, não foi desse jeito que as coisas aconteceram.
? Então como aconteceram?
? A armadura de prata da estrela Astréia possui um poder que só pode ser liberado quando for destruída. Somente a amazona que a possui pode fazer isso. E por um breve período ela adquire um certo ?poder divino?. Por esse breve período... ela torna-se uma deusa. ? fez uma pausa, um sorriso triste curvou-lhe os lábios ? Mas todo tipo de poder tem um preço, não é?
O cavaleiro de Cisne não respondera a essa pergunta retórica e a mulher continuou.
? Diz uma antiga lenda que há muitos anos atrás existiu uma deusa que escolheu viver entre os humanos. Durante o tempo que ela esteve no nosso mundo, conheceu todas as faces de nossa espécie, a boa... e a ruim. ? respirou profundamente antes de prosseguir ? Mas Astréia, esse era o nome da deusa, ficou tão chocada e triste com a crueldade e injustiça que presenciou no mundo que voltou aos céus em forma de cometa, assustada com tudo isso. Lá ela abdicou de seus poderes divinos a fim de que a terrível dor que sentia em seu coração desaparecesse. Sem seus poderes e também sem qualquer outro sentimento, inclusive dor e amor, ela então se transformou na mais fria estrela da constelação de Virgem.
? E a armadura dela tem esse mesmo destino?
? Se ?ela? queria resgatar o poder divino de Astréia no ritual, sim.
? Mas a armadura continua nesse mundo. Como isso é possível?
A mulher então riu baixinho deixando-o mais intrigado.
? Aska ainda está nesse mundo, não é? Então por que a sua armadura não haveria de estar também? ? ainda sorrindo ela explicou ? A armadura é eterna, assim como a estrela que representa. Não desaparece.
? Então como...?
? A armadura libera o poder pelo período certo para sua amazona... ? interrompeu-o ? ...e então a abandona indo renascer em seu lugar sagrado.
? O Pathernon. ? deduziu, pois era onde localizara a armadura alguns dias atrás.
? Astréia era uma deusa muito ligada à justiça, nada mais natural que o templo da deusa da justiça, Athena, fosse o lugar sagrado de sua armadura, não acha?
? A senhora mencionou um ?preço? para o poder da armadura. O que isso quer dizer?
? A vida, cavaleiro... a vida. Como quem usa a armadura é uma mortal e não uma deusa, algum poder precisa ser consumido para que o ritual se realize.
? E a vida seria o maior poder de um corpo mortal...
? Sim. Ela se consome no processo.
Ele franziu o cenho, visivelmente confuso.
? Não me parece uma troca justa. A senhora mesma não acabou de dizer que Astréia era uma deusa muito ligada à justiça? Como pode um ritual tão injusto assim fazer parte de seu legado? ? citou as etapas ? Primeiro usa-se todo o cosmos para tentar destruir a armadura, em seguida o poder de uma deusa é liberado para quem conseguiu isso por um curto período de tempo, quando o tempo acaba a vida dessa pessoa é consumida por completo e então... ela morre? ? estava intrigado e ao mesmo tempo confuso com o sentido daquelas palavras. Por fim perguntou ? O que se espera conseguir abreviando a própria morte desse jeito em troca de alguns instantes de poder?
? Talvez... um milagre cavaleiro. Talvez um milagre... ? foi a resposta enigmática da mestra que treinara Aska para o Cavaleiro de Bronze de Cisne quando este havia interrogado-a sobre os fatos estranhos que haviam acontecido com a Amazona de Prata de Astréia.