? Você ainda... mas... eu achei que não se importasse... - os olhos presos na longa e fina corrente de prata descendo quase imperceptível do pescoço do ex-capitão. Um anel minúsculo pendia no fio.
? O que, isso? Não é nada demais. Me esqueci de tirar, eu acho. mas me traz lembranças boas, apesar de tudo.
Doeu ouvir aquele descaso, mas ver aquele anel de novo era um choque. Nunca usara jóias por toda sua vida, excerto aquele anel, achado sob as pétalas de uma cerejeira, depois de um vendaval. E aquele anel, tão especial em sua origem, foi dado sem hesitação àquele que a fazia se sentir especial. Definitivamente, ela não sabia mais o que dizer. O choque pareceu tê-lo divertido, um sorriso brotou de seus lábios como ainda não tinha se visto. Animado, ele a deita no chão de novo, com uma certa agitação.
? Parece que eu te assustei. Fique tranquila, não farei nada de mal a você, não poderia, depois de tudo o que já fiz. - um sorriso se abriu no rosto de Hinamori - Matar você agora é a última das minhas prioridades, se eu não consegui naquele dia, não vai ser agora, antes de terminar o que eu comecei.
Uma onda de pavor cobriu a pele da menina de suor. Aizen a pôs deitada de bruços no chão, presa em seus braços. Se divertia com a resistência oferecida. Ela se debatia, e era facilmente contida, coberta pelo corpo do seu antes adorado taichou. Aizen terminou de soltar-lhe os cabelos, e os agarrou, rente a nuca. Deitado sobre ela, a ouvia choramingar enquanto lhe mordia o pescoço e as orelhas. Sabia do seu conflito mental, mas a respiração sobressaltada denunciava-lhe o desejo, maior que qualquer receio ou medo. Ela negava, qualquer uma negaria, ele não dava a mínima. Divertia-se com o sabor do seu pânico. A sentia vibrar quando roçava entre suas pernas, sem forçar a entrada. Sentiu seus olhos virarem quando desceu uma das mãos e lhe tocou, os dedos molhados instantaneamente. Com os corpos entrelaçados, costas arqueadas e suores misturados, a alquimia das palavras se deu, e o que antes era "não, por favor, pare, taichou" tornou-se "ah taichou, por favor, continue, continue!"...
Não haviam mais objeções ou dúvidas em seus olhos, ela suplicava ao capitão. Queria o seu corpo, que lhe completasse, que lhe tomasse pra si.
? Por favou, taichou! - as mãos agarrando a poeira do chão, o capitão agarrando seu ombro e virando-a pra cima, sem muito tato dessa vez, pregando seu corpo no chão.
? É o que você quer?
? Sim, taichou, eu quero!...
? Implore.
? Taichou!...
? Peça direito, malcriada - a maldade nos olhos, revelando um dragão dentro de si.
? Por favor, eu quero, Aizen, por favor faça!... Ai...ai... AIZEN TAICHOU!... - agarrou-a pelos quadris, penetrando de uma vez. Fazia com força, um gemido alto pra cada estocada, indo tão fundo quento podia. Não havia diferença tão grande entre os sons do choro e do prazer de Hinamori, então, donde não se conseguia enxergar os dois juntos, parecia uma terrível sessão de tortura. Aizen conhecia bem as nuances dela, mas apreciava a proximidade tênue dos sons. Por vezes, fazia de mal jeito, pra machucar mesmo, e ouvir a transição pra dor, pro êxtase, e pra dor e êxtase novamente.
? Aizen-sama, daquele jeito... por favor, ahhh!... - ele fecha uma das suas mãos em torno da sua garganta, a um passo de sufocá-la, e lhe puxa os cabelos, a cabeça para trás. Ela crava as curtas unhas em suas costas, brotam oito linhas dum vermelho vivo e brilhante, e mais quatro, e mais quatro, a cada puxão, a cada empurrão e grito abafado, sufocado.
? Gosta disso? Responda, responda...
? Sim, sim, Aizen, meu... meu taichou...
? Então implore, como se deve.
? ...! - sem ar pra qualquer resposta, ela suplica com os olhos. Ele libera sua garganta e usa a mão livre para esbofeteá-la.
? Diz agora, o que você é, pra todo mundo ouvir! - outra bofetada.
? Ai, taichou, seu neko, seu chibbi-neko, kawaii! - urrando, voz doentia e doce.
? Isso, gatinho mimado e malcriado, isso é o que você merece! - Bofetada e mais urros alucinados de Hinamori. Os olhos virados, ela sorri feliz como nunca.
? Mais, mais, de novo, taichou!
? HInamori-kun... Momo-chan, Su...suki.... Ah!... - perde as palavras, e o controle da situação. Soltara os cabelos de Hinamori, e ela se agarrara aos seus, da mesma forma. Ele a prendia no chão pelos ombros, e lhe metia com força, mais rápido, e rápido e mais rápido, até desabar exausto e corado sobre o corpo da menininha. Ela ainda tinha no rosto os sinais do orgasmo, violento e por tanto tempo desejado. Fecha os olhos, sorvendo de novo o cheiro do seu querido taichou. Adormecem ali por alguns minutos...
E, pra variar, Hinamori acorda sozinha. Largada a um canto de Karakura, ouvindo de longe um apavorado capitão Hitsugaya a procurando. Não se sabe como, suas vestes estavam inteiras de novo, e perfeitamente arrumadas, na medida possível para alguém que dorme com um uniforme no corpo. Perto de si, havia um delicado embrulho, endereçado a ela, sem assinatura. Os óculos pretos, com um bilhete, cujas letras e o cheiro denunciavam a autoria.
"Momo-chan,
Seja feliz em sua vida,
e lembre-se que eu lembrarei de você,
onde quer que esteja. Se quiser,
é só me chamar, e eu vou te buscar.
Tenho um lugar guardado pra você aqui,
do meu lado."
Corou ao ler o bilhete, e foi, correndo o quanto pode, atender aos chamados de 'Gaya. Lembrou-se de cada detalhe no caminho. Pode ter sido uma ilusão. Mas, os óculos... e as marcas, não, definitivamente, foi real. Uma frase interrompida, ao gozarem juntos, o que era?... O que Aizen Sousuke começara a dizer naquela hora, ela nunca teve certeza, mas o que ela lhe diria, se não tivesse dormido tão depressa, ela lembra com toda a nitidez.
? Apesar de tudo, Aizen Sousuke taichou, aishiteru...
Apertou os óculos contra o peito, os guardou dentro do quimono, e apertou o passo. Já escurecera, e uma garoa fina começara a cair.