Já o segundo capítulo? Essa história voa DD: Esse foi o preço, um simples pedido.
Tudo pareceu um sonho ruim, e apenas isso. Maria olhava seu reflexo mórbido em uma vitrine de uma loja esnobe, quanto tempo havia se passado? Fazia quanto tempo que ela havia andado por becos escuros e imundos? Quando fora a última vez que ela desfilara em uma avenida, se encostara nos carros e abertara os seios para conqusitar seus clientes? Parecia que faziam anos que ela fora espancada e estuprada, jogada para a morte. Realmente parecia ter sido há muitos anos atras, mas pelas suas contas, mal se passaram duas semanas, mais ou menos. Sua sorte havia tomado rumos estranhos, e por mais que ela lutasse para acreditar no que havia acontecido naquela noite, tudo parecia assustadoramente confuso, aquele homem sem nome nunca mais aparecerá, e de qualquer maneira, ele tampouco era um homem de verdade, não poderia ser... Um homem não terá a levantado tão facilmente, quase como se estivesse a levitando, nem poderia curar completamente seus ferimentos, e essa onda de sorte que caíra sobre ela na forma de uma herança de um parente distante, nada disso faria sentido se pensasse apenas em possibilidades possíveis, para tudo que ela vivia agora ser aceitável ela teria de começar a considerar o humanamente impossível também.
Foi quando ela se deu conta que alguém a olhava pelo reflexo da vitrine, olhos que queimavam, duas jóias brilhantes do verde esmeralda mais extraordinário que ela já vira.
Seu coração deu um pulo e ela se virou de repente para trás procurando o dono daquele olhar porém ela não viu nada a não ser o movimento da rua, assustada e com o coração aos pulos ela voltou os olhos para a vitrine tentando controlar seu nervosismo, procurando por aqueles olhos verdes novamente, ela estava ficando louca. Então resolveu que era hora de voltar para o apartamento que havia vindo junto com a herança misteriosa, um lugar confortável e custoso demais para a maioria das pessoas, uma cobertura no centro da cidade.
Ela andou com pressa, com os olhos presos no chão, ainda indecisa, se perguntando se deveria ou não acreditar no que havia visto, foi quando esbarrou em alguém, o impacto teria a feito cair se essa pessoa não tivesse a segurado pelo braço, ela levantou os olhos para essa pessoa o mais rápido que pode já bolando uma desculpa.
Porém a desculpa ficou presa em sua garganta, e o que fugiu por seus lábios foi um gemido baixo, lá estavam aqueles temíveis olhos verdes.
-Deveria tomar mais cuidado. ? disse ele soturnamente.
Ela não queria se recompor, não queria responder, queria ter o poder de sumir.Como uma presa encurralada, até ela mesma já podia sentir o cheiro do seu próprio medo.
-Desculpe. ? disse ela por fim.
-Maria, não tem nada a temer. Eu não vou te fazer nenhum mal. ? disse ele.
-Co-co-como se chama? ? gaguejou ela.
Ele varreu o ambiente ao redor dela com os olhos de maneira preguiçosa e esnobe.
-Pode me chamar de Belial. ? disse ele.
Ela estava tão assustada com a situação que nem se deu conta do nome que ele havia dito. Se ele se chamasse Belial, Azazel, Gabriel ou Jesus, ela não notaria a mínima diferença, apenas estaria tremendamente assustada.
-Você já deve ter se acomodado em sua nova vida, suponho eu?
Ela pensou alguns instantes sobre como deveria responder àquilo, ela havia voltado a ficar em pé por sim mesma fazia algum tempo e depois de um suspiro, com o resto de toda sua força, ela respondeu.
-Sim, qualquer um se acostumaria com uma vida como essa.
-Bom. ? disse ele com um sorriso afável que fez seu coração congelar ? Então temos assuntos a tratar, mas não aqui. Leve-me para esse seu apartamento.
Com uma discreta mesura ele acenou para ela mostrar o caminho, então ela seguiu com ele a seguindo pelo lado esquerdo. O caminho não era longo mas era demorado o suficiente para ela ficar cada vez mais ansiosa.
Quando chegaram ao apartamento, e ela o deixou entrar primeiro para fechar a porta atras dela, por estranho que pareça ela estava preparada para o que quer que ele fosse dizer para ela. Ele se sentou no sofá próximo a janela, o sol minguado daquela tarde nublada banhava seu rosto com uma claridade que o fazia parecer diabólicamente bonito.
-Então, o que tem a dizer? ? perguntou ela se aproximando.
-Primeiro sente-se. ? disse ele.
Assim ela o fez, em silêncio esperando que ele falasse algo, os densos olhos brilhantes dele estavam concentrados nela de uma maneira inumana, e quando sua voz voltou a se pronunciar no silêncio do apartamento, foi cruel como um trovão da meia-noite.
-Você terá um filho meu Maria das Dores. ? disse ele.
Essas palavras a tomaram em um choque.
-Filho seu?
-Veja, nós fizemos um pacto naquela noite. Eu te salvei, mas eu não iria faze-lo senão esperasse algo em retorno. Lembre-se, você me escolheu também.
-Para que deseja um filho? ? perguntou ela.
Ele tateou suas mãos as massageando descuidadamente, quase como se aquela ação fosse automatica.
-Pelo mesmo motivo que todos os seres como eu um dia quiseram ter um. Não é por sentimentalismo, é por obrigação.
-Obrigação?
-Acredite em mim, não é um assunto que você deva se preocupar. E agora você sabe do que eu preciso, sabe do meu preço e eu vim cobra-lo.
-Eu...Eu não sei o que responder. Eu não posso ter filhos. ? disse Maria.
-Sim você pode, eu me assegurei disso naquela noite. ? disse ele.
Maria tocou seu ventre instintivamente. Ela poderia? Não era mais uma fruta seca e amarga? Sua mão se fechou com força.
-E você só me pede um filho?
-Exatamente. Depois disso você pode continuar sua vida, formar uma família, ter outros filhos se desejar. Não é muito, vê?
-E o que preciso fazer? ? perguntou ela.
-Bem, de onde você veio, suspeito que você saiba muito bem o que deva fazer.