Pra Sempre

Ficamos ali até umas 4:30h da manhã. Depois fomos pra casa. Fui pro meu quarto ?pisando em ovos? para que meus pais e meu irmão não acordassem. O difícil agora era dormir, depois do show, depois dos beijos, depois de tudo. Ah Alex, eu estava completamente apaixonada por você.

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Cap. 23

- Anne!... Anne!... ? Ouvi chamar meu nome, provavelmente era a minha mãe.

- ANNE!!!

- Quê, mãe?... ? Abri meus olhos devagar e fui tentando apoiar os braços para sentar na cama.

- Ontem eu vim ver se já tinha chegado 4h da manhã e você não estava!!! ? disse ela.

- Desculpa mãe, Alex e eu chegamos umas 5h.

- E então, como foi o show? ? perguntou ela, toda curiosa.

- Foi ótimo. ? sorri de canto.

- Como assim ?ótimo?? Menina, você vai me contar isso direito.

Dei risada e pedi pra que ela me deixasse tomar café primeiro. Não sei se devia contar do pedido de namoro, afinal de contas eu ainda não sei se Alex tá falando sério mesmo ou se foi efeito do show.

Terminei de tomar café e sentei-me na sala com ela do meu lado, com a cara de quem queria saber de tudo. Mas antes de abrir a boca, bateram na porta. Fui atender. Era o Alex.

- Bom dia! ? ele veio me abraçar com aquele sorriso lindo no rosto.

- Bom... dia. ? respondi meio sem jeito.

- Seus pais estão?

- Estamos sim!! ? gritou minha mãe da sala, já vindo recebê-lo na porta. Meu pai, que ia subindo as escadas, resolveu descer. Meu Deus, o que ele queria com meus pais?

- Ontem eu fiz um pedido a sua filha, ela aceitou. Mas eu quero a aprovação de vocês também. Dona Clarice e Sr. Augusto, vocês me permitem namorar a Anne?

- Claro que sim!!! ? Já foi gritando minha mãe. Eu já estava querendo enterrar a cabeça no chão por ele estar aqui falando isso, imagine com minha mãe praticamente me entregando?! Eu queria enterrar o corpo todo!!

- Bem, err... Se você a faz bem... eu não vejo nenhum problema... ? mentira. Meu pai tava morrendo de ódio por dentro.

Ficamos ali, eu ainda parecendo uma pimenta malagueta, minha mãe com um sorriso de orelha a orelha, meu pai meio emburrado, meu irmão Sean gritando ?eca? pra nós dois, e Alex todo feliz, conversando com meus pais. Logo os dele chegaram também para compartilhar a felicidade do momento.

Certa vez, antes de eu estar namorando Alex, um amigo meu, que gostava de uma menina que mudou de cidade disse: ?Não importa onde ou quando, mas um dia nós vamos poder ficar juntos com nossas almas gêmeas. Está escrito, e ninguém pode apagar.? Será que Alex era minha alma gêmea?

------ 6 MESES DEPOIS, JANEIRO ----------------------------------------------------------------------------

Acabara de sair o resultado do vestibular. Eu estava morrendo de medo de ver. Alex tentava me acalmar de todas as formas, mas eu estava suando frio.

- Meu amor, por favor, olha logo!!! Quanto mais você demora, fica mais nervosa! ? disse ele.

- Eu não consigo...

- Então quem vai olhar isso sou eu!

Alex me pegou no colo, me tirando da cadeira em que eu estava à frente do computador. Esbravejei, gritei, tentei chutar, mas não deu outra: ele me segurou e viu o resultado.

- Mô... ? parei de gritar para escutá-lo ? você passou!!!!!!!

- O quê? AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH.......... ? ele abafou meu grito com um grande beijo.

Meu irmão e meus pais ouviram a gritaria, e quando souberam da novidade, gritaram também.

- Não acredito que minha namorada vai ser advogada!!!!! ? Alex brincou comigo.

É. Advogada. Eu não podia nem acreditar que tudo estava dando tão certo.

--------- 7 ANOS DEPOIS ----------------------------------------------------------------------------------------

O meu primeiro ano de trabalho acabava de se concluir com muito sucesso, graças a Deus. Alex estava sempre muito ocupado, ele era um bom engenheiro e nunca faltavam projetos a serem realizados. Apesar de meu pai e o pai dele dizer que não era bom antes de casar, nós morávamos juntos num apartamento lindo no centro da cidade, pois ficava mais próximo dos nossos escritórios.

- Anne... eu tenho uma coisa pra te dizer. Acho que você não vai gostar. ? disse Alex.

- Eita, lá vem bomba. O que foi?

- Me chamaram para um projeto...

- E? Qual o problema?

- Só que é na Argentina. Se eu aceitar, vou ter que ficar lá por no mínimo 2 meses.

- Hã? Dois meses?

- É...

Eu não queria ficar dois meses sem o Alex. Principalmente agora que eu não estava muito bem, às vezes ficava tonta e enjoada. Mas eu também não podia ser egoísta, afinal de contas, eu via em seu olhar o desejo de ter essa nova experiência, seria muito bom pra carreira dele. Eu não podia empatá-lo. Deixei-o ir, prometendo ir ao médico o mais rápido possível para ver o que eu tinha.

------------------------- 2 MESES DEPOIS ---------------------------------------------------------------------

Eu já não aguentava mais de saudade de Alex. A gente se falava todo dia pelo computador, mas não era a mesma coisa. Queria tê-lo aqui comigo o quanto antes, principalmente agora, com uma novidade dessas pra contar.

Ele chega hoje. Minha mãe achou melhor eu não ir ao aeroporto. O pai e a mãe de Alex iriam buscá-lo no aeroporto e iria deixá-lo aqui. Eu não aguentava mais de ansiedade.

- Meu amor!!! ? falamos um ao outro enquanto nos abraçávamos e beijávamos.

- Que saudade de você!! Porque não foi me buscar no aeroporto? Ah, pera, eu tenho uma coisa pra te falar.

- Eu também tenho. ? respondi.

-Mas a minha com certeza é mais importante e eu não mais posso esperar. Esse tempo todo que passei longe de você quase me deixou louco... Por favor, não diz que quer esperar mais um ano!

Alex, de joelhos, abriu uma caixinha puxou duas alianças.

- Você quer se casar comigo?

As lágrimas vieram nos meus olhos.

- Sim! ? respondi.

- Ah, meu Deus, obrigado! Essa mulher finalmente quer casar! ? ri do seu comentário, mas o pior que era verdade. Fiz Alex esperar esse tempo todo. Não queria casar sem estar trabalhando.

- Mas, Alex, isso não foi mais importante do que eu tenho pra te dizer. ? falei.

- O que seria mais importante do que o pedido de casamento?

- Amor, depois que você viajou, eu mudei muito. Por fora e por dentro.

- Como assim?

- Eu não tenho mais 55 kg. Não notou que tô mais gordinha? ? ele me olhou de cima a baixo e balançou a cabeça negativamente. ? e eu acho que agente vai ter que reformar o quarto de hóspedes.

- Porque Anne? Para de me enrolar, diz logo o que é!!!

- Tá. Chega de enrolação. Você vai ser pai.

- O que? Você... você tá... gráv... grávida? Vamos ter um filho? ? achei linda a cara de bobo dele.

- Er... um não. Dois.

Alex quase enlouqueceu quando eu disse isso. Começou a pular, me beijar, gritar na janela ?Vou ser pai!!! Pai de dois!!!?. Eu só conseguia gargalhar dessa crise de loucura dele.

Quando o mostrei o resultado dos exames, acho que caiu a ficha. Lágrimas e mais lágrimas rolaram no seu rosto. Não pude me conter, o acompanhei no choro.

---------- 6 MESES DEPOIS -----------------------------------------------------------------------------------

Os danados resolveram chegar prematuros. Mas o médico disse que não era nada anomal, só faltava ?espaço? pros dois dentro de mim. Minha barriga estava tão grande e pesada que eu não via a hora de meus bebês nascerem. Alex, agora oficialmente meu marido, estava comigo dentro da sala de cirurgia. A família inteira observava com o rosto colado no vidro do lado de fora.

Quando os bebês nasceram, fizeram mais festa do que se fosse carnaval. Todos choravam e sorriam ao mesmo tempo, ao som do coro que formava o choro dos mais novos moradores do planeta.

Dois meses depois, já em casa, eu e Alex babávamos nossos bebês. Lucy no meu colo, Dan no colo dele. Sobre a escolha do nome, lembramos do dia em que ele me pediu em namoro. Foi depois do show que homenageou o cantor Dan Carrew e sua fã Lucy Renée. Achamos justo.

Sentada em uma bela cama de casal, com meu marido e meus filhos, lembrei-me do meu tempo de adolescente. Sempre pensei que nunca encontraria ninguém que me amasse de verdade, que nunca seria realmente feliz. Mas o que é a felicidade? Hoje encontro resposta.

A felicidade é ver Alex todos os dias, me acordando aos beijos pela manhã, dizendo que estou atrasada pro trabalho e ter a certeza de que ele é minha alma gêmea. É visitar meus pais todos os dias, e preocupar-me cada vez mais com eles. É dar conselhos de vida para Sean, para livrá-lo de tropeçar nas mesmas pedras que tropecei. É olhar nos olhos dos meus filhos e finalmente entender a frase: ?Deus tem planos pra você?.