A Noite da matilha negra - Parte 1

Gatts caminha pela estrada e pensa em Caska.

Era fim de tarde e seu estigma começava a incomodá-lo como de costume. Sabia que aquela seria uma noite sem descanso e já se preparava. Puck o enchia com bobagens sobre sua terra natal e sobre como os elfos eram maravilhosos, mas naquela tarde, Gatts estava distraído mais do que o normal para prestar alguma atenção naquela ladainha.

Já fazia tempo que não via Caska, gostaria de vê-la, de poder tocá-la, ao menos por um momento que fosse. Nunca tinha pensado que sentiria tanto sua falta mas precisava dela, isso era um fato. Se arrependia amargamente pela decisão de tê-la deixado para trás. Embora soubesse que ao seu lado seria perigoso demais para ela.

Chegam a uma cidade pouco antes de anoitecer, um lugar estranhamente deserto. As casas eram pobres e precárias, e Gatts tentava se lembrar de como era esta cidade antes, e se havia realmente passado por ela alguma vez. Não queria ter de dormir ao relento aquela noite, mas se não encontrasse uma estalagem logo não teria outra opção.

Ao ver um velho caminhando rapidamente por ali, tentou chamá-lo para pedir alguma informação, mas o homem o ignorou e acelerou o passo. Uma mulher, fechou a porta logo que viu Gatts notá-la.

- O que há com essa cidade? - disse.

- Esse povo, parece até que viram algum fantasma! - completou Puck.

Sem opções, Gatts e Puck tiveram que se contentar com uma noite no que parecia ser um velho celeiro à muito não utilizado. Se arrumaram e esperaram enquanto a lua parecia se mover devagar no céu. Puck adormeceu em cima de Gatts, que começou a sentir o estigma. Então uma sensação fria lhe subiu pela perna. Era um ser asqueroso que o escalava com os pés e mãos grudentas. Gatts o mandou para longe num chute, e quando se levantou, disparou duas flechas certeiras de sua besta. A criatura gritou e logo Puck despertou, assustado e se escondendo atrás de Gatts, já que haviam dezenas de criaturas parecidas ao redor deles.

Gatts prepara a besta e começa a disparar. Inúmeras flechas eram lançadas e as criaturas mal podiam se aproximar. Quando as flechas precisaram ser recarregadas, foi a vez das pequenas adagas de arremessar, que deram no máximo algum tempo para que Gatts pudesse alcançar sua espada na parede de madeira no outro canto do celeiro. Então bastou alguns movimentos, e as criaturas fantasmagóricas estavam despedaçadas e Gatts exausto.

Acreditou que pudesse voltar a descançar um pouco e se deitou mas uma vez no celeiro, em meio aos corpos bizarros e estraçalhados. Então gritos de mulheres o despertaram derrepente. Puck foi na frente para ver o que acontecia. Mas foi Gatts que viu quando Homens muito altos e magros com cabeças de cães fugiam com mulheres em seus braços.

Em seus olhos negros, a expressão da insanidade e do descontrole, apesar dos corpos semelhantes, aqueles não eram homens. Eram apenas feras desvairadas da noite, em busca de um pouco do calor humano daquelas jovens garotas. Gatts sabia como aquilo iria terminar. O destino daquelas garotas era triste.