Forever

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    Capítulo 1

    To me you be forever sacred...

    Adultério, Linguagem Imprópria, Suicídio

    Ruki POV?s

    Eu estava sentando ali mais uma vez, sozinho, debaixo de chuva, as pessoas ainda me olhavam estranho pelo meu ato mesmo depois de tanto tempo.

    Era exatamente meia noite, hora em que eu sabia que ele passava, e ele realmente passou, eu apenas o observei, ele parava do outro lado da rua e me olhava fundo nos olhos, um sorriso terno no rosto e acenava para mim, ainda parecia absurdamente jovem. Eu apenas devolvia o sorriso e o aceno, mas minha vontade era de correr e abraçá-lo e impedi-lo de continuar andando, de me deixar sentado ali, sozinho.

    Agora observei ele ir embora, caminhando de vagar, a cabeça baixa, eu apenas chorava, sentindo que não suportaria o caminho de volta para casa.

    Era assim todas as noites, sentado ali, as pessoas me observando acenar como se eu fosse um idiota...

    Ah... Me desculpe a grosseria e o drama, esqueci me apresentar, meu nome é Matsumoto Takanori, tenho 79 anos e uma historia nem um pouco convencional que vou contar a vocês agora.

    ~Flashback on~

    Na flor dos meus 23 anos e com 1,62m de altura, eu tinha orgulho de dizer que eu era um rapaz muito bem resolvido, estudava, tinha um bom emprego e um namorado bonito que cozinhava como ninguém.

    Era uma vida atípica para um rapaz naqueles tempos ter um namorado, mas eu não me importava, eu gostava de estar com Yutaka, apesar dos ataques de ciúmes e possessão que ele tinha.

    Fui expulso de casa por namorar Yutaka, meu pai não aceitava o fato tanto quanto não aceitava eu ter cabelos compridos, pintar unhas e usar maquiagem (não, eu não sou um travesti, eu parecia homem, mas um homem diferente).

    Yutaka e eu passamos a morar juntos, alugamos um apartamento pequeno, mas o suficiente para nós dois e nós vivíamos extremamente bem, antes de ele me apresentar seu melhor amigo...

    Suzuki Akira era o nome dele, um rapaz estranho, que usava uma faixa sobre o nariz, mas me identifiquei com ele, por que ser estranho era comigo mesmo, e eu gostava disso.

    Eu sempre gostei de roupas um tanto escandalosas, meu cabelo era cheio de dreads e a maquiagem sempre escura, Akira era alto, cabelos descoloridos e aquela estranha e atraente faixa, as roupas tão diferentes quanto as minhas. E Yutaka?! Bem... Yutaka era um japonês do tipo... Típico... Cabelos pretos, lisos, roupas comuns... O que ele tinha de mais diferente era seu sorriso, o que é impossível de ser explicado.

    Akira começou a frequentar nossa casa com mais frequência, e em pouco tempo ia quase todos os dias, e eu realmente não reclamava por ele estar lá, eu gostava da companhia dele, me fazia rir e quando eu ria, ele me encarava de uma forma que me fazia sentir vontade de cavar um buraco no chão e me jogar dentro dele. Yutaka a cada dia parecia gostar menos das visitas de Akira, por que passamos a brigar constantemente e ele sempre usava Akira em seus argumentos e desculpas.

    Certa noite, quando Yutaka estava para o trabalho como cozinheiro em um restaurante, eu resolvi ligar para Akira, mas eu não queria vê-lo por nada que você deva estar pensando agora... Eu queria ficar bem com meu namorado.

    Esperei até que a campainha tocasse e corri até a porta, ali estava Akira, sorrindo para mim, e eu senti meu coração palpitar dentro do peito, sentir meu rosto esquentar ao olhar dentro dos seus olhos, ele parecia feliz por eu ter ligado...

    -Entre Aki-chan! -Pedi, abrindo espaço para que ele passasse.

    -Fiquei feliz que tenha me ligado, Taka-chan, eu... Queria mesmo falar com você sobre algo!­

    -An... Sente-se... Quer beber alguma coisa?

    -Iie! Tudo bem! -Ele se sentou e eu me sentei ao lado dele. -Bem... Como foi você quem me ligou... Acho que deveria começar... O que quer me dizer?

    -Certo! -Suspirei fundo. Teria mesmo que dizer o que eu tinha para dizer? Eu não queria... Eu... Queria Akira... Para mim. E com esse pensamento assustado eu comecei. -Akira... Eu estou tendo problemas com Yutaka... Ele e eu temos brigado muito e... Por sua causa...

    Ele me encarou e eu desviei os olhos, sem conseguir olhá-lo.

    -Minha causa?

    -Hai... Eu estive pensando e... Quero que não venha mais aqui...

    -Mas Taka...

    -Era só isso! -Me levantei ainda sem olhá-lo. -Poderia ir embora, por favor!

    Fui até a porta, abrindo, meus olhos agora começavam a lacrimejar. Akira foi até mim, mas não saiu, parou em minha frente, segurou meu rosto fazendo com que eu o encarasse, tirando minha mão da maçaneta e fechando a porta.

    Vi o rosto dele se aproximar do meu, de vagar, enquanto ele ainda me encarava e logo seus lábios tocaram os meus, tão leves e doces que eu por alguns instantes, me esqueci de respirar.

    -Taka... -Ele me chamou baixinho, meus olhos que havia se fechado ao toque, se abriram para encará-lo. -Ai... Aishiteru!

    O encarei assustado, mas não impedi que ele me beijasse novamente, dessa vez mais quente, mais abusado, permiti que sua língua adentrasse minha boca, quente, me explorando daquela forma e naquela noite eu descobri que eu amava aquele rapaz estranho de faixa no nariz, o tal Akira, melhor amigo do meu namorado.

    Foram pouco mais de um ano da mesma forma, nos encontrávamos as escondidas e por mais que eu me sentisse culpado, não queria deixar de ver Akira e nem terminar com Yutaka, eu tinha pena do moreno, principalmente por que todos os dias antes de a gente dormir ele insistia em dizer que me amava e minha única reação era sorrir, sem saber o que dizer a ele.

    Era difícil conciliar as coisas, mas eu estava conseguindo até bem, eu sempre saia à noite para me encontrar com Akira, quando Yutaka estava trabalhando. Nós apenas passeávamos nada de mãos dadas ou carinhos para que ninguém pudesse ver... Nós sequer havíamos transado em todo esse tempo, por que nossos encontros se baseavam em algo mais.

    -Você tem certeza disso? -Perguntou Akira quando eu o puxei para dentro do meu apartamento.

    -Tenho!

    -Mas...

    -Ele não vai chegar agora, não se preocupe! Ele só larga o restaurante as 03h30min da manhã!

    -Mas eu ainda acho errado!

    -Errado? -Eu o empurrei, fazendo com que se sentasse no sofá, depois me sentei em seu colo, jogando uma perna para cada lado e beijando-o com necessidade. -Errado é a gente não poder se tocar... Errado é eu não poder beijar você quando eu quiser...

    -Isso também... -Ele sorriu e eu o beijei novamente, senti suas mãos na minha cintura e logo entraram pela minha camisa.

    O clima já estava suficientemente quente, estávamos sem nossas camisas, ele agora deitado sobre o meu corpo, me tocava com certa experiência e eu delirava a cada vez que seus dedos passeavam por qualquer parte do meu corpo.

    -Taka, adivinha, fui promovido! Taka?! Venha aqui, eu trouxe Ebi Sakamushi [1]pra gente comemorar! -A voz que cortou o ar era feliz, radiante, era a voz dele... Yutaka.

    Akira e eu nos sentamos no sofá assustados e o olhamos para ele, nossos lábios vermelhos e inchados, eu agora quase no colo de Akira, nós dois sem camisas, nada nos permitia dizer ?não é o que você está pensando?.

    Yutaka olhou Akira nos olhos por algum tempo, depois olhou para mim e eu me senti em pedaços, tentei falar qualquer coisa, mas a falta de reação e expressão do moreno me deixava completamente atado. Ele apenas nos olhava, como se soubesse o tempo todo e aquela fosse apenas uma desagradável confirmação visual.

    -Yu... -Tentei falar de novo, depois apenas suspirei receoso. -Akira, vá embora, por favor...

    -Você vai ficar bem?

    -Sim! Depois nos falamos... -Eu me levantei para que Akira pudesse fazer o mesmo, observei ele pegar a camisa no chão e vesti-la, depois se aproximou de Yutaka, aposto que tentou dizer qualquer palavra de consolo, mas não sendo uma boa hora, apenas saiu.

    Yutaka me olhou e eu me senti ainda menor parado ali no meio da sala, sem camisa e envergonhado.

    -Você já sabia não é?

    -O tempo todo... Eu só... Me fingi de cego Takanori, não pensei que voe chegaria a esse ponto...

    E eu chorei.

    -Eu não queria magoar você?

    -Ah não? -Ele me encarou e eu novamente não soube o que dizer, então ele deixou as sacolas que tinha nas mãos caírem no chão e me deixou ali, indo até o quarto. -Você sabe Takanori... Mas eu amo você... Você sabe disso, por que eu te digo isso todos os dias!

    -Hai! -Respondi ainda chorando, a voz embargada, agora eu revestia minha camisa.

    -Você sabe que eu não te trocaria por nada nem ninguém não é? -Vi Yutaka voltar à sala, meus olhos se arregalaram, por que ele trazia consigo uma arma.

    -Yu...

    -DAMARA SERU![2] -Ele gritou e eu me encolhi, acuado pela arma. -Cale a boca... Eu tenho feito papel de bobo há um ano... E vocês estavam rindo de mim pelas costas... O tempo todo!

    -IIE! -Eu gritei de volta, era assustador ver Yutaka com raiva.

    -Eu vou acabar com isso de uma vez! -Ele saiu pela porta e eu o segui, ainda chorando, desesperado.

    -Yutaka! YUTAKA! MATTE! POR FAVOR... ESPERE! -Ele parecia não me ouvir, saiu pelo portão determinado, à arma firme na mão.

    Minhas pernas consideravelmente mais curtas que as dele não me permitiam alcança-lo.

    Logo à frente eu podia ver Akira, caminhava de vagar e distraído, as mãos nos bolsos e a cabeça baixa.

    -Jyoro no ko![3] -Ouvi Yutaka sussurrar, levantando a arma e apontando para Akira.

    -YUTAKA NÃO... AKIRA... -Eu gritei desesperado, tarde demais... O estalo do tiro soou alto, minhas pernas perderam as forças e eu cai sentado.

    Agora eu via o corpo de Akira, caído na minha frente, sem vida, eu via um Yutaka desesperado pela loucura que cometera, via um monte de pessoas se aglomerando em nossa volta, mas eu não conseguir reunir tudo isso, então apenas me arrastei até Akira, puxando seu corpo para mim, abraçando-o.

    -Taka? -A voz dele era fraca.

    -Não fale, é pior! Não fale...

    -Taka... Eu te amo... -Minhas lágrimas molharam o rosto dele e ele sorriu. -Não... Não chore... Pequeno... Eu... Vou cuidar de você... Seja lá onde eu estiver... Prometo que eu venho te ver... Para sempre...

    -Não Akira... NÃO... -Eu o abracei novamente.

    -Eu te amo... -Ouvi ele dizer extremamente baixo e logo seu corpo ficou pesado e eu chorei ainda mais... Meu Akira estava morto.

    -Eu te amo... Te amo... Para sempre... -Sussurrei, mesmo sabendo que ele já não me ouvia.

    Fiquei ali abraçado com ele por mais algum tempo, minhas roupas agora ensopadas de sangue. Senti alguém tocar meu ombro e olhei, não sei quem era e não sei o que ele estava falando, provavelmente para eu não tocar no corpo.

    Eu apenas me levantei e fui em direção à Yutaka que agora chorava, perdido.

    -Me mate!

    -O que...

    -ME MATE! -Eu gritei. -POR FAVOR, ME MATE...

    Puxei sua mão com a arma e a apontei para minha testa.

    -Taka...

    -Atire, por favor, atire, me mate...

    Ele encarou, abaixou a arma, seus olhos estavam vazios, então ele levou a arma a própria boca e atirou antes que eu pudesse reagir.

    Eu não sei o que aconteceu depois disso, eu simplesmente me desliguei naquele momento... Meu Akira estava morto... Para sempre...

    ~Flashback off~

    A partir daquele dia, eu me sentava do outro lado da rua todos os dias, durante anos... A primeira vez que o vi, me assustei, passei uma semana sem olhar para aquela rua, mas eu me lembrei da promessa dele...

    ?Prometo que eu venho te ver... Para sempre...?

    Então eu deveria esperar por ele. Todos os dias, no horário em que ele havia sido morto, ele vinha, não falava comigo, apenas acenava para mim e ia embora e eu chorava. Eu nunca havia arranjado mais ninguém, continuei a morar na mesma casa, por que era perto e eu era velho agora, então só precisava sair de casa e me sentar ali, para vê-lo passar... Para sempre...

    [1] Camarão no vapor com sakê

    [2] Cale a boca!

    [3] Filho da puta


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