Amai Fukushuu

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 13

    Takashima Kouyou

    Álcool, Bissexualidade, Drogas, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

    Ruki POV?s

    Lá estava eu dirigindo de novo, mais uma vez sem rumo, mas sem perceber, em direção ao hospital. Eu estava cansado e desesperado e o tempo todo com a sensação de estar sendo observado de alguma forma, o que me fazia dirigir cada vez mais rápido.

    Meu pé agora afundava no acelerador, a estrada que levava ao hospital tinha um pedaço abandonado e escuro. Meus olhos não deixavam o retrovisor, eu senti que ele estava ali, de alguma forma...

    Mantive meus olhos no retrovisor, mas eu não via nada lá, eu sabia que não me seguia, mas que estava ali, de alguma forma. Senti algo sobre minhas pernas, apertando-as, olhei para frente automaticamente, sem coragem de abaixar os olhos, meus dedos apertaram o volante com força, tensos, meus braços tremiam e eu senti o aperto em minhas coxas aumentarem consideravelmente.

    Começava a doer, mantive os olhos na estrada, minhas vistas embaçaram, por que as lágrimas começavam a se juntar. Pisquei algumas vezes, me livrando das lágrimas, suspirei, sentindo meu peito doer, então sem que eu pudesse controlar qualquer decisão minha, meus olhos desceram de vagar.

    Senti o meu ser instantaneamente vazio ao ver aqueles olhos escuros através do volante, as mãos apertando minhas coxas, era como se eu tivesse, de repente, morto.

    Meus braços deixaram de guiar o carro, soltando o volante, não pude ver muita coisa, mas sei que o carro rodou, me senti tonto e logo dei uma cabeçada violenta no volante (não, eu não estava de cinto, meu desespero para chegar ao hospital e ver Kou era maior), apagando automaticamente.

    ~X~

    Acordei fitando o quarto branco e escuro.

    ?Hospital?! Pensei que...?

    Meus olhos rodaram o quarto, minha cabeça doeu e eu percebi que estava enfaixada.

    ?Então foi isso? Um acidente? Por que eu não me lembro??

    Me sentei na cama, esperei um tempo até que a minha cabeça parasse de rodar, era o mesmo hospital de Kou, com certeza.

    A porta se abriu sem que batessem antes e eu vi entrar o médico, duas enfermeiras e o detetive Yushi. Eu o encarei e ele não parecia feliz.

    -Como você sabia sobre o desaparecimento de Suzuki Akira?

    -O que? Eu... Não sabia!

    -?Onde está Akira?? Foi essa a pergunta que você fez à senhorita Yuki Keroly quando invadiu o apartamento do Sr. Suzuki, não foi? Diga-me Takanori, o que está acontecendo? -Fiquei em silêncio. -?Ele na está me dando tempo...? Foi isso mesmo não é? Ele quem Matsumoto?

    -Eu não sei... -Ele não acreditaria ninguém acreditaria. -Eu estava assustado desde a morte do Yuu...

    -Morte?! -Me calei novamente e ele suspirou. -Por que não conta o que está acontecendo? Estamos todos tentando entender isso!

    O detetive jogou em cima da cama uma foto, eu a peguei, era um teto branco, o teto do apartamento de Akira e lá estavam os kanjis ?屈辱?, escritos com aquela substancia escura, ou kutsujoku, que quer dizer ?humilhação?.

    -O que é...

    -Me diga você Matsumoto, o que é?

    -Eu não sei, não sou eu quem está fazendo tudo isso! -Agora eu me desesperava outra vez, cobri meu rosto com as mãos, deixando a foto de lado. A porta voltou a se abrir e mais uma enfermeira entrou.

    -Dr. Kamuya!

    -Sim!

    -É o Takashima, ele acordou...

    -O que? -Me manifestei antes mesmo que o doutor, que saiu do quarto logo em seguida, eu me levantei apressado e ia segui-lo, mas o detetive me segurou.

    -Nem pense nisso!

    -Mas eu preciso vê-lo...

    -Não terminamos aqui... -E eu corri... Sim, corri, não sei como nem com que força, mas sai do quarto correndo e passei pelo médico, chegando até o quarto de Kou.

    Ele abriu os olhos e olhou para mim, parecia muito fraco, mas sorriu para mim. Não tive tempo, logo em seguida dois enfermeiros me seguraram, me puxando para fora.

    -Por favor! Deixe-me falar com ele... Por favor! -Eu pedia tentando me soltar. -Eu quero falar com ele...

    -Hey! -Chamou Kou com a voz baixa. -Deixem ele, por favor, eu quero falar com ele!

    -O senhor está muito fraco, acabou de...

    -Não! Eu quero falar com ele! -Os enfermeiros pararam de me puxar, ficaram em silêncio por algum tempo, depois um deles falou.

    -Cinco minutos! -E os dois saíram.

    Me aproximei de Kou, me sentando na cama, ele sorriu para mim, mas eu não consegui sorrir de volta.

    -O que aconteceu Taka? Você está machucado!

    -Só um acidente! Nada com que precise se preocupar!

    -Mas... Ah... Certo... Onde está o Yuu?

    -Kou... Tem umas coisas que você precisa saber...

    -O que?

    -Eu sei que... Que você ainda está fraco, mas...

    -Me diga de uma vez Taka... Por favor! -E surpreendentemente ele começou a chorar.

    ?Ele sabe? ELE SENTE!?

    -Kou...

    -É o Yuu não é?

    -Ele sumiu...

    -Sumiu como?

    -Eu não sei... Akira também desapareceu, eu não sei o que está acontecendo...

    -Sumiu como? -Ele me repetiu a pergunta e eu o encarei.

    -Foi ele!

    -Então já começou?

    -Começou?! Você sabe? -Ele ficou em silêncio, apenas chorando. -Eu sinto muito...

    -Não... Não sente... Por que você também sabe Takanori... Ele vai levar a gente também... Eu sabia desde o começo... Desde aquele dia...

    E as palavras perdidas de Kou tomaram conta da minha memória, naquele dia que eu tinha apagado da minha cabeça...

    ?Nós somos monstros... Monstros... Vamos ser castigados por isso... Vamos...?

    Ficamos em silêncio por algum tempo e, na minha percepção, Kou parecia conformado, para o meu desespero.

    -Eu estou com medo... -Eu disse então, tão baixo que eu mal pude ouvir, mas Kou ouviu por que ele me olhou. Abaixei minha cabeça e de novo o silêncio, até eu voltar a falar. -Eu procurei Asagi de novo! Ele me disse algumas coisas... Me... Me fez enxergar quem seria o próximo...

    -E sou eu?

    -Não sei...

    -Você sabe, é por isso que você está aqui!

    -Kou...

    -Eu não me importo... -A voz dele soou embargada, estava segurando o choro. -O que fizemos foi ruim Takanori... Eu nunca me perdoei por aquilo... Nunca perdoei nenhum de nós... Eu não me importo se ele vier e me levar com ele, pelo menos eu vou estar com o Yuu...

    -Não! -Eu quase gritei. -Eu não quero isso... Não posso deixar ele te levar Kou, você sabe disso... É meu único amigo de verdade... Já me tiraram isso uma vez Kou... Não peça pra que isso aconteça de novo...

    Ele ficou em silêncio, e eu sabia que ele não concordava comigo, logo a porta se abriu, o médico entrou, não parecia muito feliz.

    -Acabou o tempo Sr. Matsumoto!

    -Deixe-me dormir aqui!

    -O que? Não! O senhor está internado aqui Sr. Matsumoto, deve ficar no seu quarto...

    -Eu pago você!

    -O que? -O médico se assustou.

    -O quanto quiser, pago o que quiser... Mas me deixe aqui! -O médico me encarou, depois saiu da sala.

    -Não precisa disso! -Disse Kou chateado.

    -Eu quero... Kou...

    -Tudo bem Taka! -Fiquei em silêncio então.

    Narrador POV?s

    Kouyou permaneceu sentado em sua cama, Takanori dormia na poltrona ao lado, provavelmente contra sua vontade e por conta do efeito dos remédios, pois sua intenção era cuidar do amigo.

    Era estranho estar ali e esse tipo de pensamento não abandonava a cabeça de Kouyou, Yuu havia partido e ele nunca mais o veria, parecia que as coisas nunca mais fariam sentido.

    Sentiu o coração ficar pequeno, logo seus olhos queimaram, as mãos cobriram o rosto e ele chorou... Chorou baixo para não acordar Takanori.

    ?Ele não existe mais...?

    Sentiu que começaria a tossir. Se levantou o mais rápido que fosse, correu até o banheiro, trancando a porta atrás de si. Teve tempo apenas para chegar a pia e logo não pode mais segurar a tosse, os respingos de sangue mancharam a pia branca e Kouyou voltou a chorar.

    -Kuso! -Se apoiou na pia, a garganta e o peito doíam. Sentiu as pernas perderam as forças, então procurou o vaso, se sentando sobre a tampa dele. Ficou ali por algum tempo, o rosto apoiado nas mãos e os cotovelos apoiados nas coxas. -Então você me quer? Vai vir me buscar?

    Pensou por mais algum tempo, depois se levantou, com uma força que não era sua, lançou o punho contra o espelho do armário, partindo-o em pedaços.

    Os cacos de vidros foram arremessados por todos os lados, Kouyou se sentou no chão, próximo à porta, um pedaço grande de vidro nas mãos. Ouviu batidas na porta.

    -Kou? O que está fazendo?

    Passou a lateral cortando sobre uma das palmas das mãos, apenas sentido a dor, mas logo o sangue escorria de cortes em seus pulsos e rosto, a pele das bochechas havia sido furada pelo caco de vidro e os pulsos tinham corte fundos.

    Deixou o caco de lado, os braços penderam ao lado do corpo, já havia perdido sangue o suficiente para ficar fraco e quase desacordado, do lado de fora podia ouvir, ao longe, a voz de Takanori gritando por ele e seus olhos quase se fechavam quando, através do vidro do box, pode ver algo tomando forma, saia do chão, uma sombra preta, parecia humano, mas não se colocou sobre dois pés, era algo rastejante e logo a porta do box começou a deslizar...

    Ruki POV?s

    ?VOCÊ NÃO DEVIA ESTAR DORMINDO! Mas eu não consigo acordar, devem ter sido os remédios! MAS VOCÊ NÃO É CAPAZ DE CUIDAR DO KOU, POR QUE PEDIU PARA FICAR AQUI??

    Mas antes que eu pudesse tentar acordar por mim mesmo, um estrondo de algo sendo partido me fez assustar. Pulei na poltrona, sem me colocar de pé, meus olhos correram pelo quarto, parando na cama de Kou... Vazia.

    -Kou? -Então, pela fresta por baixo da porta do banheiro, eu pude ver a sombra de alguém sentado no chão. Me levantei, fraco por conta dos remédios e fui até a porta, batendo com a força que eu pude na madeira. -Kou? O que está fazendo? Kou? Abre essa porta!

    Tentei forçá-la, sem nenhum sucesso, bati novamente e chamei, mas ele não me respondia. Eu ia forçá-la novamente, mas meus pés descalços foram molhados por algo quente.

    Olhei para baixo um tanto assustado.

    ?Sangue?! SANGUE!?

    -Kou! Por favor, abra essa porta, o que você pensa que está fazendo? Kou...

    Então um grito alto e aterrorizado me cortou de todas as formas, a porta foi forçada de dentro para fora, pensei que estouraria. Ouvi o barulho de algo sendo arrastado e a sombra de Kou sumiu.

    O desespero acabava de me tomar por completo, ele estava levando Kou...

    Tomei distancia e me lancei contra a porta, arrebentando a fechadura e escancarando-a para ver umas das piores coisas que tenho nas minhas lembranças.

    Ali estava apenas metade do corpo de Kou, o resto parecia estar enterrado no piso, e continuava a descer, como se pudesse ultrapassar o sólido, os olhos dele estavam abertos e me olhavam, mas ele já não tinha vida, o rosto retalhado por cortes feios e ensanguentados. Sobre Kou estava ele, a cabeça baixa, os cabelos sobre o rosto, a pele tão pálida que parecia intocável, suas mãos apodrecidas seguravam os pulsos de Kou, empurrando-o para baixo.

    Eu caí, sem reação e escorreguei para debaixo da pia, meus olhos fechados se recusaram a continuar olhando qualquer coisa, mas eu podia ouvir o barulho nojento de seus corpos desaparecendo, então eu apenas chorei, um choro resentido, gritei, e os gritos que deixaram minha garganta foram lacerantes.

    Não demorou muito para que o quarto estivesse repleto de médicos e enfermeiros, eu ainda estava gritando, as mãos sobre os olhos, senti alguém me segurar e gritei ainda mais, esperneando e sendo obrigado a descobrir os olhos.

    -Levou ele! Levou ele! -Era somente o que eu gritava, tentando me soltar dos enfermeiros que me seguravam.

    Com rapidez eu olhei por todo o banheiro, estava branco como deveria, ou não, estar. Nenhuma mancha ou nada que indicasse Kou morto, o espelho estava intacto, sequer um trincado havia nele, apenas, com a mesma substância escura, os kanjis ?苦しみ?, ou kurushimi... Sofrimento.

    -Sr. Matsumoto, tem que se acalmar...

    -Não! -Gritei mais o quanto pude, mas eles conseguiram me tirar do banheiro.

    ?Eu tenho que encontrar o Takamasa...?


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