Amai Fukushuu

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 11

    Shiroyama Yuu

    Álcool, Bissexualidade, Drogas, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

    Ruki POV?s

    Terminei de jogar as roupas naquela mala com toda a pressa que pude, estava uma bagunça, mas eu não me importei, eu havia acabado de acordar, eram 03h50min da tarde.

    -Taka?! -Ouvi a voz de Reila e logo uma batida leve na porta.

    -Não entre! -Eu quase gritei.

    -Você está bem? Eu trouxe algo para você comer, eu tentei te acordar no almoço, mas... -Ouvi a porta começando a se abrir.

    -Reila, saia! -Me levantei jogando a mala em cima da cama.

    -Aonde você vai?

    -Há lugar nenhum!

    -Então...

    -Essa mala é sua! -Ela me encarou, pareceu assustada.

    -Taka...

    -Eu... Eu preciso que você volte para Los Angeles!

    -Voltar para Los Angeles? Taka...

    -Por favor, não discuta Reila... -Ela me encarou, viu meus olhos molhados pelas lagrimas que eu segurava, depois deixou uma bandeja com não sei o que em cima do aparador, se aproximou de mim e me abraçou, agora chorando também.

    -O que está acontecendo Takanori? Por que não me conta?

    -Eu não posso... Não posso...

    -Por que não? Você está me assustando... Tem alguma coisa atormentando você koi, me diga o que é, eu quero ajudá-lo...

    -Mas você não pode, não quero que se machuque, não quero que ele faça nada com você por minha causa...

    -Ele? Ele quem?

    -Eu... Eu não posso te contar... Gomenasai... -Ficamos em silêncio por algum tempo. -Eu... Preciso que vá embora!

    -Taka...

    -Por favor... Não discuta! -Agora eu chorava, a abracei com mais força e ela apenas ficou calada, deixei um beijo demorado em seu lábios, não foi um beijo quente ou erótico, foi um beijo amoroso, apaixonado... De despedida. -Aishiteru!

    -Mata aishiteru! -Ela parecia assustada. -O que vai acontecer?

    -Eu não sei... Mas não quero que esteja aqui... Logo eu vou embora também... Não se preocupe...

    Eu sei que ela não acreditou em mim, mas aceitou e em dois dias consegui embarca-la em um avião de volta para os Estados Unidos. Foi difícil vê-la partir, eu realmente a amava, mas nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela. Depois do aeroporto fui direto ao hospital, eu aparecia por lá pelo menos umas nove vezes.

    Dei duas leves batidas na porta, depois a empurrei. Senti meu coração ficar pequeno ao ver Kou deitado ali, ainda desacordado, os lábios brancos, ao seu lado estava Yuu, sentado em uma cadeira desconfortável, a cabeça deitada na beirada do colchão e o rosto escondido pelos braços, suas mãos segurando firmes as de Kou.

    Me aproximei de vagar dos dois, um pouco hesitante, eu sentia que de alguma forma Yuu me culpava pelo que tinha acontecido e ainda achava que era tudo paranoia minha.

    -Yuu?! -Ouvi ele suspirar resentido, um pouco engasgado, mas não me olhou. -Se quiser ir para casa... Já faz dois dias... Você precisa tomar um banho e descansar, dormi um pouco! -Ele começou a chorar, ainda sem levantar a cabeça, me aproximei mais e pousei a mão em suas costas, numa tentativa de confortá-lo. -Yuu...

    -Eu nunca disse tudo a ele... Tudo que ele merecia ouvir e eu precisava dizer... E agora eu sei que eu nunca mais vou ver os olhos dele me olhando de novo, nunca mais vou ter seu sorriso me confortando... Sua voz me dizendo que está tudo bem... Mesmo que ele não estivesse bem... Eu nunca mais vou ter isso e eu deixei passar...

    -Não diga isso Yuu, ele vai... Vai acordar... -Vi ele suspirar mais uma vez, me interrompendo, e então, com um sentimento ruim, percebi que não se tratava de Kou acordar... Finalmente levantou a cabeça, seus olhos estava vermelhos e inchados. Ele não olhou para mim, seus olhos fitaram o rosto pálido de Kou.

    Yuu se levantou, se debruçou sobre o corpo desacordado, deixou um selinho demorado sobre seus lábios, depois apoiou a testa na dele.

    -Me desculpe Kou! Eu devia ter dito tudo, mas... Eu fui covarde... Tive medo... Medo do que iam pensar de mim... Mesmo que eu quisesse te abraçar e te beijar na frente de todo mundo e mostrar que você era só meu... Meu orgulho não me deixava dizer ou fazer nada por você... -Yuu se calou, uma lágrima silenciosa deixou os olhos fechados de Kou, enquanto suas próprias lágrimas e até mesmo as minhas já pareciam incontroláveis. Yuu sorriu e acariciou o rosto pálido de Kou. -Você está me ouvindo? Você pode me ouvir Kou? Eu não vou mais ter medo... De nada... Eu te amo!

    E meu coração palpitou feliz por Kou e por Yuu ter consigo finalmente entender seus próprios sentimentos.

    Deixei que ele chorasse por um pouco mais de tempo, depois o convenci que não tinha condições de dirigir e que eu o levaria em casa. Fizemos todo o percurso em silêncio, Yuu parecia não querer conversar e eu respeitei isso. Parei o carro em frente a sua casa, vi Yuu suspirar cansado.

    -Você... Você poderia me esperar tomar banho?

    -Yuu... Você precisa dormir, eu fico com Kou!

    -Não... Eu quero ficar com ele... Ah... Eu sei que vocês já se pegaram, não quero correr o risco... -Arregalei meus olhos, sentindo meu rosto queimar, mas logo Yuu sorriu. -É brincadeira Taka... Digo... Eu realmente sei disso, mas... Bem... Deixa pra lá! Você pode esperar? Se não puder tudo bem, posso pegar um táxi...

    -Tudo bem Yuu... Eu posso esperar sim! -Dei um sorriso a ele, uma tentativa de reconfortá-lo e ele me devolveu um sorriso fraco.

    Descemos do carro, Yuu demorou para conseguir abrir a porta, parecia extremamente abatido, afinal não dormia desde que tudo havia acontecido.

    -Eu não vou demorar! -Ele disse quando finalmente entramos.

    -Demore o quanto precisar Yuu... Está precisando! -Outro sorriso fraco. -Ah... Yuu?!

    -Sim?

    -Será que podemos conversar?

    -Ah... Tudo bem! Sente-se!

    Me sentei no sofá e esperei que Yuu se sentasse ao meu lado, me encarando.

    -Etto... Eu sei que você não acredita em mim... Sobre o que aconteceu...

    -Me desculpe Taka... Mas não é uma coisa possível de se acreditar!

    -É... Eu não teria acreditado se eu não tivesse visto... Mas eu vi Yuu... Eu vi... Ele... Ele estava dentro do Kou... Eu vi nos olhos dele, no sorriso, não era o Kou...

    -Takanori! -Ele me chamou e eu me calei. -Você... Você só está assustado... Kou também estava, ele só falava sobre aquele rapaz... Mas... Aquele rapaz está morto Taka... Não pode nos fazer nada, ele não pode nos tocar, não pode nos machucar, não pode...

    -Não pode fazer com que um homem suba por uma parede? Só estou contando o que vi, o que eu realmente vi... Ele foi arrastado por aquela parede Yuu, foi prensado no teto e jogado no chão... Você, mais do que ninguém sabe a situação em que o Kou está... Que explicação você daria a isso tudo?

    Vi Yuu abaixar a cabeça e cobrir o rosto com as mãos.

    -Não sei...

    -Ele não nos perdoaria Yuu... Não pelo que a gente fez... E... Eu estou com medo...

    -Isso é paranoia sua Takanori... -Ele se levantou de repente, me assustando. -Você ouviu o que Takamasa disse? Não está acontecendo nada com ele... Nada!

    -Você tem certeza disso? Você viu como ele está? Eu...

    -Não quero mais falar sobre isso! Fantasmas não existem, possessões não existem...

    -Yuu, para... Kou está...

    -Kou está doente, não mais que isso... Ele já estava doente Takanori, ele estava...

    -Estava?

    -Ele não te contou? Deve ter uns... Uns quatro meses... Tuberculose!

    Abaixei a cabeça e me senti ainda menor, Kouyou não tinha me contado nada disso.

    -Ele... Não me disse...

    -Bem... Talvez ele não quisesse te deixar preocupado... Ele está fazendo tratamento, acho... Que vai ficar bem!

    -De qualquer forma... O que aconteceu não...

    -Eu sei que não tem nada a ver com a doença Taka... Mas eu quero encerrar o assunto aqui! Tudo bem pra você? -Demorei a responder e não o olhei.

    -Daijoubu!

    -Certo! -Ele saiu, me deixando ali na sala.

    Agora eu estava triste e confuso.

    ?ELE NÃO CONFIA MAIS EM VOCÊ! E por que não? O que eu fiz a ele? VOCÊ O ABANDONOU! Quando? QUANDO FOI PARA LOS ANGELES! Eu não tive escolha... TEVE SIM E VOCÊ SABE QUE TEVE, INTERNAMENTE VOCÊ SEMPRE CULPOU TODOS ELES PELA MORTE DE YUTAKA, MAS NUNCA PENSOU EM SUA PRÓPRIA SITUAÇÃO EM TODA A HISTORIA... VOCÊ É O PIOR DELES!?

    Esses pensamentos não deixavam a minha cabeça desde o incidente com Kouyou e foi perdido neles que eu fiquei sentado ali, no meio do sofá, catatônico.

    Narrador POV?s

    Yuu permaneceu deitado ali dentro daquela banheira confortável, a água quente fazia seu corpo relaxar. Talvez Takanori tivesse razão, ele precisava de um pouco daquilo, afinal ficara sentado, sem dormir e sem comer nos dois últimos dias, apenas lavando o rosto às vezes...

    Era bom poder tomar um bom banho, a água tinha um aroma agradável de qualquer coisa cítrica, era bom poder acender um cigarro e fechar os olhos. Deixou seu corpo relaxar e escorregou um pouco mais para dentro da banheira.

    Por mais que tentasse relaxar por completo, a imagem de Kou desacordado não deixava sua cabeça. Não queria acreditar na historia absurda de Takanori, mas não conseguia pensar em outra explicação para Kou estar tão mal.

    Seus pensamentos foram cortados pelo som da porta, que havia sido deixada entre aberta, se fechando.

    Abriu os olhos fitando a porta, devia ter sido o vento, ou, inconscientemente estava começando a acreditar em Takanori?

    Olhou a porta fechada por mais algum tempo, depois balançou a cabeça negativamente com um sorriso cínico no rosto, estava rindo de sua própria consciência.

    ?Baka!?

    Voltou a fechar os olhos e relaxar, então passou a sentir a água estranhamente fria e... ?Grossa?!? Parecia um tanto densa e agora exalava um cheiro desagradável. Sem levantar a cabeça, Yuu levantou a mão direita, a levou frente aos olhos, sentindo os respingos de algo podre em seu rosto.

    Sua mão estava melada de algo escuro, um vermelho quase preto. O mal cheiro aumentou. O que era aquilo? De onde havia vindo? Tentou se levantar com pressa, pode perceber que a banheira estava cheia daquele liquido nojento, mas não pode notar quase nada além disso... Tudo aconteceu numa fração de segundos, no meio da banheira e por cima de seu próprio corpo havia alguém.

    A boca e o nariz escondidos pelo liquido escuro, os cabelos pretos sobre boa parte do rosto, mas era possível ver seus olhos, de uma escuridão que era capaz de arrancar e devorar qualquer alma e eles olhavam para Yuu, que sequer teve tempo de reconhecê-los, por que ainda em fração de segundos seu corpo foi pesado para baixo, como se seus pés tivessem sido puxados e seu corpo submergiu no liquido repugnante, escondendo seu corpo por completo.

    Yuu se debateu, espalhando aquele liquido por quase todo o banheiro,mas não conseguia emergir, era como se seu corpo pesa-se toneladas ou um lençol de cimento o cobrisse...

    Ruki POV?s

    Fiquei sentado ali por hora, não sei quantas, mas foram muitas. Yuu devia ter pegado no sono, afinal ele estava destruído, por fora e por dentro.

    A falta do que fazer e a solidão me trouxeram pensamentos... A imagem bizarra de Kou sorrindo daquela forma, com aquele olhar tão perturbador, sendo arrastada parede acima...

    ?VOCÊ JÁ PAROU PRA PENSAR NO QUE ELE TE DISSE? Como assim? Koishiteru tomodachi?! Ele... Disse que me ama? NÃO TAKANORI, TENTE PENSAR UM POUCO... ELE NÃO DISSE ?KOISHITERU TOMODACHI?, ELE DISSE... Koishiteru... E depois tomodachi... Um... AVISO!?

    Me levantei assustado com meu pensamento e minha nova descoberta, corri até o quarto de Yuu, a porta estava aberta, entrei rápido e fui direto a porta de banheiro, a forcei, estava trancada, forcei-a novamente, empurrando e puxando-a pela maçaneta, a ponto de quase derrubá-la.

    -Yuu?! YUU?! -Comecei a gritar, nada.

    Me afastei chutando a porta, sem efeito, ouvi minha consciência rindo da minha tentativa de ser forte e a xinguei. Então por baixo da porta, pela fresta eu pude ver uma sombra se aproximar, e por mais estranho que possa parecer eu não me senti aliviado, ela parou ali, imóvel... A porta se abriu de vagar e eu apenas observei, afastado.

    Quando ela se abriu completamente eu pude ver o banheiro, entrei de vagar, não havia ninguém perto da porta, o banheiro estava completamente vazio e limpo. Me virei então para a banheira, ela estava vazia, seca, como se sequer tivesse sido usada, mas acima dela algo fez meu coração quase parar.

    Escrito no azulejo branco com uma substancia escura e nojenta, estava o kanji ?恥?, ou haji, que significa ?vergonha?. Cobri minha boca com as mãos, o cheiro era ruim... Onde estava Yuu? Quem havia feito aquilo na parede? Ele.


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