Amai Fukushuu

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 8

    Sono mishiranu hito

    Álcool, Bissexualidade, Drogas, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

    Ruki POV?s

    -Seis anos é muito tempo?! Não sei... Depende da situação... -Respondi bêbado.

    Finalmente estávamos reunidos novamente. Suzuki Akira, agora com seus cabelos completamente descoloridos, ainda com a faixa sobre o nariz, mas cada vez mais estiloso e bonito. Shiroyama Yuu, os cabelos agora mais curtos, acinzentados por cima, ainda muito charmoso. Ishihara Takamasa, agora com os cabelos mais compridos, cheio de mexas coloridas e tranças, tinha uma beleza excêntrica. Takashima Kouyou, conseguira ficar ainda mais bonito, os cabelos agora maiores e um pouco mais escuros, mas ainda com o mesmo olhar forte e a boca perfeitamente desenhada. E eu... Matsumoto Takanori... Eu estava loiro, os cabelos mais curtos e repicados, desarrumados de uma forma charmosa, eu havia me livrado dos meus óculos, usando agora lentes de contato azuis, a maquiagem disfarçava bem meus olhos puxados, me transformando num típico californiano metido e mesquinho.

    Estávamos sentados à mesa de uma das maiores casas de jogos para adultos de Tóquio, Reita estava com a sua atual namorada, Yuki Keroly, Miyavi, por mais assustados que aquilo tenha sido para mim, com Melody, Aoi e Uruha, estavam desacompanhados e eu... Eu estava com Reila, minha futura esposa... Sim, eu estava noivo e eu amava Reila.

    -Ah... Cala a boca, Ruki! Seis anos é muito tempo quando se trata de ficar sem ver seus amigos... -Reclamou Reita, tão bêbado quanto eu. A única pessoa ali que não estava bebendo era Reila, já que ela me levaria para casa.

    -Eu estava trabalhando! -Falei orgulhoso. -Vocês poderiam ter ido me ver, de qualquer forma!

    -Somos quatro, seu asno... -Respondeu Miyavi mal-humorado e quase se pendurando em Melody. -Nem sabíamos onde você estava!

    -Ah... Kuso! Tudo bem, tudo bem... Eu estou de volta, e para ficar!

    Vi Aoi se levantar, o copo de saquê erguido.

    -Então um brinde a volta desse anão... Kanpai! -Nós nos levantamos, imitando seu gesto e palavra, e eu não me importando de ser chamado de pequeno... Mais uma vez.

    Bebemos por mais algum tempo, depois todos resolverem jogar, Kouyou e eu ficamos na mesa, não por falta de vontade, afinal eu amava jogos, mas por que não conseguíamos nos levantar.

    -Etto... -Ele começou. -Veio mesmo para ficar não é?

    -Sim!

    -Senti sua falta... -Eu sorri.

    -Também senti a sua! -Ele me sorriu de volta, não importava quanto tempo se passasse Kou sempre teria aquele sorriso meigo e infantil. -Então... Como ficaram as coisas?

    -Que coisas?

    -Com Yuu!

    -Hum... Nada demais...

    -Nada demais? O que está rolando?

    -Nada demais...

    -Ah... Para o inferno com a sua inocência... O que ta rolando entre vocês dois... Vi ele te olhando a noite inteira...

    -Sexo!

    -Só?

    -Hai!

    -Mas...

    -Está tudo bem Taka... Sabe... Nós conversamos e decidimos que nunca passaria disso... Nada de mãos dadas ou caricias em público... Só sexo!

    -E você aceitou isso?

    -Era o único jeito de ficar perto dele! -Vi um sorriso amargo se formas nos lábios dele.

    -Então ninguém sabe?

    -Não! -Ele foi rápido em me responder. -Digo... Reita desconfia... Mas ele leva numa boa, mas Miyavi...

    -Foda-se o Miyavi, droga... Por que não conversa com Yuu? Diz pra ele...

    -Sabe... -Ele me cortou. -Estou feliz que tenha voltado!

    -Eu... Eu também estou feliz! -Vi ele sorrir e devolvi o sorriso, ainda revoltado com a situação.

    ~X~

    Acordei naquela madrugada achando que minha cabeça explodiria e uma dor insuportável no estômago. Reila dormia tranquila, deixei um beijo no alto de sua cabeça e me levantei.

    Percebi que usava um short de pijama e uma camisa regata, Reila tinha me trocado, eu havia chegado tão bêbado assim?

    Fui á geladeira e a abri, me servindo de um copo de água, bebi um pouco e senti minha cabeça rodar, corri como pude até a pia... Vomitei!

    Senti alguém entrando na cozinha, não olhei, mas vi um par de pés parados ao meu lado, passei a mão no rosto, prendendo o cabelo para trás, mas não levantei a cabeça, temendo vomitar mais uma vez.

    -Foi você que me vestiu? -Não obtive resposta. -Sabe que eu não gosto dessa regata, ela me aperta... -Lavei o rosto. -Pode pegar uma toalha pra mim? -Outra vez eu não tive uma resposta. -Reila?! Pegue uma toalha pra mim, por favor?

    -Ruki?!

    Me virei então, Reila chegava a porta, os olhos inchados, indicando que acabaram de acordar e sua visão era irritada pela luz. Olhei para onde antes havia um par de pés... Não havia ninguém ali.

    -Reila...

    -Está tudo bem? Vi que não estava na cama e fiquei preocupada... Por que estava falando sozinho?

    -Eu não estava... Tinha... Alguém aqui!

    -O que?

    -Tinha...

    -Ruki?!

    -Eu vi! Estava aqui! -Apontei para o meu lado. -Eu vi!

    Reila deu um sorriso fraco e se aproximou, me abraçando.

    -O efeito do álcool ainda não deve ter passado! -Ficamos um tempo em silêncio. -Ruki?

    -An...

    -Você só bebeu?

    -Nani?

    -Você só bebeu... Ou...

    -Ah... Não comece com isso...

    -O que você usou?

    -Nada! -Eu a afastei, mas ela segurou meu braço me encarando.

    -O que você usou?

    -Nada... Me solte!

    -Ruki... Você me disse que tinha parado!

    -Eu parei! -Desviei o olhar e tentei me desvencilhar.

    -Por favor, me conte a verdade! -Desisti de tentar me soltar, eu estava fraco, então apenas abaixei a cabeça, encarando meus pés.

    -Cocaína!

    -Só isso? -Demorei responder.

    -Não! -Reila suspirou e entrelaçou os dedos nos meus, deitei minha cabeça em seu ombro, tentando esconder meu rosto.

    -E você parou alguma vez?

    -Não!

    -Por que mentiu pra mim?

    -Me desculpe... Fiquei com medo...

    -Medo?

    -De... De você ir embora... E me deixar...

    -Você sabe que eu nunca faria isso! Eu te amo, quero cuidar de você... -Ela me abraçou. -Mas não quero que minta para mim!

    -Me desculpe...

    -Tudo bem! Vem, vamos voltar para a cama!

    Reila me puxou de volta para o quarto, mas antes de apagar a luz dei uma ultima olhada na cozinha, completamente vazia... Eu é que estava louco?

    ~X~

    O dia amanheceu quente e abafado, me levantei suando e minha regata apertada estava molhada. Fiz minha higiene pessoal e me troquei, era domingo e eu não trabalharia hoje, obviamente.

    Encontrei Reila na cozinha, ela terminava de servir a mesa do café, insistia que não devíamos contratar uma empregada, já que ela apenas terminava a faculdade, poderia cuidar das coisas em casa... Eu não gostava de vê-la cuidando de casa, mas admito que sua comida era deliciosa.

    -Bom dia! -Desejei, abraçando-a por trás, deixando um beijo em seu rosto.

    -Bom dia koi! -Ela respondeu com um sorriso. -Se sente melhor?

    -Mais ou menos...

    -Fiz um café forte, beba um pouco e vai melhorar!

    -Hai! -Me sentei, me servindo de uma xícara de café. Reila se sentou de frente para mim, me encarando. -Algum problema?

    -Sobre ontem a noite... -Continuei a encará-la por trás da xícara. -Você disse que tinha visto alguém na cozinha...

    -Foi só impressão!

    -Tem certeza? Bem... -Ela se calou por alguns segundos. -Eu não quis dizer nada ontem por que você estava assustado... Mas eu fiquei com medo!

    -Medo? De que?

    -Não sei... Quando entrei na cozinha senti um frio estranho...

    -Wakata... -Ficamos em silêncio por algum tempo. -Esqueça isso, foi só uma impressão ruim!

    -Hai!

    O telefone soou alto na sala.

    -Eu atendo! -Me levantei com pressa, esperei tocar mais uma vez e então atendi. -Moshi-moshi!

    Não houve resposta, apenas chiados incompreensíveis, como em uma ligação muito ruim, as vezes aumentando o volume, as vezes a velocidade.

    -Quem é? -Ouvi Reila me perguntar da cozinha, não respondi, permaneci escutando em silêncio.

    O chiado aumentou consideravelmente e eu pude ouvir a formação de ruídos mais consistentes, parecia dizer algo, mas era incompreensível, dizia palavras que eu não conhecia, de forma pausada e lenta, com uma voz desumana, meio fina, meio grossa, meio... Estanha.[1]

    Senti arrepios subirem pela minha coluna de vagar, então um som como o de um apito agudo ressonou no alto falante do telefone, era alto, afastei-o do ouvido e o coloquei de volta no gancho com violência.

    Encarei o telefone com o cenho franzido.

    -Koi?! Quem era? -Perguntou Reila chegando à sala.

    -Ah... Ninguém disse nada... Deve ter sido engano... -O telefone voltou a tocar, dei um pulo para trás com o susto, senti meu coração apertado. Eu estava com medo de que?

    -Deve ser a mesma pessoa! Não vai atender?

    -Ah... -Não me mexi. Reila se aproximou então e atendeu.

    -Alô!

    -Moshi-moshi! Reila?

    -Sim!

    -É o Kouyou... O Taka está?

    -Sim, ele está, só um segundo! -Ela me estendeu o telefone. -Kouyou!

    Peguei o telefone depois de hesitar um pouco, Reila se afastou, voltando a cozinha.

    -Kou?

    -Oi, Chibi... Eu...

    -Que brincadeira foi essa? -Perguntei em voz baixa.

    -Nani?

    -Foi você quem ligou a pouco não foi?

    -Não...

    -Não brinque comigo!

    -Eu não te liguei, to ligando agora...

    -Tem certeza?

    -Sim! O que aconteceu?

    -Ah... Nada!

    -Wakata! Bem, estou ligando pra te convidar para almoçar com a gente hoje! Você, Reila, Aoi e eu? Topa?

    -Ah... Claro, onde?

    -Na minha casa... Eu vou cozinhar hoje!

    -Etto... Pensando bem... -Nós dois rimos.

    -Baka! Venham agora, Aoi comprou saquê... Muito saquê!

    -Okay! Logo estaremos ai!

    -Hai! Até mais!

    -Até!

    ~X~

    Taka?! -Eu e Uruha fumávamos na varanda dos fundos. Ele morava em uma casa enorme com um jardim magnífico nos fundos. Estávamos sentados em poltronas almofadadas e confortáveis.

    -An...

    -Do que estava falando hoje no telefone? -Repirei fundo e não olhei.

    -Segundos antes de você me ligar eu recebi uma ligação estranha... -Contei tudo a Kou tudo o que eu tinha visto, desde a presença na cozinha, até a ligação estranha. Kou me encarava sério. -Então fez um som agudo que quase me deixou surdo...

    -Wakata!

    -Você não está acreditando não é? Mas eu vi, tinha alguém lá, na minha cozinha, eu vi os pés desse alguém...

    -Taka...

    -É verdade...

    -Taka...

    -Eu vi...

    -Takanori?! -Ele ditou com a voz firme e eu o encarei. -Eu acredito em você por que o mesmo aconteceu comigo essa noite!

    -O que?

    -Fique quieto e eu vou te contar okay?

    ~X~

    Kouyou POV?s

    Eu estava deitado com a cabeça voltada para os pés da cama, meu corpo... Nú. Era mais uma noite que Yuu e eu passávamos juntos.

    Me mexi de leve, me cobrindo melhor e tentando me sentir mais confortável, mas estava estranhamente frio. Senti uma caricia leve nos meus cabelos, deslizando e afagando-os.

    -Hum... Yuu... -Ronronei manhoso, mas não abri meus olhos. -Que bom que ficou aqui comigo hoje nee? Sabe Yuu... Eu estive pensando e... Eu gosto muito de você e há muito tempo... Eu me sinto feliz quando você está comigo, não só quando a gente transa, mas quando ficamos conversando bobeiras até tarde da noite... Mas sempre choro quando acordo de manhã e você já foi embora... Eu quero muito levar isso adiante Yuu... Muito...

    Ele não me respondeu, senti meus olhos serem queimado pelas lagrimas, mas ainda não os abri. Era aquilo então? Yuu via aquilo como uma forma de diversão enquanto eu estava apaixonado por ele?

    Meus pensamentos foram cortados pelo som da maçaneta da porta do banheiro sendo mexida, senti os dedos deixarem meus cabelos de leve, abri meus olhos e encarei a porta do banheiro. A maçaneta voltou a se mexer com um pouco mais de força.

    -Kou?! -Ouvi a voz de Yuu me chamar... De dentro do banheiro. -Kou?! Você tá acordado?

    Senti um tremor percorrer meu corpo, Yuu me chamou mais algumas vezes, agora aumentando o volume da voz e a força com que balançava a porta. Me mexi de vagar, me apoiando nos cotovelos e finalmente tomando coragem para olhar. O quarto estava vazio!

    Me levantei num pulo, me enrolando no lençol e corri até a porta que balançava, a chave estava na fechadura para o lado de fora da porta.

    -Yuu? -Chamei baixinho. A porta parou de balançar.

    -Kou? Você trancou a porta?

    -Não! -Eu a abri e o encarei, depois o abracei com toda a força que consegui, meus olhos voltando a correr pelo quarto vazio e escuro.

    ~X~

    Ruki POV?s

    Encarei Kou sem expressão, ele parecia nervoso.

    -Yuu não acredita em mim... -Ele disse triste. -Mas tinha alguém no quarto... E esse alguém o trancou no banheiro...

    -Isso parece loucura...

    -Taka?! Você não acha que pode ser... Ele?!

    -Ele?!

    -É... -Kou suspirou fundo. -Aquele garoto... Yutaka...

    -Kou... Yutaka está...

    -Eu sei... Eu sei... Mas...

    -Não Kou... Eu tento não ficar me lembrando do que aconteceu ta legal? Eu perdi pelo menos uns três anos de sono por isso, precisei passar por oito psicólogos... -Eu disse em voz alta, me alterando, Kou me encarou. -Ah... Me desculpe...

    -Tudo bem... Mas Reita ligou hoje de manhã, dizendo que quando acordou e estava tomando banho viu alguém no banheiro através do box, achou que fosse a Ke-chan, mas quando saiu do banheiro ela ainda dormia... Acha que isso tudo pode ter sido coincidência? Assim... De repende... Logo que você volta para Tóquio... E na mesma noite...

    -Kou! Para! Para tá legal... Você sabe muito bem que voltamos caindo de bêbados para casa ontem, todos nós... Foi só isso...

    -Não!

    -Kou! -Minha voz soou num som ameaçador. Kou apenas me encarou em silêncio, e assim ficamos até terminarmos nossos cigarros e voltarmos para dentro de casa.


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