Amai Fukushuu

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    18
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Kyouki

    Álcool, Bissexualidade, Drogas, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

    Ruki POV?s

    Dirigi meu carro para qualquer lugar, eu ainda estava atordoado e zonzo com tudo que tinha acontecido, e como se não fosse o suficiente o efeito do álcool e da cocaína, eu estava excitado. Deitei minha cabeça com a testa apoiada no volante, ela começava a doer.

    ?Como vou olhar pro Kou agora??

    Por um instante eu acredito que cochilei ali, deitado daquela forma desconfortável, uma das mãos sobre meu membro desperto, apertando-o, mas sem fazer qualquer movimento.

    Quando voltei a si, percebi que estava em um lugar completamente desconhecido, eu havia babado no meu volante e minha mão ainda estava sobre meu membro, sendo apertada pelas minhas coxas. Do lado de fora, eu vi pingos escorrendo pelo vidro do carro, estava chovendo... Forte.

    Limpei a baba do canto da boca e ergui minha cabeça, ela doía e minha visão estava um tanto turva e embaçada, apesar dos óculos. Eu realmente não sabia onde eu estava, mas não tive muito tempo para pensar em possibilidades, a porta do carro se abriu e eu senti meu corpo ser puxado com violência para fora. Fui jogado no chão cheio de lama e então pude ver um homem grande ?MUITO GRANDE VOCÊ QUIS DIZER?!? acompanhado de mais dois, um pouco menores e mais magros, me apoiei nos cotovelos, enxergando pouco, por contas dos pingos de água que agora tomavam a lente dos meus óculos.

    -Hey, que palhaçada é essa?

    -Cale a boca, anão! -Disse o maior, os outros dois já entravam no meu carro.

    -Hey, não, minhas coisas... -Eu ia me levantando, mas fui calado por um chute no rosto que me fez cair de costas novamente, enquanto meu nariz começava a sangrar.

    -Mandei ficar calado, ameba!

    Me arrastei um pouco, tentando me afastar, mas fui atingido por outro chute forte que me fez contorcer de dor. Rolei um pouco, com a mão no estomago, onde havia acertado um terceiro chute.

    -Por favor... Podem levar o carro, o dinheiro, mas a minha bolsa, meus documentos, por favor, deixem-nos!

    -Você é corajoso baixinho! -Disse o maior, depois tirou minha bolsa de dentro do carro, a abriu e vasculhou, tirou delas uns quatro ou cinco preservativos, depois rui. -Consegue usar o mesmo tamanho que eu? Vou ficar com elas, acho que eu uso mais que você!

    -An... -Apenas concordei baixinho, mas meu pensamento foi orgulhoso. ?COMO ASSIM ?CONSEGUE USAR O MESMO TAMANHO?? DE PEQUENO EU SÓ TENHO A ALTURA!?

    -Matsumoto? -Agora ele tinha minha carteira nas mãos... Estava molhando. -Você não é filho do Matsumoto Hiroshi?

    Demorei responder.

    -Hai!

    -Ah... E aqueles caras ali ainda estavam preocupados em roubar você! -Ele tirou todo o meu dinheiro da carteira e a jogou em mim, junto com a bolsa. -Vai se ferrar, Matsumoto!

    Vi ele entrar no carro e ir embora com pressa, puxei minha bolsa do meio da lama, guardando de volta minha carteira e dela tirei um lenço de pano, enfiando-o no nariz. Não me levantei de imediato, me lembrei que eu ainda não sabia onde estava e agora para meu desespero eu havia sido roubado.

    Olhei a minha volta e não vi nada além de casinhas iguais, como aquelas antigas casas de vilas típicas do Japão, eram casas pobres e pequenas e com aquela chuva tudo parecia assustadoramente abandonado, mas, certo, como eu fui parar ali?

    -Ruki? -Ouvi então aquela voz vinda de trás de mim. Me virei sem me levantar e encarei o rapaz com uma sombrinha vermelha e algumas sacolas na mão. -O que faz aqui?

    -Kai?! Ah... Eu... -Ele se aproximou e me ajudou a me levantar, pegando minha bolsa. -Tudo bem, pode deixar que eu carrego isso!

    Tomei a bolsa da mão dele com certa violência e ele me encarou.

    -O que faz aqui?

    -Eu... Tive um imprevisto... E você? -Ele pareceu um pouco sem jeito.

    -Eu moro aqui! -Olhei em volta e falei sem pensar.

    -Aqui? Pensei que estivesse abandonado?

    -Hum?

    -Ah... Nada... É que...

    -É... É um lugar pobre Ruki, eu entendo que você não esteja acostumado com esse tipo de coisa!

    -Ah... Não é isso...

    -Tudo bem! -Ele sorriu e eu senti como se uma agulha afundasse no meu coração. Remorso. -Você está sangrando... Quer que eu cuide disso?

    -O que? Ah... Ah... Não precisa, está tudo bem! Eu... Eu tenho que ir... -Me afastei um pouco, tentando não olhá-lo. -Eu tenho que ir...

    Me virei na intenção de sair dali, olhei novamente para os lados e parei ao ouvir a voz de Kai.

    -Esse lado ai não tem saída! -Suspirei. -Vem comigo, minha casa é logo ali, pode esperar a chuva passar se quiser!

    -Não! -Eu disse rápido ele voltou a rir.

    -Minha casa não transmite doença Matsumoto!

    ?Por que ele me chamou pelo sobrenome??

    -Eu não disse isso!

    -Então venha, deixe de ser orgulhoso, maldito riquinho! -Ele disse com um sorriso no rosto.

    ?O QUE??

    -Eu realmente tenho que ir!

    -Wakata! Então boa sorte com o caminho! -Ele me deu as costas e ameaçou sair.

    -Matte! -Kai parou e me olhou divertido. -Etto... Poderia me ajudar?

    -Hum... Depende!

    -Me roubaram, levaram meu carro e meu dinheiro, to duro, não que lugar é esse e não sei como voltar para casa! -Falei rápido.

    -Celular?

    -Ficou dentro do carro!

    -Hum... Acho que eu posso ajudar você! Ainda está com medo da minha casa?

    -Eu não estava...

    -Venha comigo! -Kai me deu as costas e saiu, ainda debaixo do seu guarda-chuva vermelho. Eu o segui, com vergonha de cabeça baixa. Ele entrou em uma das casinhas, depois de destrancar a porta com certa dificuldade, parecia emperrada. -Meu vizinho tem um carro, vou pedir a ele emprestado e te levo a sua casa!

    -Ah... Arigatou nee, mas não precisa se preocupar, é só me mostrar por aonde ir e eu... -Ele me deixou falando sozinho. Suspirei fundo e xinguei mentalmente o fato de ter ido parar exatamente no lugar onde Kai mora, mas então me distrai com a casa, ?casa?!?... Era um barraco bastante acabado, olhei as paredes de madeira sem tinta, os móveis velhos, mas nada era sujo ou estragado, era bem arrumado a medida do possível.

    -Então, parece bom pra você? -Me assustei, não havia percebido que ele havia voltado para onde eu estava e eu ainda olhava suas coisas.

    -Ah... Não sei...

    -Seja sincero certo? Esse lugar é um buraco! Mas digamos que eu não tenha muitas opções! -Então ele levantou a chave do carro, balançando-a. -Vamos?!

    -Ah... Hai! -Eu o segui novamente, desconfortável. Entramos em um carro velho, com a pintura descascada, era antigo e por algum tempo pensei que não pegaria, por que demorou ligar e quando ligou pensei que explodiria, por que um estalo alto foi ouvido e eu me assustei.

    -Não precisa ter medo, ele sempre faz isso!

    -Hai! -Ele dirigiu até um portão grande, de madeira, com o seguimento de uma cerca alta, aquilo era realmente uma vila velha.

    Fiquei em silêncio, me encostando ao vidro fechado do carro, eu começava a sentir frio, por que estava molhado. Reparei que Kai começou a se remexer enquanto dirigia, mas não o olhei e logo senti algo quente sendo jogado em cima de mim.

    Kai havia tirado o próprio casaco, eu o peguei assustado e o encarei.

    -Vista! Vai pegar um resfriado! -O olhei por mais algum tempo, depois vesti o casaco, agradecendo a Kami por ele estar tão quentinho. -Então... O que estava fazendo lá?

    -Não sei... Eu só estava dirigindo e acabei indo pra lá!

    -Isso é estranho... Bêbado?

    -Não... Exatamente!

    -Wakata! -Ele disse entendendo meu recado.

    Continuamos conversando durante o percurso, que na verdade era bastante longo. Baixei um pouco minha guarda, descontraindo durante a conversa, então descobri que ele era apaixonado por vídeo game, mas nunca pode ter um, por que era caro. Descobri que gostávamos das mesmas bandas e que ele sabia cozinhar, pois trabalhava em um restaurante de comida típica, o que explicava o fato de ele estar na rua àquela hora.

    Descobri também que tanto sua mãe quanto seu pai havia morrido há algum tempo, sua mãe de doença e seu pai em um acidente de trabalho... Na empresa do meu pai. Eu disse a ele que sentia muito sem saber se realmente sentia e ele disse que estava tudo bem.

    Depois de algum tempo ele parou o carro, estávamos em frente a minha casa, demorei um tempo até me perguntar como ele sabia que eu morava ali, mas fiquei calado, a chuva estava mais forte e quase não se podia ver nada do lado de fora, principalmente por ser madrugada e estava escuro.

    -Etto... Arigatou nee, Kai...

    -Por nada... -Ele sorriu e por um minuto de devaneio eu deixei meu olhar se perder naquele sorriso largo. ?Ele tem covinhas? Como assim eu nunca reparei nisso... Kami-sama, isso quer dizer que eu tenho reparado mais nele? VOCÊ MERECE A MORTE, TAKANORI! Espera... Ele ta me encarando por quê? E por que ele parou de sorrir? Por que eu estou nervoso, fale alguma coisa seu imbecil... Yutaka maldito!?

    Nós dois fomos assustados pela batida do vidro do carro, Kai riu baixo e abaixou o vidro revelando um policial ensopado.

    -Tudo bem aqui?

    -Hai! -Ele olhou de Kai para mim, e sorriu, como se compreendesse algo.

    -Desculpe atrapalhar, mas preciso avisar aos motoristas que a ponte da rua Kyami acabou de cair, é impossível passar por lá...

    -Kuso! -Ouvi Kai resmungar. ?POR QUE ESSE POLICIAL FILHO DE UMA PUTA TA ME OLHANDO ASSIM? Ele deve estar pensando que Kai e eu... NÃO!?

    -Bem... Tenham uma boa noite e... Cuidem-se! -Ele voltou a rir e saiu, deixando que Kai voltasse a fechar o vidro.

    Eu ainda estava incomodado com o sorriso e os olhares do policial, mas Kai não parecia preocupado, não com aquilo.

    -A rua Kyami é o único ligamento entre Tóquio e a vila! -?Matte! Eu estava fora de Tóquio? EU JÁ DISSE PRA VOCÊ PARAR DE USAR DROGAS, BAKA!?.

    -Ano... Eu tenho um vídeo game! -Eu disse divertido, mas sem pensar e ele me encarou.

    -E...

    -Pode ficar aqui até a chuva passar, se quiser é claro!

    -Hum... Acho que eu não tenho muitas escolhas não é? -Nós dois rimos e ele encostou o carro um pouco mais perto de casa. Descemos correndo e eu toquei a campainha. A empregada atendeu ao interfone e eu pedi que abrisse o portão, e logo fui obedecido.

    Corremos até a porta de casa e eu abri rápido, permitindo que Kai entrasse primeiro.

    Subimos direto para o meu quarto, antes que qualquer empregado me visse, pois meu nariz ainda sangrava um pouco. Kai entrou no quarto, ainda estava um pouco abobalhado, afinal minha casa era gigantesca e incrivelmente bem decorado, ele olhava para tudo, encantado.

    -Esse é seu quarto?

    -Sim!

    -Fuzakeruna! Com um quarto desses, eu não sairia dele nunca, você tem tudo aqui!

    -É... -Eu disse meio sem graça.

    Tomei um banho demorado, minha cabeça estava confusa, apesar de o efeito de qualquer coisa que eu havia consumido, já ter passado.

    Voltei ao quarto e o olhei durante algum tempo, ele estava de costas e mexia na minha cômoda, tinha agora um vidro de perfume nas mãos, e o espirrava no pulso sentindo o cheiro. Parei na porta, eu ainda estava sem camisa, pois ela estava pendurada no meu braço, mas eu não consegui reagir, de forma alguma.

    ?O rapaz por quem eu acabei de admitir ter uma queda puramente física está no meu quarto agora! E DAÍ? Ele ta molhado... E DAÍ? É... Bonito... NÃO, NÃO É! Basta olhar, é bonito sim... BAKA!?

    Deixei meus olhos correrem pelas costas de Kai, a camisa branca, molhada, colava em sua pele, deixando bastante visível seu corpo e inconscientemente deixei que um ofego deixasse minha garganta.

    ?É SÉRIO QUE VOCÊ ESTÁ SE EXCITANDO COM ISSO??

    Kai me olhou ainda com o vidro de perfume nas mãos, eu ainda olhava sua parte de baixo, então meus olhos subiram até chegar aos dele e ele sorriu.

    ?Por que ele tem que sorrir tanto? Será que eu estava dando muito na cara??

    -Tudo bem? -Ele perguntou e então eu reagi, abraçando minha camisa para tentar esconder meu corpo magro.

    -Você está molhado! -Eu disse.

    ?NOSSA, COMO VOCÊ É ESPERTO!?

    -Ham... Sim...

    -Quer uma camisa?

    -Ah... Se não for incomodo... Está aqui está bem fria! -Eu sorri envergonhado e terminei de me vesti, pegando no meu guarda roupas uma camisa para Kai. Ele se trocou ali mesmo, sem nenhuma vergonha, na minha frente, e eu voltei a ofegar, mas dessa vez ele não ouviu.

    ?VOCÊ ACHA QUE NÃO!?

    -Ah... Vídeo game? -Eu disse rápido e ele confirmou com a cabeça.

    Já era quase de manhã e nós ainda jogávamos, ele me dava uma surra deplorável, nunca fui bom em Mortal Kombat, apesar de ser meu jogo favorito. A verdade é que eu não conseguia me concentrar em outra coisa além daquele pedaço exposto da pele de seu abdômen que ficava visível por conta da minha camisa, que era um tanto curta e apertada para ele, afinal eu tinha 1,62m de altura e Kai devia ter uns 20cm a mais que eu.

    Deixei meus olhos subirem mais uma vez, encontrando-os dele, eram de um negro absurdo... Ele me olhava com aquele sorriso largo estampado no rosto.

    -Ganhei de novo! -Continuei com cara de idiota.

    -O que?

    -Eu ganhei... De novo! Devia jogar a sério agora... Está me deixando ganhar, assim não tem graça!

    -Ah... -Olhei para a TV, onde um gigante e amarelo ?Player 1 - Wins? piscava. -Eu avisei que eu era horrível com isso...

    -Ah... -Ele resmungou, deixando o controle de lado, deixei o meu também. Ficamos em um silêncio desagradável por algum tempo.

    -Etto... Obrigado por hoje! -Eu disse baixinho.

    -Tudo bem! Não foi nada demais não é?

    -An... Obrigado mesmo assim! -Voltamos ao silêncio, mas dessa vez quem o cortou foi Kai.

    -Ruki?

    -An...

    -Por que tem falado comigo?

    -Como assim? -Sim... Eu havia entendi sim a pergunta.

    -Bem... Você é rico... E aqueles seus amigos também... E eles não gostam muito de mim... A verdade é que eu era invisível até você decidir que queria falar comigo... Por quê?

    -Bem... Talvez eu apenas não seja tão fútil quando pareço ser...

    -Eu não disse isso!

    -Eu sei que não! -Respirei fundo. -Na verdade a algum tempo eu queria falar com você, eu sempre te via na biblioteca... Parecia diferente... É diferente do que eu estou acostumado!

    -Wakata! Eu sou uma experiência então?

    -O que?

    -Quando se cansar de descobrir como é conviver com alguém pobre como eu, vai voltar para os seus amigos de verdade... Bem... É justo...

    -Não coloque palavra na minha boca...

    -Seus amigos sabem que você tem falado comigo?

    -Eles não têm nada a ver com isso...

    -Não... Nee?

    -Eles saberem não muda nada...

    -Muda sim, você sabe disso! Sabe Matsumoto... Eu não me sinto bem... Olha só pra você... Suas roupas, sua casa, seus amigos... Isso está me assustando...

    -Eu entendo...

    -Acho melhor pararmos com isso! -Vi ele se levantar. -Tudo bem se eu for com a sua camisa? Depois eu a devolvo e pego a minha!

    -Aonde você vai?

    -Tentar ir embora! Talvez já tenham concertado a ponte! -Ele me encarou, depois me deu as costas, indo até a porta.

    Senti algo no meu peito e subiu rápido para minha garganta. O que era aquilo? Parecia uma angústia... Me levantei apressado, quando ele já segurava a maçaneta da porta, corri até ele e o abracei pelas costas.

    Kai pareceu assustado, parou de repente. Deitei minha cabeça em suas costas e me senti uma criança de tão pequeno que ficava perto dele. Mas o que era aquilo que começava a queimar meus olhos? Eram... Lágrimas? ?FALA SÉRIO, VOCÊ VAI CHORAR??

    Senti as mãos ásperas de Kai entrelaçarem as minhas, pequenas, macias e gordinhas e nós ficamos daquele jeito por algum tempo, até ele se virar de frente para mim, continuei a abraça-lo, com o rosto enterrado em seu peito agora. Eu estava encolhido, ainda chorava, Kai me envolveu em um abraço apertado.

    -Não vá... Por favor... Fica comigo...


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