Amai Fukushuu

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    Capítulo 2

    Kotonaru Otokonoko

    Álcool, Bissexualidade, Drogas, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Suicídio, Violência

    Ruki POV?s

    As coisas naquele dia seguinte correram como em qualquer outro dia, estudamos, zoamos algumas pessoas, passamos o intervalo no pátio jogando bolinhas de papel nos que passavam. Sempre os mesmos idiotas de sempre, era o que sempre acontecia.

    -Ah... Ano... -Um menino estranho se aproximou, olhamos para ele curiosos, ele parecia envergonhado. Eu estava deitado no banco, no colo de Uruha, os outros se viravam para se sentar ao nosso redor, seja nas sobras do banco, seja no chão.

    -O que você quer? -Perguntou Miyavi.

    -Ah... A moça pediu que eu entregasse isso ao... Meev... Mia... -Miyavi se levantou tomando o papel que o garoto estendia. O garoto continuou parado onde estava, parecia ainda mais assustado.

    -O que é? Quer um beijinho na testa? Okamainaku! -Miyavi gesticulou com a mão espantando o garoto que correu.

    -O que é? -Perguntei.

    -Um bilhetinho... -Todos rimos.

    -Recebendo bilhetinhos Ishihara... De quem é? -Perguntei quando ele abriu o bilhete.

    -Ui! Melody... -Ele disse com uma voz estranha. -?Encontre-me hoje atrás do prédio 15 depois da aula!Kissus, Melody!?

    Aoi riu.

    -Vai tirar o atraso hoje Ishihara?

    -Atraso? -Miyavi riu. -Que atraso? Acredito que seja você quem está precisando tirar o atraso, preto, pelo menos até onde vão meus conhecimentos... Mas eu não nego... Pegar a Melody não vai ser nenhum tipo de sacrifício, afinal faz um tempo que ela deseja meu corpo nu, eu é que estava me fazendo de difícil...

    -Ah, damara seru, jyoro no ko! -Xingei. -Você tá tentando comer a Melody a quanto tempo? Dois anos não é?

    -Nani! Você enlouqueceu Chibi! -Senti meu rosto esquentar, odiava que me chamassem assim (ser baixinho já é ruim, principalmente se as pessoas ficam te lembrando disso!). -Um ano e dois meses no máximo... Mas vai dizer que não vale a pena?! Melody é a vadia mais gostosa dessa porra toda e eu vou transar com ela hoje!

    Voltamos a rir e eu me levantei.

    -Dame da! O que você ofereceu a ela? -Todos o encaramos e ele ergueu a sobrancelha.

    -E por que acha que eu ofereci alguma coisa pra ela?

    -Por que ela já negou todos nós... -Respondeu Reita pensativo, as vezes seu cérebro parecia ter algum tipo de leg. -Por que iria querer você...

    -Are are! -Disse Miyavi com falsa indignação. -Ham! Certo, ela me pediu coca!

    -Coca?!

    -...ína!

    -Ína?

    -Você é doente? -Miyavi encarou Reita, depois disse baixinho. -Cocaína! Ela quer coca...

    -E vai te pagar com sexo? Baixo! -Comentou Uruha com formalidade.

    -Quem vai cometer a baixaria é ela, ano... Não me importo!

    -Eu sei que não... A verdade é que eu acho que eu também não me importaria! -Voltamos a rir e o aviso foi dado de que deveríamos voltar para as salas de aula. Nos levantamos depois de algum tempo, quando o zelador no expulsou dali, subimos as escadas e chegando ao pátio superior eu pude ver ele, dei uma parada de leve, mas ninguém percebeu, fiquei um pouco mais para trás... Droga, Miyavi, Reita e Aoi estavam indo em direção a ele.

    Kai estava em um canto, encostado a parede, um pouco desajeitado tentava arrumar um molho de folha em suas mãos. Miyavi se aproximou mais que os outros, Kai pareceu não nos ver e Kami-sama... Eu queria correr dali antes que ele me visse. Fiquei um pouco atrás de Uruha, que observava mais de longe, com um bico formado naqueles lábios bonitos.

    Vi Miyavi atingir a pilha de papel de baixo para cima com a mão, jogando tudo no chão e Kai se assustando, senti pena quando ele se espremeu contra a parede, encarando Miyavi.

    -Oi gracinha... -Kai não respondeu e Miyavi riu. -Qual é o seu nome?

    Outra vez Kai ficou em silêncio, Reita e Aoi riram.

    -Ele está com medinho... -Ouvimos Reita dizer. Miyavi segurou então o rosto de Kai com força, apertando-o.

    -Eu perguntei seu nome... -Kai demorou a falar.

    -Yutaka!

    -Hum! Sobrenome bonito Yutaka... Mas e o seu nome? -Miyavi o apertou mais um pouco. -Me diga seu nome!

    -Droga! -Sussurrei me escondendo um pouco mais atrás de Uruha, agarrando o pano de sua camisa e apoiando a cabeça em suas costas. -Droga, droga, droga...

    -Taka?! O que...

    -Depois te conto, Kou! -Ficamos em silêncio e eu pude ouvir Miyavi falar outra vez.

    -Qual é o seu nome gracinha? -Então ouvi Kai responder baixinho.

    -Uke! -Miyavi, Reita e Aoi riram.

    -Uke?! Uke?! Do tipo... Uke?! -Então eu olhei ainda escondido, vi Miyavi virar Kai para parede e prensá-lo com o próprio corpo. -Uke desse tipo?

    Segurei a camisa de Uruha com mais força.

    -Dame kudasai! Damedesuyou! Ima Yamero! -Eu falei baixinho e Uruha me olhou de lado, preocupado, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma voz o cortou o ar, lacerante, fina, chata... A diretora. Era a primeira vez que aquela voz me causava alívio.

    -Nee, meninos, o que está acontecendo aqui? -Vi Miyavi soltar Kai e se virar para a diretora, Kai também se virou de vagar, envergonhado. Manteve a cabeça baixa e os braços cruzados na frente do corpo em sinal de defesa. -Você, Ishihara, venha comigo, você também Yutaka, vamos ter uma conversinha...

    -Hai! -Kai disse baixinho, depois se abaixou, juntando suas coisas do chão.

    -Eu esperava esse tipo de coisa de qualquer um, Yutaka, qualquer um, menos de você... É um bolsista, devia se lembrar de que esse tipo de arruaça pode causar sua expulsão imediata!

    ?O que?! Ela estava humilhando ele? Era isso mesmo que eu estava ouvindo??

    -Gomenasai! -Pediu ele abraçando suas coisas.

    -Andem, andem! Vamos! E vocês, sala! -Ela nos deu as costas e saiu autoritária, Miyavi a seguiu emburrado, as mãos nos bolsos, Kai veio atrás, tímido e ainda de cabeça baixa. Eu o olhei e os olhos dele se levantaram para mim... Ele sabia que eu estava ali o tempo todo?

    Kai me encarou, me encolhi um pouco mais e desviei os olhos, sem saber pra onde olhar. Ouvi Reita e Aoi conversando e se afastando, logo somente Uruha e eu estávamos no pátio.

    -Acho que você tem muita coisa pra me contar! -Disse Uruha sério.

    -Me desculpe Kou, eu já teria te contado, mas não tive tempo!

    -Tudo bem! Vamos para a sala antes que a velha volte, depois você conta!

    -Hai!

    ~x~

    Passei o resto da aula sem conseguir me concentrar, a maior parte do tempo sem sequer olhar para o professor. A imagem de Kai olhando para mim daquela forma tinha me destruído, mas eu não sabia por que, afinal não era a primeira vez que Miyavi zoava com ele, nunca participei, mas sempre observava e sem nenhum tipo de remorso.

    ?Por que isso Takanori? Qual é o seu problema? Não me diga que você está... NÃO! NÃO! NEM PENSAR... Droga, eu estou discutindo com a minha cabeça?! Sim, você está Takanori, isso quer dizer que você está confuso... Se está confuso quer dizer que... NÃO!?

    -Hey! Taka?! Dá pra prestar atenção no que eu to falando? -Uruha chamou minha atenção.

    -Etto... Gomen nee!

    -Então quer dizer que você falou com ele ontem?

    -Hai!

    -E por isso você estava tão nervoso hoje?

    -Não sei... Isso está tudo mundo estranho Kou... -Uruha me encarou.

    -E se eu disser a você que está...

    -NÃO! -Quase gritei e ele continuou a me encarar, os poucos alunos que estavam ali esperando os pais buscá-los, olharam para mim. -Não! Nem pensar...

    -Certo, o que você acha que eu ia dizer? -Senti meu rosto esquentar.

    -Que eu posso... Estar... Apaixonado! -Uruha riu compreensível.

    -Eu ia dizer que você está se sentindo culpado pelo que os outros fazem que você possa achar isso tão errado quanto eu acho... Mas bem, parece que seu subconsciente acabou de gritar...

    -O que?

    -Você pode sim estar apaixonado!

    -Não... Não! Não mesmo...

    -E se eu disser a você... Que eu estou apaixonado? -Eu o encarei.

    -Está?

    -Sim! Há uns dois anos...

    -Pela mesma pessoa? -Me inclinei um pouco para frente curioso.

    -Sim! -Minha boca formou um ?o? perfeito.

    -E por que não estou juntos? Você já falou com essa pessoa?

    -Já... Mas não acho que vá dar certo!

    -Sério?! Ela é louca? Qual é o problema dela? Eu conheço? -Uruha riu.

    -Sim, você conhece ?ele?! -Meus olhos se arregalaram.

    -Ele? Kouyou... Você...

    -Sim!

    -Sempre?

    -Sempre! -Minha boca se abriu mais, aumentando o ?O?.

    -Quem? -O rosto dele avermelhou.

    -Shiroyama!

    -Yuu?

    -É o único Shiroyama que conhecemos! -Eu o encarei pasmo. -Dá pra parar com isso? Ano... O que eu quero dizer é que não há problema nenhum em estar apaixonado por ele...

    -Yuu? -Uruha riu, mas eu continuei sério, o olhando sem expressão. -Ah... Desculpe... Não consigo pensar...

    -Isso é normal!

    Me ajeitei no banco, olhando agora para frente, perdido.

    -Bem... Eu não estou apaixonado... É só que... Acho-o interessante... Não sexualmente... De forma alguma... Mas... Interessante! -Uruha me olhou com aquele olhar de sempre e com um sorriso sarcástico no rosto. -O que foi? Eu não quero transar com ele, tá legal?

    -Eu nunca disse isso... Olha ai o seu subconsciente de novo! Deve ser algum tipo de atração física!

    -Ah, está ficando impossível conversar com você sabia! -Falei com falsa indignação e nós ficamos em silêncio depois de rirmos um pouco. -Ele disse ?até amanhã?...

    -E...

    -Isso quer dizer que ele quer que eu fale com ele de novo não é?

    -Com certeza sim!

    -Mas... Ele viu que eu estava lá e não fiz nada...

    -Ah, Taka! Por favor, nee? Isso não tem nada a ver! De qualquer forma, você sempre estuda na biblioteca depois da aula, vai ter que ir lá de qualquer forma... Ele vai falar com você e se não falar... Fale com ele...

    -Falar com ele? Não, não... Não mesmo...

    -Você é muito difícil Matsumoto... Quer saber, eu vou embora, já está tarde e eu preciso resolver umas coisas...

    -Espera ai! Você tem que me contar essa historia do Yuu direito...

    -Outro dia Taka! Outro dia... -Observei ele se afastar e ri baixinho.

    Kouyou era meu melhor amigo, com toda a certeza, era o único que sempre entendia minhas crises histéricas (sim, eu tinha muito disso) e o único que me batia quando eu passava dos limites. Infelizmente ele tinha um sério probleminha com o álcool, sempre bebia demais e certa vez conseguiu roubar um beijo meu... Admito, não foi ruim e eu teria devolvido o beijo se estivéssemos sozinhos e se fosse nesses últimos dias, por conta das provas finais, eu sempre fico um tanto desesperado e meio gay. Espero que ele nunca descubra que eu já me masturbei pensando na boca e nos olhos dele... Não, não me orgulho disso, muito menos de contar... Mas é a verdade.

    Meus pensamentos foram cortados pela figura de Kai atravessando o pátio, indo em direção à biblioteca. Eu o observei, ele parecia triste, seria comigo? Ele entrou pelas portas da biblioteca, fechando-as atrás de si.

    Me levantei decidido e fui atrás, parei na porta e respirei fundo e entrei, meus olhos foram direto á mesa onde Kai acabava de se sentar. Voltei a parar, ele me encarou e ficou observando quando voltei a andar em sua direção.

    Parei de frente para ele e respirei fundo.

    -Daijoubu?

    -An... Watashi wa genkidesu, anata wa? -Ele estranhamente sorriu... Aquele sorriso de novo, senti uma sensação estranha no estomago.

    -Bem! Ano... Me desculpe por hoje!

    -Ham?! Ah... Tudo bem...

    ?Tudo bem?! Tudo bem?! Como assim tudo bem? Por que aquela criatura era tão estranha? Não podia estar tudo bem... Meus amigos haviam humilhado ele hoje... De novo... E eu havia ficado apenas observando... Ah... Mas é claro... Eu não era amigo dele, por que eu devia ter feito algo? Ele sabia disso... Eu é quem estava levando as coisas pro lado errado... De novo!?

    -Ah... Etto... Daijoubu! -Me virei para sair dali, ele sempre me olhava com aquele olhar que indicava que eu atrapalhava em algo, mas com um sorriso estranhamente acolhedor no rosto, me deixava ainda mais confuso.

    -Matte... Onde você vai?

    -Ano... Me sentar...

    -Onde?

    -Ah... Não sei!

    -Doushite? Sente-se aqui! -?Confuso, confuso, confuso... O que ele estava fazendo??.

    -Ah... Eu...

    -Ande... Sente-se... Ontem eu disse a você ?até amanhã!?, isso quer dizer que devíamos conversar hoje não é? -Ele ainda sorria, não resisti em sorrir também e me sentei de frente para ele.

    -É, acho que sim... -Ele me encarou. -O que Miyavi fez hoje...

    -Shuu! -Mandou ele me encarando. -Deixa isso pra lá, eu já estou acostumado... Afinal, ele não tem culpa se minha mãe decidiu me chamar de Uke!

    Nós dois rimos.

    -Ela sacaneou você! Devia dar o troco! -O sorriso dele sumiu.

    -Eu não daria mesmo que ela estivesse viva!

    -Ah... Me desculpe, eu...

    -Pare de me pedir desculpas nee! Isso já faz um tempo... Desde que largou o emprego por conta de uma doença...

    -Ela trabalhava de que?

    -Etto... Ela trabalhava em uma casa de família!

    -Hum...

    Conversamos durante mais algum tempo, fiz muitas perguntas e ele e nem mesmo eu entendia o por que de querer saber tanto.

    ?Ele é um cara interessante Takanori! Devia pensar bem nisso... NÃO! DIFINITIVAMENTE NÃO... Devia pensar no que o Kou te disse! O QUE?! CONGITAR A POSSIBILIDADE DE ESTAR QUERENDO ALGO COM ELE? ISSO É IMPOSSIVEL! Será mesmo??

    Nem percebemos a hora passar, estava ficando cada vez mais tarde e nossos assuntos não terminavam. Ele não me perguntava muita coisa, mas às vezes falava como se me conhecesse e aquilo de certa forma me incomodava, me incomodava muito.

    ?Por que eu sinto como se também o conhecesse?Não tem como eu conhecê-lo... Ele é...?

    Meus pensamentos foram cortados pela voz fina da bibliotecária.

    ?Vaca!?

    -Vocês dois, já deu hora, preciso fechar tudo aqui e ir pra casa, não tenho obrigação de ficar aqui por capricho de vocês, tenho coisas pra fazer... Vocês só estão conversando e me fazendo perder meu tempo... -Ela continuou a falar com aquela voz irritante, enquanto Kai e eu saímos apressados pelas portas grandes de madeira.

    Rimos um pouco da situação.

    ?Esse sorriso...?

    -Etto... Preciso ir... -Ele disse de vagar, ajeitando a mochila nas costas. -Até amanhã?

    -Certo! -Eu disse sorrindo, ele me devolveu o sorriso e eu o observei se afastar. Pensei por alguns instantes enquanto ele saia pelo portão, depois peguei meu celular, disquei alguma coisa e esperei que atendessem.

    -Moshi-moshi!

    -Kou... Preciso de um favor seu!


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