Bate-se os papéis na mesa para alinhá-los, a jornalista, Nancy Norman, loira, olhos azuis, típico mulher-modelo de mídia. Âncora do jornal das seis do Canal 5, prestes a entrar no ar. Três... Dois... Um...
- Boa noite. A manchete de hoje: Um novo super-humano aparece na cidade de Rio de Janeiro, auto-proclamando-se "Zex", ele salvou o banco da Gangue da Fumaça com, o que parece ser seu super poder, uma força desumana. Seguem as imagens. - Zex, alto, negro e cabelos escuros e curtos. Usa uma máscara para cobrir seus olhos e esconder sua identidade. Veste apenas uma calça preta e tênis da marca Adidas, dispensando a camisa, deixando a mostra seu corpo magro. Nas imagens, um vídeo feito por um cinegrafista amador, mostra-o carregando sete bandidos em suas mãos e derrotando o líder da gangue com apenas um soco. - Claramente, ele possui boas intenções, mas estes super-humanos têm de entender que este trabalho é da polícia! Eles podem acabar ferindo pessoas inocentes em suas ações desastrosas.
No dia seguinte, durante o amanhecer, sentado ao braço do Cristo Redentor, lá estava Zex, sem sua máscara a revelar olhos castanhos claros. - Yeaaaaaaaaaah!! Que bela estreia, Lucas! "Zex impede um assalto à banco e prende a Gangue Fumaça.", já consigo ver essa manchete! - Seus olhos brilhavam, nunca estivera tão animado com algo, essa era a solução para seus problemas. Super-herói. Retirou do bolso uma fotografia, um casal e uma criança. O pai fardado com a farda do exército, a mãe com uma roupa normal e a criança chorando com um boneco quebrado em mão. - Espero que esteja orgulhoso pai. - Olhou ao céu por uns instantes, guardou a foto, colocou a máscara e ergueu-se. - Hora de ir! Esta cidade precisa de um herói! - Ele pulou do grande monumento, uma das sete maravilhas do mundo, o Cristo Redentor, um dos cartões postais da cidade maravilhosa.
Mais tarde, mais um banco estava sendo roubado. Desta vez por outro vilão... - Axel! Hahahahaha!! Guardem este nome, desgraçados! - No lugar de seu braço esquerdo estava um machado de duas cabeças. Seu corpo é forte, não só vestia os trajes de um lenhador, mas era o próprio. Seu rosto barbado e mal cuidado mostrava que ficou muito tempo fora da sociedade. - Agora, coloquem todo o dinheiro nesta sacola! - jogou uma sacola de lixo para um dos atendentes. - E não me importo que chamem a polícia, eles não podem fazer nada contra mim! Hahahahah!!
- Ei, machadão, não acha que está um pouquinho animado? - Axel virou-se rapidamente para a porta, donde o som viera, mas antes que notasse, já estava com um punho em seu rosto e seu corpo arremessado contra a pilastra.
- Zex!! - exclamou, levantando-se rapidamente. - Sabia que apareceria... Quer pôr um fim a sua curta carreira de vigilante mascarado? - Os dois avançaram, o herói acerta um soco no queixo do vilão e esquiva-se do golpe de machado deste. - Você é bem ágil, heroizinho! Mas aguente essa! - Bateu com o machado de lado, acertando a cabeça de Zex, mas este não se atordoou por muito tempo, segurou o braço de Axel e arremessou-o para fora do banco.
- Disse alguma coisa, vilão?! - Os dois estavam cercados de policiais e suas viaturas. Armas de todos os calibres apontadas para eles.
- Mãos para o alto! Os dois! - esbravejou o policial. - O mascarado virou para os policiais e disse:
- Ei, estou tentando ajudar. - Aproveitando-se da distração, o vilão fez um corte superficial, não profundo por causa dos reflexos aguçados, mas deixará cicatriz. - Droga! - Um contra ataque rápido, soco na barriga e outro na cara, derrubando-o.
- Eu disse mãos ao alto! - O nervosismo do policial era muito, nunca confrontara um super-humano antes. Quando virou para responder ao oficial, este puxou o gatilho. Acertou-o no peito, perto do coração. Recuou alguns passos, posicionou uma das mãos perto do coração, donde o sangue jorrava. Antes de tombar do tiro, outro ferimento. Vindo por trás, Axel arrancou o braço esquerdo de Zex com seu machado.
- Boa noite. Hoje um acontecimento horrível, Zex, o "herói" que ontem prendeu a Gangue Fumaça, durante outro assalto à bando de hoje sofreu graves ferimentos. Além de um tiro perto do coração dado por um dos policias da área, o nosso vigilante mascarado teve seu braço esquerdo decepado pelo super-vilão Axel. É isso o que acontece com pessoas que se dão o direito de fazer o trabalho de nossos policiais. Ser herói não é para todos, que isto sirva de lição para outros super-humanos. - A TV apaga. Um quarto de hospital no centro da cidade, um homem deitado segurando uma fotografia, fitando-a e com um ar triste em seu rosto.
- Deu tudo errado, pai... - Seus pensamentos sobre o falecido pai são interrompidos com um bater na porta. Estranhou. Sua mãe saíra há algum tempo, quem mais o visitaria? - Pode entrar. - Entraram três homens, dois fardados com a farda do exército e o terceiro, que andava sempre á frente, de terno e gravata. - Quem são vocês?
- Vejo que se machucou seriamente, Sr. Zex. - falou o de terno, um homem de estatura mediana, porte forte para alguém de sua idade, aparentava os cinquenta anos com seus cabelos grisalhos.
- Não há mais necessidade de me chamar de Zex, na próxima edição dos telejornais, meu nome se espalhará pela cidade...
- Mas isto não significa um sonho destruído.
- Olhe para isto! - Ergueu o que deveria ser o seu braço esquerdo, mas agora mal chega a ser um antebraço, o corte fora feito perto do ombro. - Como lutarei sem meu braço?!
- Nós éramos amigos de seu pai, Lucas. Posso te chamar assim? - Acenou com a cabeça como que sim. - Ele alguma vez disse em que trabalhava?
- Sabia apenas que era um herói.
- Ele realmente era. Morreu para proteger uma tecnologia somente nossa. - A curiosidade do garoto aguçou-se, estes homens sabiam de algo, talvez, fossem merecedores de confiança.
- Que tecnologia?
- Esta. - Pegou uma maleta preta e abriu-a frente aos olhos do paciente. Olhos que brilharam em uma nova oportunidade.
- Você nunca me disse seu nome. - questionou Zex, antes de fechar qualquer acordo.
- Chame-me de Agente A.
- Você tem um acordo, Agente A.